quinta-feira, dezembro 31, 2009

tudo limpo em 2010!

2009 foi um ano bacana em muitos aspectos _ apesar dos fantasmas da crise financeira _ mas terminou meia-bomba, depois do grande fiasco que foram as negociações de Copenhagen para tentar limpar nosso planeta, ainda que só um pouquinho... 

2010 vai ter eleição, Copa do Mundo, tantos acontecimentos marcantes, no Brasil e por toda parte. Torcemos para que todos se resolvam da melhor maneira, com os melhores vencendo nas ocasiões certas.

Peço, portanto, licença à nossa querida amiga Martinha para repassar o cartão de ano novo que ela nos mandou. São estes também os nossos votos pra tudo e pra todos em 2010, se possível for: tudo limpeza no ano que se inicia!


terça-feira, dezembro 29, 2009

uma alegriazinha











Já estou acostumada com o fato de que meus discos nunca - nunca mesmo - aparecem nas listagens dos melhores do ano, quando chega dezembro. Já vai longe o tempo em que esperei alguma coisa nesse sentido, e me decepcionei ao ver que aparentemente o pessoal no Brasil não tomava muito conhecimento dos meus modestos esforços. Mas futebol é assim mesmo, e acabei esquecendo esse assunto, deixando as premiações e menções honrosas para os que fazem muita questão delas.

De qualquer modo, sempre faz bem ao ego saber que alguém, em alguma parte do mundo, considerou algum trabalho nosso como um dos bons momentos do ano. E assim foi que recebi a notícia, de que, aqui na Alemanha, a revista Jazzthetik incluiu em suas listas dois trabalhos meus entre os melhores de 2009.

As escolhas são feitas por jornalistas e colaboradores. Cada um destes escolheu suas 10 mais, e numa das listas entrou o 'Visions of Dawn' (meu projeto inédito de 1976, com Naná e Maestro, que a Far Out tirou do limbo e lançou como novidade). Em outra lista, aparece o meu trabalho com a WDR Big Band (e mais os arranjadores Peranzzetta, Proveta e Jaquinho), 'Celebrating Jobim'. São menções totalmente espontâneas, sem nenhum tipo de pressão ou interferência, o que me alegrou ainda mais.

Devo confessar que fiquei bem feliz, pois a gente faz música para as pessoas ouçam, se emocionem e se divirtam. Daqui do frio, mando beijos e divido minha alegriazinha com todos os que participaram destes trabalhos comigo, pois ninguém no mundo faz nada sozinho.


sábado, dezembro 26, 2009

um músico brasileiro

Copio aqui o texto emocionado e cheio de indignação de minha parceira Ana Terra sobre o nosso amigo Helvius Vilela, que recentemente teve sérios problemas de saúde e tem precisado recorrer à ajuda de amigos neste momento difícil.

Como sempre digo aqui no blog, é dura a situação do músico brasileiro. Vejam, alguns poucos posts atrás, o caso do queridíssimo Johnny Alf, um dos pais musicais de tantas gerações, que felizmente pôde contar com a ajuda de um fã governador de estado - no caso, José Serra - para garantir que ele fosse tratado adequadamente. Este foi um caso isolado. Nem todos os músicos têm tido a mesma sorte.

É uma profissão tremendamente incerta, principalmente para os idealistas que vivem para honrar seu dom. A música brasileira construiu a identidade cultural deste país, e eis o que o país lhe devolve.

Segue aqui o texto da Ana:

MÚSICOS

Para Helvius Vilela  - Natal de 2009

Não fui agraciada pelos deuses da música com talento para tocar um instrumento. Minha arte se resume a descobrir nas melodias dos parceiros palavras que traduzam o que o músico já disse com suas notas musicais. É exatamente isso, traduzir. Músicos se expressam em outro idioma, que mesmo não sabendo falar, compreendemos com a escuta do coração quando uma música “nos toca”.

Quando entrei na família Caymmi, iniciei minha carreira de letrista. Mas muito mais que isso, aprendi com Dorival e família, respeito e admiração pelos instrumentistas que os acompanhavam e a outros artistas. “Ouça, minha filha, a maravilha que esse menino faz com o piano!”

Hoje é dia de Natal e por estarmos mais sensíveis com o nascimento do menino-deus, verdadeiro ou simbólico, pensamos naqueles que estão ausentes, porque morreram, como Dorival e Stella, ou porque sofrem com doenças ou outros males. Porisso pensei no pianista Helvius Vilela, que doente, não está podendo trabalhar e ganhar seu sustento e de sua família. Pensei nele porque soube disso pela Ana de Hollanda, com quem  tocou  e que revi no lançamento do seu CD em setembro.

Pensei em Helvius porque tenho pensado muito nos músicos “da antiga”, que trabalharam a vida inteira mas não tem quem os mantenha quando a saúde lhes falta. Além da batalha diária para conseguir trabalho com música decente, à altura do talento deles, e não essa porcaria que infesta os meios de comunicação.

Pensei em Helvius, porque há mais de 30 anos venho militando no setor musical, no qual percebo a perversão que aflora nos que sentam a bunda em qualquer instância de poder, sejam entidades de classe ou poder público. É a figura histórica do traidor de classe, o capitão do mato. Essa perversão consiste em desqualificar o músicos: “são bêbados… são drogados… não se organizam… se estão nessa situação a culpa é deles…”

Não, a culpa não é deles. A culpa é de todos nós quando compactuamos com políticas públicas que financiam o empresariado e não o trabalhador. Quando não exigimos um sistema de saúde que atenda a todos e não apenas aos que tem plano de saúde. Quando não exigimos do Estado a obrigação que lhe cabe: responsabilizar-se por todos seus cidadãos, na saúde e na doença, na alegria e na tristeza.

Mas enquanto isso não vem, tratemos de fazer do nosso modo.  Levemos adiante o projeto do baterista Teo Lima, que inspirado na Casa do Artista dos atores, vem batalhando para criarmos a CASA do MÚSICO.

Vamos nos unir para em 2010 concretizarmos essa idéia. Aí sim, teremos um feliz ano novo. “-Ouçam, meus filhos, a maravilha que esse menino faz com o piano!”

25 de dezembro
 
ANA TERRA


sexta-feira, dezembro 25, 2009

White Christmas

Nosso Natal este ano teve árvore de verdade...

Mas também teve um frio danado...

Muita neve...


... muuuuito frrrrio...

(-7º, com real feel de  -17º na nossa chegada!)

Rabanadas! (eu que fiz...)

... e uma linda fadinha distribuindo presentes.

Feliz Natal pra todos! 
(daqui de Colonia)


segunda-feira, dezembro 14, 2009

animais, nossos irmãos

Há 30 anos não como carne. Essa foi uma decisão tomada depois de muitas idas e vindas. Na verdade, eu já desejava ser vegetariana desde a infância, e ingerir a carne de um animal morto sempre me incomodou, por motivos éticos. Que passam pela crueldade do abate, o confinamento, e mais do que tudo, a certeza de que cada diferente espécie é próxima demais da minha, certeza essa que sempre tive internamente, antes mesmo de ouvir falar em Darwin. 

Valores são relativos, claro. Comer cachorro, como fazem alguns povos orientais, parece chocante para nós, aqui no Ocidente. Mas se formos colocar na balança, o que tem o cachorro que o boi não tenha? 

Agora, em pleno summit do meio-ambiente em Copenhagen, fala-se que o gado é hoje o principal fator de emissão de carbono aqui no Brasil. Há o desmatamento, que já faz a floresta virar pasto. E o que não se imaginaria antes, as emissões de gases (sorry...) da crescente população bovina/suína. Sem mencionar as novas doenças ligadas à criação de animais para consumo que volta e meia aparecem no mundo: vaca louca, gripe suína, tudo devido justamente a essa urgência industrial de aumentar o rebanho, e alimentá-lo e estocá-lo em condições inadequadas. Alimentar-se com a carne destes animais também faz mal ao planeta, e isso agora é fato científico reconhecido.

Porém para mim o ponto principal é mesmo o moral: os animais devem ter o mesmo direito à vida e à dignidade que nós, humanos. São espécies mais frágeis que a nossa, e também são, como bem disse recentemente Laerte Levai, professor de bioética da USP, "nossos parceiros de jornada espiritual, que merecem respeito pelo que são, e não pelo que podem servir". Temos, portanto, responsabilidades para com eles.

Não tenho a pretensão de me tornar vegan, inclusive acho o veganismo, como o pregado por Gandhi, radical demais. Mas ser ovolactovegetariana - consumir produtos animais, como leite e ovos, sem consumir os animais em si - é uma opção perfeitamente possível e saudável. Eu estou aqui de prova.

PS- foto da Vicky by Miroca (quem mais?)

PS2- estamos nos preparando para partir para um White Christmas com a familinha da Alemanha. Temperatura em torno de zero grau e alguma neve já no pedaço. Vamos ver se de lá rola algum post... ou não.


sexta-feira, dezembro 11, 2009

meus amigos são um barato

Nestes tempos em que parece que nada mais vai acontecer de novo e que todas as grandes canções já foram feitas no século passado, dá uma alegria enorme quando a gente ouve um CD como "Litoral e Interior" do nosso amigo queridíssimo (e meu parceiro eventual) Sérgio Santos (na foto acima, num momento-litoral em Olinda, com o Tutty. Mas ele é interiorano, mineiro de Varginha). O disco é lindo, cheio de sonoridades belíssimas, músicos de exceção e, mais do que tudo, grandes canções.

O formato "canção" não acabou ainda, como pregam alguns - eu mesma cheguei a fazer esta previsão em entrevistas, anos atrás. Mas estava enganada. Canções como "Lá Vem Chuva" ou 'Ventando na Areia', do CD novo do Sérgio, dão nova dimensão ao gênero. Ele brinca com os tempos, compassos quebrados, harmonias tortas, de uma forma tão natural que a gente nem nota. Isso é saber compor, isso é ter o dom. É composição na veia.

Há poucos grandes compositores em atividade no momento na música brasileira, e Sérgio Santos é um deles. Muitos dos que construíram o grande cancioneiro do Brasil parece que andam cansados, sem coragem, desanimados, sem tesão em compor - ou simplesmente 'perderam a mão'. "Litoral e Interior" é um disco de inéditas. Viva! Lembra um pouco (sem se parecer em nada) o "Urubu", do Tom, aquele que abria com ele e Miúcha cantando 'O Boto', e desaguava nas grandes veredas orquestrais de 'Saudades do Brasil'. O disco do Sérgio também tem essa mistureba cancionista/instrumental/orquestral, com André Mehmari no papel de Claus Ogerman, e Dori Caymmi as himself. Pura e grande música.

O que me remete à minha também parceira Léa Freire. 


Ela também tem um recente CD belíssimo, "Cartas Brasileiras" (menos recente que o do Sérgio, mas pouquíssimo divulgado), cheio de composições maravilhosas, arranjos sensacionais, grandes instrumentistas, pois é de instrumental que estamos falando. Léa é grande compositora, ou compositor, sem gênero, músico dos maiores que o Brasil já viu nos últimos tempos. Alguém aí, que não seja do ramo ou de São Paulo, conhece a moça?

Generosa com os amigos, ela tem produzido em seu selo Maritaca a fina flor dos instrumentistas de Sampa. Às vezes esquece de si mesma e batalha pela criação alheia como se fosse sua. Graças a seu esforço, tivemos registro recente da obra de Mozar Terra, Filó Machado, Nailor Proveta e tantos mais. Mas antes de tudo, Léa é ela. O grande compositor, o grande músico - por um acaso genético, mulher.

Quem ama a música não deve perder estes dois discos. Corram atrás, procurem, implorem, encontrem, pois não se acha isso todos os dias. A música brasileira está viva e ainda lá. Salve!

PS- Peguei emprestado para este post o título de um belo disco de Nara Leão, de milênios atrás.

PS 2- o CD do Sérgio tem ainda as magníficas fotos de Myriam Villas-Boas, nossa Miroca, com seu olho mágico. 

PS 3- uma coisa legal que estou descobrindo pelos comentários é que tem mais gente que já conhece e aprecia essa grande música do que eu imaginava, principalmente no caso da Léa. Mas na verdade, pensando bem, da turma aqui do blog eu não esperava menos!


quarta-feira, dezembro 09, 2009

para o pessoal de SP

Acabo de ver este post no blog do Antonio Carlos Miguel, no site do jornal O Globo (puxa vida, post, blog e site numa frase só, quem diria!). Pelo que entendi do texto abaixo (qualquer tipo de sangue serve), ele deve estar precisando receber plaquetas. Quem estiver em SP e puder ajudar, ou mesmo divulgar, será mais do que bem vindo!

E que Deus e as forças da música abençoem nosso amado Johnny!

Johnny Alf,  grande compositor, pianista, cantor, um dos precursores da bossa nova, precisa de ajuda. Quem puder fazer algo por "Genialf" (como Tom Jobim chamava-o), abaixo as infos passadas por seu empresário, Nelson Valencia

Oi Pessoal! 

O Johnny entrou em uma fase mais agressiva do tratamento, está fazendo quimioterapia, em função disso, acontece uma baixa de imunidade, por isso tem precisado receber transfusão de sangue. 
O Banco de Sangue do Hospital Mário Covas, está pedindo doadores. Quem puder ou conhecer quem possa, por favor, peço essa ajuda. 
Apesar da agressividade do tratamento, no geral, ele está reagindo bem. 
Ontem ele me pediu para levar as partituras, pois quer montar o roteiro para um novo show, pesquisando músicas que não toca há muito tempo. Esse é o melhor sinal, é o milagre da música. Assim seja! 

Hospital Mário Covas - Fone 2829-5000 
Banco de Sangue - procurar a Catarina 
Doar para Alfredo José da Silva 

De 2a. a sábado das 8 às 13h00 
Idade de 18 a 65 anos, com mais de 50 Kg 
Pode tomar o café da manhã 
Qualquer tipo de sangue. 
O Hospital fornece atestado para quem precisar. 

O Hospital Estadual Mário Covas está localizado na Rua Henrique Calderazzo, 321, Bairro Paraíso, em Santo André, próximo ao Shopping ABC e ao Hospital Brasil. 

No endereço abaixo tem um mapa com a localização: 
www.hospitalmariocovas.org.br/internas.aspx

Abraços, 
Nelson 


sábado, dezembro 05, 2009

porque hoje é sábado...

... e dando os trâmites por findos, há a perspectiva de domingo, hoje é dia de post. Nada de trabalho, porém. Só brincadeiras. Dia de ficar quietinhos em casa, que a rua anda cheia de gente, carros, flamenguistas, gremistas, turistas. Eu torço pelo Fluminense e já moro no Rio desde que nasci. Posso sobreviver ao Maracanã lotado amanhã e à inauguração da árvore de Natal da Lagoa, aqui pertinho de casa, sem sair do meu canto e sem passar pelo trânsito infernal que já se anuncia. Já organizei as provisões, os DVDs para assistir, tudo o de que se necessita para uma hora dessas. Daqui não saio, daqui ninguém me tira.

Nos últimos dias andamos já com a cabeça no futuro próximo - ano praticamente vencido, 2010 ali na esquina acenando com viagens e trabalhos que não imaginaríamos há um mês atrás. É sempre assim. Parece que não vai acontecer nada, e de repente é tudo ao mesmo tempo agora. Por isso mesmo, quanto mais quietos em casa, no momento, melhor. 

O primeiro semestre de 2010 parece que vai ser uma loucura, tudo ao contrário do que eu estava planejando (ficar mais um pouco por aqui, voar menos, etc). Na verdade eu adoro viajar já tendo chegado nos lugares. O processo de ida é que me esgota. As horas de voo, o perrengue de passar por imigrações e alfândegas, sempre desgastante e cada vez pior desde o 11 de setembro. Mas não tem jeito, o mundo chama e a gente tem de ir, pela sobrevivência nossa e da música em si. Ficar só no Brasil, infelizmente, não paga nossas contas. Não há patriotismo que aguente, nem autoestima. Perdoem o personalismo, mas é a realidade de um músico brasileiro. Eu e tantos, sempre com um pé na estrada.

E assim foi que nos pegamos ontem à noite, mapa-mundi estendido à nossa frente, tentando calcular as melhores rotas para fazer a ligação entre uma turnê e outra. Fora a possibilidade de não estarmos presentes para votar no segundo turno das eleições presidenciais, caso haja, o que muito me incomoda. Cresci e me tornei adulta sob uma ditadura, e valorizo muito este momento.

Mas agora tudo o que eu quero é sossego. Aqui na esquina tem o melhor sorvete da cidade. E sorvete é tudo de bom!