sexta-feira, novembro 12, 2010

vai para o trono ou não vai?


Nenhum de nós foi. Não foi desta vez. O que de certa forma já era meio esperado, apesar da alegria de estarmos todos juntos concorrendo ao Grammy Latino. Na minha categoria (Best Brazilian CD) ganhou um contumaz colecionador de grammies, Gilberto Gil, que ainda faturou o de música regional com seu outro CD, de músicas juninas. E na categoria 'melhor canção brasileira', em que Sérgio Santos, Edu Lobo, Dori Caymmi e 'seus' (nosso) parceiro Paulo César Pinheiro concorriam, ganhou Adriana Calcanhoto (embora a imprensa diga que ganhou a intérprete da canção vencedora, Maria Bethania: às vezes, quase sempre, o autor aparece muito pouco).

Mas João Donato ganhou dois prêmios!!! um especial dado pela Academia pelo conjunto da obra, e o de melhor CD de jazz, por seu 'Sambolero'. Ele merece! E o trono é dele.

PS- o querido Sérgio Santos acaba de me mandar um excelente e didático comentário sobre sua experiência em Las Vegas, que não resisto e publico aqui:

Joyce querida. Exceto o Donato, das minhas indicações favoritas ninguém ganhou. O primeiro fato é que, de verdade, sabendo o processo de seleção e a quantidade de inscrições (mais de 6000), estar ali já é resultado de uma peneira absurda, que passa tanto por uma comissão de seleção quanto pelo voto de todos os membros. É muito duro chegar aos 5 indicados. Ganhar, é o imponderável. O segundo fato: o Brasil se lixa pro Grammy. Exceto Donato, que já estava lá por ser homenageado e venceu na categoria que concorreu, nenhum dos brasileiros vencedores esteve lá pra receber os seus troféus. Foi embaraçoso. Terceiro fato, que influencia o segundo: o Grammy se lixa pro Brasil. Não houve nenhum artista brasileiro se apresentando no show televisivo. E houve coisas, convenhamos, pavorosas musicalmente falando, você não tem idéia. E você sabe que tivemos um time de indicados de respeito esse ano!! O nosso universo musical é outro, nossos parâmetros são outros, nossa cultura é outra, nossa língua é outra. Por isso somos uma categoria separada. E se não se pensar em nada pra mudar esse muxoxo mútuo, vamos ficar no nosso canto, nos lixando pro Grammy e o Grammy pra nós. O que é uma pena, porque é algo que projeta, é um evento organizado e realizado com seriedade. Precisamos é namorar mais com eles, deixar de esnobá-los e eles se deixarem paquerar e seduzir. Temos que fazer mais parte do mundo latino. Diferentes, mas atuantes. Foi legal ter ido lá e visto tudo isso. A experiência já valeu o prêmio. Beijo grande.

8 Comments:

At 2:03 AM, Blogger pituco said...

joyce,

zannen deshitá...de qualquer maneira, as indicações revelaram que a 'verdadeira música brasileira' não está no ostracismo...e a galera 'de feras' continua a produzir...parabéns

opinião de ouvinte comum...a música do sérgio santos merecia...cheguei a ouvir 'an passant' a vencedora, ontem, e nem recordo-me, agora, do que se trata...enfim, relato bem pessoal.

abraçsons
e segue a barca...

 
At 5:16 PM, Anonymous Sérgio Santos said...

Joyce querida. Exceto o Donato, das minhas indicações favoritas ninguém ganhou. O primeiro fato é que, de verdade, sabendo o processo de seleção e a quantidade de inscrições (mais de 6000), estar ali já é resultado de uma peneira absurda, que passa tanto por uma comissão de seleção quanto pelo voto de todos os membros. É muito duro chegar aos 5 indicados. Ganhar, é o imponderável. O segundo fato: o Brasil se lixa pro Grammy. Exceto Donato, que já estava lá por ser homenageado e venceu na categoria que concorreu, nenhum dos brasileiros vencedores esteve lá pra receber os seus troféus. Foi embaraçoso. Terceiro fato, que influencia o segundo: o Grammy se lixa pro Brasil. Não houve nenhum artista brasileiro se apresentando no show televisivo. E houve coisas, convenhamos, pavorosas musicalmente falando, você não tem idéia. E você sabe que tivemos um time de indicados de respeito esse ano!! O nosso universo musical é outro, nossos parâmetros são outros, nossa cultura é outra, nossa língua é outra. Por isso somos uma categoria separada. E se não se pensar em nada pra mudar esse muxoxo mútuo, vamos ficar no nosso canto, nos lixando pro Grammy e o Grammy pra nós. O que é uma pena, porque é algo que projeta, é um evento organizado e realizado com seriedade. Precisamos é namorar mais com eles, deixar de esnobá-los e eles se deixarem paquerar e seduzir. Temos que fazer mais parte do mundo latino. Diferentes, mas atuantes. Foi legal ter ido lá e visto tudo isso. A experiência já valeu o prêmio. Beijo grande.

 
At 7:49 PM, Blogger Bernardo Barroso Neto said...

Parabéns para vocês pela indicação e especialmente parabéns ao Donato, prêmios mais que merecidos.

 
At 9:36 PM, Blogger joyce said...

Falou e disse, Serjão! Concordo em tudo com você. Este ano, se eu pudesse, até teria ido, mas estou em ritmo frenético de trabalho, e não deu. Mas me senti honrada com a indicação, sim. Ainda mais em tão boa companhia...

 
At 12:52 AM, Anonymous Sergio Santos said...

Joyce querida, só continuando um pouquinho o meu raciocínio, dois exemplos do que estou falando. Plácido Domingo, homenageado como Person Of The Year, em seu discurso de agradecimento ao se referir às maravilhas do mundo latino, destacou a alegria, a força, a beleza e a coesão cultural dos países da América colonizados pela Espanha, se esquecendo que o maior país da América do Sul não tem nenhuma herança colonial hispânica. Para ele nós não pertencemos à comunidade latino americana. Outra coisa curiosa foi perceber que artistas brasileiros de enorme penetração popular aqui, como Cláudia Leite, Chitãozinho e Xororó, monumentais ídolos populares, ali são absolutamente desconhecidos. Presenciei cenas que os envolvem que deixaram isso escancarado. Decididamente aquele não é o nosso universo, e temos que nos preocupar um pouco com isso. Nem é por causa do Grammy, mas principalmente porque, afinal, somos latinos também.

 
At 5:10 PM, Blogger Zarastro said...

Não acho que seja importante assim ganhar, não. Até porque não entendo a segregação: por que um "Grammy" e um "Grammy Latino"? A quem interessa essa segregação? Isso é coisa de quem gosta de reproduzir segregações em todas as esferas da vida. Ou, como disse uma vez Henfil sobre a tensão entre brancos e pretos nos EUA: "Nos deram o porão, então o porão é nosso!"

Que tal discutir como achar colocação para as centenas de músicos brasileiros que se formam todos os anos ao invés de discutir se é bom ou Grammy Latino ou não?

Que tal discutirmos por que as rádios não privilegiam os novos (e nem tão novos) talentos? Por que aqui em São Paulo eu NUNCA OUVI FALAR DO SÉRGIO SANTOS?

 
At 11:33 AM, Anonymous Anônimo said...

sobre a foto do post: ir para o trono é uma fria ou os entronados são uma gelada?

 
At 3:33 PM, Anonymous Anônimo said...

Joyce,

Tens absoluta razão e confesso que também sofro e vejo colegas compositores sofrendo no ramo de música incidental (trilhas sonoras originais, solapados pelo Creative Commons e mecanismos semelhantes que disponibilizam "trilhas brancas" meio padronizadas, reduzindo a expressão de novos compositores, novos temas, soluções etc. A questão não é o americanismo ou qualquer outor ismo do creative commons, e sim esse socialismo capitalista enrustido. Beijos,
Bruno (www.myspace.com/brunoelisabetsky)

 

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