domingo, julho 15, 2012

São Pixinguinha

Tivemos esta foto, em formato de poster, na parede de nossa casa no Recreio, nos anos 1980. A casa tinha dois andares, e ao subir a escada que dava para os quartos, a primeira coisa que se via era a imagem de Pixinguinha e os Batutas, abençoando a nós e às nossas crianças.

A formação deste grupo, que nasceu em 1919 e viajou gloriosamente em turnê para Paris em 1922, sob os auspícios generosos de um Guinle, fez com que Pixinguinha recebesse duras críticas ao seu trabalho: seria ele um jazzista, americanizado, ou coisa pior. Onde já se viu tocar sambas e maxixes usando saxofone, bateria e outros instrumentos de origem suspeita? Críticas que, décadas depois, se repetiriam com a nascente bossa-nova, e, especialmente, com Tom Jobim. Chegou-se a acusá-lo de propositadamente usar um apelido americano - sem saber que Tom-Tom era como a irmãzinha menor, hoje a grande escritora Helena Jobim, chamava o irmão mais velho Antonio Carlos, cujo nome ela não conseguia pronunciar.

A música brasileira já nasceu assim, mestiça, misturada de influências. "As raízes", dizia o sábio Tom, "estão no Jardim Botânico". Mesmo assim, os implicantes não deram trégua a nenhum destes geniais pais da nossa música. É o pecado mortal do sucesso.

Essas divagações me vieram à mente, assim entrelaçadas e meio confusas, pela gravação que fizemos, eu e Alfredo Del Penho, para mais um episódio dos "Pequenos Notáveis", desta vez com Pixinguinha como tema. As emoções trazidas por esta grande música, dele e de outros bambas fundamentais como Caymmi e Gonzagão, não têm preço. Como é bom ter nascido no Brasil e fazer parte deste legado!


3 Comments:

At 4:24 AM, Blogger pituco said...

joyce,

o choro é carioca...o samba e a bossa...mas, vocês, hein?...que coisa...rs

abrsonoros e saudosos
ps. a galera do facebook tá curtindo pacas o vídeo do 'monsieur binot'...tá lindão mesmo...me arrepio...(o marcel postou e todo mundo compartilhando...bacanudo, né?!)

 
At 10:50 AM, Blogger joyce said...

Qual video do Monsieur Binot? Não tenho facebook, sorry... Fico por fora dessas conversas.

E estaremos em Tóquio em agosto! Esperamos você lá!

 
At 11:31 AM, Blogger Luiz Antonio said...

Fazer diferente assusta. Fazer diferente e inovar provoca. É propor um novo modo de visão para quem é míope ou cego. E isso mexe com estruturas para aqueles que ainda acreditam que estruturas terrenas são as estáveis. "se tudo caiu, que tudo caia, pois tudo raia" Amor e criação são estruturas divinas , essas sim são eternas porque são livres.
Mas o "medo de ser feliz e pirar" paraliza as mentes....
Então preferem inovar de brincadeira, inventar de brinacdeira _dentro de seu controle _ dai...F....

Pena que para fazer o mal o mundo sempre acha que é convincente, que é uma inovação , elogiam a inteligência do homem...

Isso que reportas acontece em todos setores quando alguem quer mostrar a capacidade infinita do ser humano e ao mesmo tempo a sua extrema simplicidade de simplesmente ser .

Hoje tô filosófico. Tô MonsierBinotando....

 

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