epidemia
No ano de 2002, morri de dengue. Melhor dizendo, foi "uma tragédia anunciada", segundo a revista Época, que estampava minha foto _ na capa!!! _ com os dizeres "a cantora Joyce, vítima de dengue hemorrágica". Pois é, precisei morrer pra finalmente sair na capa da revista semanal...
Até as pessoas entenderem que eu não tinha exatamente morrido, mas estivera sim, muito doente, levou algum tempo. Não fui a única vítima. Somente aqui em casa éramos duas, eu e minha filha mais nova, e no prédio todo éramos dez. Uma epidemia rolava na cidade, com algumas vítimas fatais e muita, muita gente arriada na cama, sem saber que corria risco de vida. Dengue hemorrágica mata, sim. E as informações desencontradas que chegavam pela imprensa só faziam confundir ainda mais a população.
Cinco anos se passaram, e eis que se desenha no horizonte uma nova epidemia, igualzinha `a que quase me matou em 2002. Acabo de receber um telefonema, dando conta de mais uma pessoa conhecida minha que está hospitalizada com dengue hemorrágica. Os casos se sucedem todos os dias. Não é possível que as autoridades (!!!) não estejam sabendo. Os jogos Pan-Americanos começam em 3 meses aqui no Rio. Virá gente de todo o continente, atletas, turistas. Se não por nós, que já moramos aqui o ano inteiro e agüentamos de boa-vontade tudo o que agüentamos, ao menos por esses desavisados que estarão chegando, alguém aí faça alguma coisa!
PS- a garça lá em cima não tem nada a ver com isso. Mas é por causa dela, e de outras belezas semelhantes, que, apesar de tudo, vamos ficando...
4 Comments:
tisc tisc tisc... ninguém faz nada Joyce???
Não tem nenhuma campanha aí no RJ contra a dengue???
Vc citou sobre a população e tb sobre os turistas né? Isso é muito sério, pq as pessoas que vem de outros países, se acontece de "pegar" a dengue e se não tiver nenhuma informação sendo veículada sobre o assunto, podem se dar mal...
que país é esse???
Oi, Joyce.
Redigi o comentário deste post e, quando o terminei, tratei, logo, de enxugá-lo, mas, em poucas palavras, não consegui expressar o conteúdo da minha redação original. Então, aí vai o texto integral, dividido em 3 partes:
ELUCUBRAÇÕES VIVENCIAIS E MENTAIS - PARTE I
No dia em que você inseriu este post, Joyce, foi muita coincidência que, aqui (em Salvador-BA), perto das 17:15h, no bairro em que moro (um bairro popular), passou uma caminhonete na rua, “dedetizando” as redondezas.
A caminhonete fazia muito barulho (do equipamento de “dedetização”), o que me chamou atenção e me fez chegar até a janela (1º andar de um pequeno prédio de esquina).
Minha primeira reação foi a de gritar, uma vez que todos os insetos voadores (que residem no jardim do meu prédio, na grande árvore da calçada e no pomar, que há, em frente ao meu prédio) se agitavam no ar, tentando entrar pelas janelas do apto. Passado o meu pânico feminino, assisti a caminhonete, exalando “gazes, pro alto”, através de uma mangueira, em direção à calçada.
As crianças estavam saindo da escola (próxima ao meu prédio), acompanhadas de suas mães e avós, e a mangueira se direcionava, exatamente, para cima das suas cabeças. Imediatamente, me veio à mente a lembrança da imagem que assistia, nas plantações, na fazenda onde morei, mas... não sabia que se pulverizava produtos químicos em cima “de gente” também...
O produto pulverizado era inodoro e pensei se tratar de providências (paliativas) de saneamento básico (de lixo), já que na esquina de baixo do meu prédio tem uma caçamba onde se abarrota, diariamente, o lixo ali depositado pelos moradores da vizinhança (inclusive o da favela próxima), até que o caminhão de lixo o recolha.
Não sabia se ficava contente, pela providência, ou se ficava indignada, por estar vendo “gente sendo dedetizada”.
Quando fui buscar pão (na padaria próxima daqui) soube que se tratava do combate à dengue e, então, entendi o porquê de, já há alguns meses, não estar recebendo, mais, a visita mensal dos “sanitaristas da dengue” no meu apto. Parece que os governantes estão entendendo que há menor custo em “pulverizar a massa” do que para fazer a manutenção das equipes de sanitaristas a visitarem, mensalmente, moradia por moradia, trabalho de “verdadeiras formiguinhas”...
Safka
P.S.: Qualquer dia desses, conto o “causo” que rolou, no começo do verão, com a cigarra, a Joyce, minha vizinha que mora na árvore da calçada. Já, o “causo” da Inha (minha outra vizinha, moradora da mesma árvore) não vou contar não. É que este não teve um final feliz.
ELUCUBRAÇÕES VIVENCIAIS E MENTAIS - PARTE II
Bem... não entendo nada de química. Meu trabalho tem a ver com a área “da cigarra” e não com a “da formiga”. Deixo esse entendimento para os milhares de formandos, da área “das biológicas”, que saem das faculdades a cada ano e... fico cá pensando com os meus botões: Onde estão estes especialistas? Quais são as suas colocações e atuações profissionais?
Pouco se noticia a esse respeito. A visão que tenho sobre isso se embasa no meu dia-a-dia, contudo, é certo que a maioria das notícias me informa (sempre e apenas) somente a respeito da podridão profissional existente na área “das biológicas”. Assim, acabo sabendo que a maioria destes profissionais estão, APENAS, nos grandes centros urbanos, buscando, APENAS, a estabilidade material, individual, de suas próprias existências humanas, em detrimento do “For Hall” (da coletividade). Notícias do tipo: “erro médico”, aqui, ali e acolá; “máfia” dos hospitais; “máfia” do sistema público de saúde; “máfia” dos remédios; “máfia” dos planos de saúde; “máfia” do lixo; e daí pra mais. Será que, no ginásio, meus professores se esqueceram de me ensinar que a maioria dos imigrantes que vieram para o Brasil eram provenientes da Cecília, Itália!? kkk
Outra coisa que me mata de curiosidade: será que estes “mafiosos” (atuantes e/ou já aposentados) dormem bem!? Será que o cara põe a cabeça no travesseiro, numa boa, e descansa, sabendo que prejudica a população (as pessoas que dependem da saúde pública, as que mais necessitam dela!) em função de vil objetivo pessoal!?
Hum... Acho que pra matar esta minha curiosidade, eu teria que ser um mosquitinho, que pudesse voar por entre os “mafiosos” sem ser percebido. Mas, para bancar o Eliot Ness, neste caso, eu teria que ser um mosquito da dengue, né!? Será que é muita maldade da minha parte ou será que é muita gente pra um só mosquito picar? kkk Que nada! “Inda bem: quem ama a vida, não vai ser, agora, matador... prefere o ofício de salvar!” (Joyce e Fernando Brant)
Safka
P.S.: "Se todo trovador, um dia, se juntar, toda serpente vai fugir do sabiá." (Joyce e Paulo César Pinheiro)
ELUCUBRAÇÕES VIVENCIAIS E MENTAIS - PARTE III
Não entendo nada, também, sobre providências sanitaristas e sobre política. A única coisa que entendo é que fui eu quem elegeu o Presidente da República do MEU País, o Governador do MEU Estado, o Prefeito da MINHA Cidade, o Senador da República do MEU País, do MEU Estado, o Deputado Estadual do MEU Estado e o Vereador da MINHA Cidade, para eles cuidarem, pelo menos, das MINHAS necessidades básicas e essenciais. Dei cada título, a cada um deles, juntamente com cada encargo que acompanha o título. Então, que negócio é esse deles só se valerem do título (pra fazerem boniteza pessoal, por aí, e pra extrapolarem a mordomia inerente às suas funções) e se esquecerem do trabalho (que me devem)!?
Na MINHA “Empresa Brasil” (e em qualquer empresa que se preze) não há emprego para profissional desabilitado, que não corresponda às exigências da sua função!
E que história é essa, do dono da empresa não poder demitir um funcionário incompetente, pelo fato da sua estabilidade de emprego, de quatro anos, estar garantida por lei!? Só consigo entender estabilidade de emprego para grávidas, para acidentados e para doentes e não para pessoas saudáveis, produtivas, bem formadas, esclarecidas... Deve existir algum jeito (o qual ainda desconheço) de eu poder ter, no quadro de funcionários da MINHA empresa, apenas aqueles que são úteis pra ela, que propiciem a estabilidade do seu organismo e que a façam crescer.
Bem... Com referência ao tema central deste post, resta-me rezar para que a providência anti-dengue (que acabei de vivenciar) surta bons resultados e que as crianças, suas mães, avós e eu, não nos vejamos afetados pela química exalada, do jeito como ocorreu com os nossos vizinhos, os insetos voadores. (Nem ontem nem hoje pôde-se ouvir o canto da Joyce, no seu horário costumeiro, vindo da árvore da rua...)
Safka
P.S.: “Brasil é um gigante que adormeceu. E é preciso acordar, que a ilusão não morreu.” (Joyce e Paulo César Pinheiro
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