domingo, fevereiro 09, 2014

Ao trabalho!

Enquanto os ânimos esquentam, como nunca antes, na minha amada e gloriosa cidade; enquanto as redes sociais se provam um celeiro do que de pior pode haver nos corações humanos; enquanto o calor segue abrasador, e tome polca…

Vamos trabalhar!

Começando com este projeto que fica inteiramente dentro da minha zona de conforto, pura bossa-nova, meu trio de sempre, amigos, música, alegrias. Muita calma pra pensar. Ainda sem título, segue aqui o repertório previsto para as gravações que se iniciam no próximo final de semana - não necessariamente nessa ordem:

DESAFINADO (Tom Jobim/ Newton Mendonça)
CÉU E MAR (Johnny Alf)
NA BAIXA DO SAPATEIRO (Ary Barroso)
CARTÃO DE VISITA (Carlos Lyra/ Vinicius de Moraes)
O BARQUINHO (Roberto Menescal/ Ronaldo Bôscoli)
O MORRO NÃO TEM VEZ (Tom Jobim/ Vinicius de Moraes)
CANTO DE YANSAN (Baden Powell/ Ildásio Tavares)
MADAME QUER SAMBAR (Roberto Menescal/ Carlos Lyra/ Joyce Moreno)
TRISTEZA DE NÓS DOIS (Durval Ferreira/ Mauricio Einhorn/ Bebeto Castilho)
TAMBA (Luiz Eça)
COPACABANA (Braguinha/ Alberto Ribeiro)
VESTIDO DE BOLERO/ REQUEBRE QUE EU DOU UM DOCE (Dorival Caymmi)

Tal repertório, com a possível exceção de Ary Barroso, Caymmi e Braguinha, que são "da antiga", deverá provocar calafrios em certa parcela, felizmente minoritária, de mal-amados musicais que se dedicam ao permanente esculacho da bossa-nova - mais de cinquenta anos depois! Logo ela, a música que botou o Brasil no mapa musical do planeta e deu moral ao músico brasileiro... Bossa-nova: parece fácil. O segredo é justamente parecer fácil, sendo absoluta sofisticação.

Conviver com preconceito dá revolta e dá dó, já dizia o poeta. Quem no coração não faz distinção, compreende a minha dor.

6 Comments:

At 7:46 PM, Blogger Carlos Lyra said...

Pois ë Joyce, que heresia esse repertório! Sofisticação é coisa de elite e elite é algo, hoje em dia, extremamente pejorativo. Quem critica o governo é chamado de "eltizinha"! A maior besteira que li nas redes sociais foi que a Bossa Nova foi criada para agradar aos estrangeiros pois é muito mais fácil que o samba que eles tentam e não conseguem tocar. Haja vista os inúmeros grupos de samba e choro espalhados pelo mundo e a inexistência de quem toque Bossa Nova, dada a dificuldade daquela síncope sofisticada. Estava pensando, mesmo, sobre esses puristas que criticam a Bossa Nova por ela ter influências diversas, brasileiras e estrangeiras e ter se afastado de sua raiz e de sua essência. O que se valoriza é a pureza incontaminada. Nāo seria esse o pensamento de Hitler? Miscigenação atrasa e deturpa a evolução pura das raças. Não é uma postura segregacionista e extremamente racista? A intolerância tomou conta da nossa sociedade. Näo há mais espaço pra todos. O bom é o que está na moda da temporada. Cultura descartável. Tão descartável quanto promessa de políticos em tempos de eleição. E o samba que veio da África, dos atabaques, e o choro que tem sua forma e evolução muito identificadas com a música barroca, se transformaram no discurso sectarista em música brasileira pura. Falar mais o quê?

 
At 10:36 AM, Blogger joyce said...

Pixinguinha já era criticado na época dele, chamado de 'jazzista'... A música brasileira é original justamente por ser mestiça. E como dizia o Tom, as raízes estão no Jardim Botânico.

 
At 3:32 PM, Blogger JoFlavio said...

J,
Se eu for entrar nessa seara do mau gosto ou da submúsica (como diz o Dori), que se alastra como praga, saio do sério, fico nervoso. Melhor não. Melhor esperar por esse novo CD, que pelos músicos escalados e pelo repertório, vai ser de primeiríssimo nível. Como sempre, aliás, em se tratando de você. Abs. Jô.

PS. Olhando as músicas, não sei porque, me lembrei do Pingarilho (Samba da Pergunta, Samba do Dom Natural...)

 
At 9:04 AM, Anonymous Mauricio said...

Basta andar pelas praias do Rio pra ver que a Bossa Nova sempre existiu. Foi sonorizada por musicos e poetas genias. Foto da Roleiflex nao acaba nunca.

 
At 11:44 AM, Blogger rogerio santos said...

Joyce, que seja muito iluminado seu novo trabalho. O que não falta são fãs de sua musicalidade, de seu canto e de suas escolhas de repertório, se seu bom gosto. E também fãs da Bossa Nova, que é uma delícia de se cantar. Os rotuladores que se bastem...rs
No aguardo desse novo projeto.

Abração,
Rogerio Santos

 
At 11:52 AM, Blogger Luiz Antonio said...

Engraçado o comentário do Maurício. Eu que moro no RS e venho desde a adolescência curtindo a musica brasileira, entre elas a bossa, sendo minoria entre os da minha idade, POA é essencialmente roqueira, contestadora ou então tradicionalista, costumava dizer: para entender e gostar de bossa nova é preciso andar no calçadão, no fim de tarde, a beira mar, vendo uma grande lua sair do mar e a luz do poste se acender... (inspirado sabem em que essa frase, OK!)E quem vive isso e tem a alma sensível acaba produzindo uma musica como a Bossa e essa música inspira letras que falam de amor e de vida e aquele que se permite viajar nesse som consegue meditar e compreender que mesmo com todas as adversidades inerentes a vida de cada indivíduo, o som evoca o mar, o mar, o sol o fim de noite o luar, o marulho das ondas , a beleza do universo e do criador nos chamando a paz e aquietando corações, mostrando que por pior que tenha sido a dor, esse espetáculo se repete todos os dias, nos bons e nos ruins, uma mensagem de que a vida segue em frente e que cabe a cada um achar a beleza que existe nisso e que até o sofrer pode ser belo, inspirador e que também faz parte da vida . O oscilar, o descompasso, assim como na música,assim como no mar..... assim como na vida até a linha reta de um ecocardiograma significa a morte. O balanço é a medida certa do prazer de viver.
To louco pra ouvir Tristeza de nós dois. (imortal na voz do Emilio) e sensacional na versão instrumental de Mauricio Heinhorn. quero ouvir a sua!

 

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