quarta-feira, fevereiro 24, 2010

workshops

A música brasileira sempre foi fator de interesse mundial. Como bem disse outro dia em artigo no Globo o cineasta e homem de teatro Domingos de Oliveira, nenhuma outra forma de arte no Brasil foi tão longe. Por isso mesmo recebo tantos convites para workshops (em português, oficinas; em francês, atelier) sobre a minha música e a música brasileira em geral. Geralmente prefiro esta última opção, se bem que ao fim e ao cabo o pessoal sempre quer saber sobre a minha música mesmo, já que a brasileira em geral eles quase sempre conhecem. E assim sendo, já dei workshops na Itália, Dinamarca, Estados Unidos, Japão, África do Sul... e a lista não pára de crescer.

Esta foto foi feita ontem, num workshop que fiz com músicos franceses em visita ao Rio, organizado por um velho amigo, hoje residente na França, o maestro carioca Edu Lopes. Ele aparece ao fundo, ao meu lado. Foi uma tarde divertida e (espero) instrutiva. À esquerda, bem na frente, Cyntia, comentarista ativa aqui do blog, que apareceu por lá também. 

E na posição de goleiro, em primeiro plano, a surpreendente cantora, compositora e violonista Vérioca (o nome é uma cruza do nome real dela, Véronique, com... carioca!). Ela conhece e toca todo o meu repertório, de cabo a rabo, mesmo as músicas de execução mais difícil ou de afinações diferentes. Eu vinha dizendo aos amigos que adoraria que aqui no Brasil alguém se interessasse em dar continuidade e a preservar o trabalho que tenho feito estes anos todos. Como já havia visto com Manu (Emmanuela, cantora e violonista italiana) e agora com Vérioca, tem mulheres fazendo isso pelo mundo. Não é coincidência que sejam mulheres - o que muito me orgulha.


terça-feira, fevereiro 16, 2010

terça de carnaval

Hoje ganhamos mais um neto, por isso estamos celebrando aqui na intimidade este maravilhoso acontecimento. É o Viggo, brasileirinho-sueco nascido na Alemanha, 51 cm e 3,660 kg, aquariano como eu e minha mãe, tão recém-chegado que ainda não tem nenhuma foto - mas a quem já vimos quase em seguida ao evento do parto, graças ao bendito skype. Adoro tecnologia nessas horas. 

A mãe dele, que já tivera um parto normal há 3 anos, mais uma vez foi feliz e conseguiu que ele nascesse em casa, tranquilamente. Algumas coisas boas da tecnologia hão de ficar, mas tem outras que definitivamente irão embora com o falecido século XX. Partos em hospital e cesarianas desnecessárias certamente serão algumas destas.

PS- Gostei de carnaval até meus 18 anos de idade. Hoje sou observadora de pássaros. Fotografar pássaros é dificílimo, eles são rápidos e saem de enquadramento ao mais mínimo movimento do fotógrafo. O tucano aí das fotos é nosso velho conhecido, mas só agora consegui flagrá-lo um pouquinho no mesmo lugar. Lindo, cheio de dignidade, um rei.
 


sexta-feira, fevereiro 12, 2010

enquanto isso, no hemisfério norte...

Enquanto aqui no Rio as temperaturas oscilam entre 48º na praia e mais de 56º nas celas superlotadas da carceragem da Polinter (está hoje nos jornais), nossos amigos do outro lado do Atlântico enfrentam nevascas inéditas, mesmo para os países deles. Até a calorenta Roma anda assim, como mostra esta foto tirada ontem no Vaticano...

Vejam acima o Coliseu, ao fundo, debaixo de neve. Da Costa Leste americana, por outro lado, não se esperava menos. Muita, muita neve, com cara de cenário do 'Dia Depois de Amanhã'. É o que lá está sendo chamado de 'Snowmageddon', o Armageddon (fim dos tempos) da neve. Na foto abaixo o pobre porteiro em Manhattan, tentando limpar a entrada do seu prédio.

Diante disso tudo, não dá para entender com ainda existem os céticos da mudança climática. Estão esperando que aconteça mais o quê??? O acordo de Copenhagen foi um fracasso, milhões de euros jogados fora. O querido Obama, por quem tanto torcemos, não consegue levar adiante suas boas intenções. China e Índia não abrem mão do chamado 'progresso'. Nosso Brasil joga para a arquibancada, mas terá de cumprir nem que seja em parte tudo a que se propôs. Começando por diminuir drasticamente o desmatamento.

Quando eu era novinha esperávamos o verão com ansiedade, conforme está contado na letra do 'Tardes Cariocas'. O verão era um tempo sensual e gostoso, bom para a preguiça e os amores. Hoje sair de casa tornou-se tarefa hercúlea. O Rio ficou reduzido a duas estações, verão e inferno. Aquela brisa que vinha do mar praticamente sumiu, e olhando as montanhas crivadas de favelas dá para entender por que. A ocupação irregular das encostas, estimulada criminosamente por políticos em busca de votos, resultou num desmatamento nunca antes visto por aqui. E a construção - tão criminosa quanto, voltada unicamente para o lucro - de condomínios de concreto, em altura incompatível com o que era até então o gabarito dos bairros à beira-mar, ajudou a bloquear a passagem da brisa marinha que refrescava a cidade. Isso não é de  hoje, apenas estamos começando a pagar a conta.

("minha janela não passa de um quadrado/ a gente só vê Sérgio Dourado/ onde antes se via o Redentor", cantava o Tom, ainda em 1978. Sérgio Dourado, pioneiro nesse tipo de construção que tanto ajudou a enfeiar o Rio, conseguiu ter seu nome substituído por 'cimento armado' na gravação da música...)

Estes esquimós da foto somos nós, logo ali em dezembro/2009, pegando uma ainda suportável temperatura de -17º na Alemanha. Que iria baixar sensivelmente nos dias seguintes, a ponto de um cidadão em Dusseldorf dar queixa na polícia do roubo do seu carro _ que estava na verdade coberto pela neve.

Tanta coisa a fazer no nosso tempo, a Terra tem pressa. Um mais um é sempre mais que dois. Nossa casa planetária precisa que paremos com os maus tratos. Se essa acabar, não teremos outra.



terça-feira, fevereiro 09, 2010

tardes cariocas III

Mais fotos do luau no Posto Nove, desta vez mandadas por Ricardo Bravo, cineasta e irmão da nossa amiga Lizzie. Este evento repercutiu, até pela maravilha de cenário, deu meia página no Globo de ontem e muita gente mandou fotos e comentários. Eita!


Na foto acima, dois amigos queridos na platéia: meu parceiro Mauricio Maestro e Marcelo Costa (o querido Gordon, que tocou comigo quando tinha 16 anos e hoje é batera nas bandas de Caetano e Lulu Santos). Ali ao fundo, dá pra ver Solange Kafuri, produtora de 10 entre 10 eventos da bossa nova. E falando em bossa nova, Ruy Castro e Heloísa Seixas estavam diagonalmente bem atrás do Mauricio e do Gordon, embora não apareçam na foto.

Os irmãos Ricardo e Lizzie, com o povo ao fundo, ainda com a iluminação da tarde. Eu não falei que a galera da praia dos anos 70 estava toda lá?


domingo, fevereiro 07, 2010

tardes cariocas II

Deveria começar lá pelas seis da tarde, mas o sol ainda estava forte, muito calor, e resolvemos esperar um pouquinho antes de iniciar os trabalhos. Mas as pessoas foram alugando suas cadeirinhas de praia, marcando lugar, e quando finalmente o show teve início, já havia um monte de gente na "platéia". 

As garotas de Ipanema dos anos 70 compareceram em peso, e muitos amigos daquela mesma praia - inclusive alguns que eu não via há anos - apareceram por lá. Gente dos tempos de colégio, da faculdade, do começo na música. Lembranças do tempo em que ali era nossa casa, e passávamos as tardes a mate e biscoito Globo, falando sobre os sons e os sonhos, esperando o momento em que nos tornaríamos famosos. O que não teria a menor importância no futuro, mas isso a vida foi ensinando aos pouquinhos.

Show de sandálias, para inveja dos não-cariocas... (sorry, Serjão!) Não dava pra ser de outro jeito... Voltei pra casa com os pés cheios de areia e a roupa molhada e salgada dos abraços das pessoas. Luau é assim mesmo: vestidinho, havaianas e água de coco.

Depois ficou assim. O show acabou bem naquela que é a chamada 'magic hour' dos fotógrafos. Revi muitos velhos amigos, conversei com pessoas de mil lugares diferentes que estavam, sem exceção, enlouquecidas pela magia da cidade e seus prazeres mais simples, como ouvir música à beira-mar - e de graça. Fiquei orgulhosa por ter podido oferecer minha parte, carioca da gema que sou.

E terminamos cantando juntos 'Cidade Maravilhosa', com o povo aplaudindo o pôr-do-sol, como se fazia na minha adolescência, nesta minha amada e gloriosa cidade. 

PS- fotos de Irinéia Ribeiro e Tutty Moreno.


terça-feira, fevereiro 02, 2010

tardes cariocas