são tantas emoções
Foi um dos shows mais emocionantes que já fiz na vida. Ainda mais quando me deparei com Jeanne (ex-mulher e musa do Sidney, a cujo casamento assisti, lá no passado remoto dos meus então 19 anos...) sentada na primeira fila, com os filhos, a neta mais velha, e, pelo que vi mais tarde, a mãe idosa dele, levada pelo o irmão mais novo. Quase engasguei de emoção, mas consegui me segurar, felizmente, ou teria estragado um show tão lindo. O IMS lotado há vários dias, as pessoas chorando emocionadas pela força daquele repertório e pela certeza de que ele ainda teria feito muito mais - como disse depois pra mim a grande Soraya Ravenle, "o que esse homem estaria fazendo agora?" É o que me pergunto também em relação a Elis, Tenório Jr., Cacaso e outros geniais amigos e contemporâneos meus que partiram cedo demais.
Um artista atinge sua maturidade completa a partir de uma certa vivência, depois de certa quilometragem. Nem todo mundo é Rimbaud, mas mesmo ele certamente teria se tornado um poeta ainda maior, caso não houvesse desistido 'dessa bobagem de poesia' no meio do caminho. Até Elis, que parece ter nascido pronta, certamente ainda estaria dando infinitas alegrias ao Brasil e ao mundo, que ela não chegou a conquistar como merecia - ela que foi, e continua sendo, a maior de todas as cantoras brasileiras de todos os tempos (eu ia dizer 'a maior de todas nós', mas depois me lembrei de que não sou cantora, sou uma compositora que canta, portanto me incluo fora dessa lista. E, no meu caso pessoal, tenho a convicção de que meus trabalhos foram 'amadurecendo' a partir de um certo momento da vida...)
Ao final do show, no momento do bis, que seria livre e onde caberia qualquer coisa que quiséssemos, até mesmo do meu próprio repertório, optei por fazermos uma espécie de 'baile do Sidney' - não no sentido dançante da coisa, mas no sentido da falta de ensaio mesmo, da improvisação. E foi assim que Alfredo e eu cantamos mais 5 músicas que não estavam no programa, a maioria do repertório póstumo, que foi descoberto e/ou gravado depois de sua partida. E assim foi que cantamos, pela ordem: 'Me Dá Um Dó', 'O Navegante', 'Nós, os Foliões', 'Pois É, Pra Quê', e finalmente, para encerrar com alegria e leveza, 'É Isso Aí'.
No mais, depois de uma noite de tantas emoções e alegrias, resta apenas lamentar que parte da imprensa que cobriu nosso evento se preocupe mais em esmiuçar a causa mortis do Sidney do que em falar na grandeza de sua obra.
E na foto acima, pós-show, estou ladeada pelos queridos Pedro Paulo Malta, Soraya Ravenle, Pedrinho Miranda, e, bem à minha esquerda, Alfredo Del Penho, que foi um maravilhoso parceiro nesta aventura milleriana.
9 Comments:
Só talento , só alegria . E viva a boa musica ! Beijo Joyce
Como gostaria de ter visto esse show. Sidney Miller e Sérgio Sampaio foram dois grandes artistas que eu só descobri depois que se foram. Ambos geniais, cada um a seu modo.
joyce,
e todos lá...parabéns
já sabia do sucesso...lá pelo fb, onde também postei a notícia, embora não gostes desses sites e coisa e tal...enfim...a galera que foi só teceu elogios e se emocinou bastante...parece que foi gravado e será transmitido pela rádio do instituto...aguardo ancioso...
abrsonoros e segue o som...
falando em maturidade e vivência, penso em duas cantoras, bethania e elis.
bethania que disse sobre suas primeiras gravações, ser um diamante bruto, e que chegou onde está agora, absoluta concisão.
elis que mesmo nascendo pronta chegou no último disco ao equilíbrio perfeito entre técnica e emoção. fico pensando onde ela teria ido musicalmente depois disto.
também penso onde ela estaria hoje, desiludida com os rumos que a indústria do disco no brasil tomou, ou lutando combativa como sempre pelo ofício de cantar sem ter que fazer concessões.
na última entrevista que deu para a tv disse algo mais ou menos assim: as gravadoras acham que o disco é só um pedaço de plástico com um buraco no meio, mas se não fossem os cantores eles não teriam nada pra vender.
voltando ao sidney, só lamento que este show não vá viajar, pois adoraria assisti-lo.
beijos
Caramba!
oi joyce,
ouço agora, madrugada adentro, esse show celebração...na rádio batuta, do ims...piramidal...
segue o link...
http://ims.uol.com.br/R%C3%A1dio-Batuta-Especiais-R%C3%A1dio-Batuta/D972
abrçsonoros e parabéns
Que emoção!! Este show foi um presente para todos nós! Para mim, foi a homenagem mais linda que já fizeram ao Sidney. Sua leitura e interpretação da obra do Sidney foi sensível, inteligente e muito amorosa. Na sua voz, a história de uma breve e intensa vida e de uma geração impressionantemente criativa. Você pode imaginar a minha emoção ao escutar aquelas músicas junto com meus filhos e neta! Um privilégio inesquecível!!
Valia um registro, não?
Beijos e muito carinho,
Jeanne
Que emoção!! Este show foi um presente para todos nós! Para mim, foi a homenagem mais linda que já fizeram ao Sidney. Sua leitura e interpretação da obra do Sidney foi sensível, inteligente e muito amorosa. Na sua voz, a história de uma breve e intensa vida e de uma geração impressionantemente criativa. Você pode imaginar a minha emoção ao escutar aquelas músicas junto com meus filhos e neta! Um privilégio inesquecível!!
Valia um registro, não?
Beijos e muito carinho,
Jeanne
Jeanne (e não Jane, como eu escrevi) você não sabe como me alegra ouvir isso de você! O registro não depende de mim, hoje em dia isso fica cada vez mais complicado, mas com certeza pelo menos haverá a nossa tentativa de estender um pouco mais esse simplérrimo show, que fizemos com todo o nosso carinho. Estamos torcendo! Bjs! e me manda seu email noutro comentário - não vou publicar, claro, mas não quero perder o seu contato.
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