terça-feira, abril 16, 2013

Mini-reflexão pós feminista

Pequena reflexão num dia off, sobre um artigo postado por uma amiga querida:

 O papel da mulher na sociedade ainda é confuso. O lance é que somos sempre cobradas, seja qual for nossa escolha: só carreira, ou só filhos, ou tentar equilibrar as duas coisas (e como em todo equilibrismo, às vezes uma xícara cai...). Outro dia, numa entrevista que eu dava para um amigo, devolvi a pergunta dele: e você, como concilia carreira e paternidade? Deu branco... Por que esta pergunta só é feita às mulheres? Cada uma que escolha como prefere viver. Sem cobranças.


quarta-feira, abril 10, 2013

Fui!!!



segunda-feira, abril 01, 2013

é dura a vida da bailarina

Por uma coincidência da vida, estamos seguindo para a Europa mais ou menos na mesma época em que fomos nos anos de 2009 e 2011 (aqui, estamos na porta do Ronnie Scott's, em Londres. Não reparem na data da foto, está errada). Esse tipo de turnê, temos feito mais ou menos a cada dois anos: uma turnê mais extensa, onde visitamos de dez a quinze países diferentes, mudando de cidade praticamente todos os dias - em teatros, festivais, clubes de jazz, com plateias de tamanhos variados. É diferente do que fiz em Praga no ano passado, por exemplo: viajar com certa antecedência, fazer um ou dois concertos num teatro de grande porte e retornar in style. Numa tour tipo essa que iremos fazer agora, o glamour inexiste: é pau, é pedra, é trabalho de operários da música mesmo. E eu adoro!

Esse tipo de trabalho é comum na cena do jazz mundial, que é a que nos abriga. Por isso estamos sempre esbarrando em amigos na estrada que também vivem essa mesma realidade, como os queridos Joe Lovano, Kenny Werner e tantos outros. Alguns (poucos e corajosos) brasileiros também encaram a estrada dessa mesma forma - Marcos Valle, por exemplo. Outros já não encaram mais, e se dizem cansados dessa pauleira. Eu fico fisicamente cansada também, mas confesso que não estou preparada pra desistir. Diante da mesmice do Brasil, onde tudo é tão difícil e se precisa implorar patrocínio para as coisas mais simples, penso que se eu parar de viajar, minha música para também. Então vou indo...

Vejam bem, falo aqui da MCB, a música criativa brasileira (conceito que inventei de brincadeira, e o Menescal adorou). Pra quem faz da música um comércio, e não o ar que respira e o pão que come,  tudo fica mais fácil. Às vezes tenho de explicar: não faço música porque quero fazer. Não escolhi a música, a música me escolheu e eu estou no mundo para servir a esta escolha. tenho plena consciência disso.

Viver desta cena do jazz demanda coragem. A visibilidade é menor, o dinheiro também (principalmente quando se quer manter a identidade brasileira da música. E aliás, raramente aparecem brasileiros na plateia...). Em compensação, a liberdade é infinita, e é essa liberdade que me move. Do contrário eu estaria presa a uma vida que não me interessa, fazendo, ou tentando fazer, uma 'Clareana' por ano, correndo desesperadamente atrás do sucesso, obedecendo às tendências do momento. Não sou, jamais quis ser, uma 'canária', uma 'cantora': minha voz é um instrumento que serve ao meu pensamento musical. E é a esse que obedeço.

Parabéns a quem faz música comercial porque gosta. Que felicidade, e que vida simples deve ser... Eu só sou feliz quando faço a música que me move, aquela que vai um pouquinho além de mim e me empurra para diante. Aquela que a maioria do público no Brasil, mesmo quem gosta de mim, desconhece. Como um dia disse Antonio Maria, a propósito de uma crônica: "sinto muito, mas pior que isso eu não sei fazer". Por isso vou em frente, em busca de um lugar onde o inesperado na música seja sempre bem vindo. Por isso estarei na estrada mais uma vez, semana que vem.