Zin
Pois é, depois de um mês fora, as histórias são muitas. Vou começar pelos vinhos.
(ao lado, uma winery onde tocamos na California, belo lugar, porém bem pouco apropriado para um concerto. Enfim...)
Quem viu o filme "Sideways" pode ter comprado a idéia, muito bem vendida ali, de que os vinhedos da California são o máximo, com uma população sofisticada, profundamente conhecedora do assunto. Mas quem também viu o documentário "Mondovino" cujo autor, americano, parece que veio se exilar no Brasil devido ao peso da repercussão do seu filme entre imprensa especializada, indústria e enólogos profissionais, também sabe que não é bem assim. Vinho precisa de tempo, tradição e acima de tudo, terroir _ os 3 "t" fundamentais.
Não que eu seja alguma expert no assunto, Deus me livre e guarde. Estou, e quero estar, longe daquele pessoal que faz curso de enologia, vai a degustações e tudo aquilo mais que já mencionei em outro post, tempos atrás. É o primeiro sinal do chamado 'dinheiro novo'... Mas pelo menos sei a diferença entre um vinho que presta e um que não presta, e tenho cá as minhas preferencias.
Os americanos do sul da California parece que aprenderam ontem a gostar de vinho, e já querem dar aulas aos franceses e italianos, segundo eles, produtores decadentes. O futuro do vinho está na California! É de impressionar a intimidade com que se referem ao líquido sagrado: 'faz tempo que não tomo um cab', dizia uma amiga nossa. Como cab pra mim sempre foi táxi, imaginem o meu espanto ao perceber que ela se referia a um... cabernet. Da região, of course.
Pior que o cabernet é o Zinfandel, a uva predileta dos neo-enólogos californianos. Tivemos uma overdose de zin (de novo na intimidade, segundo essa mesma amiga nossa), pois todos os nosso anfitriões queriam nos fazer provar a especialidade da área. E tivemos de provar mesmo, das mais variadas safras e preços. O Zinfandel é ácido, trava na boca ('tem cica', nas palavras do Dori) e ao final de poucos dias me deixou cheia de aftas. Nossos amigos ainda queriam nos oferecer uma caixa para trazer para o Brasil, oferta da qual delicadamente declinamos.
Finalmente conseguimos sair da pequena e rica cidadezinha em que estivemos estacionados durante três intermináveis dias, e _ que felicidade! _ encontramos um honestíssimo restaurante italiano, dirigido e servido por italianos de verdade, nossa chance de enfim tomar um vinho bom. Era um momento de comemoração, nosso aniversário de casamento, passado entre amigos queridos e com muita música, pois tínhamos acabado de tocar numa casa lotada, com platéia entusiasmada. Só alegria, enfim.
(vale dizer, o Tutty não bebe álcool de espécie alguma há 10 anos. O vinho seria para nós outros do grupo.)
Pois eis que ao entrarmos no restaurante somos saudados pelas palmas dos outros freqüentadores, que também vinham do nosso show. E ao sentarmos `a mesa, surprise! a mesa ao lado manda nos oferecer uma garrafa do mais caro Zinfandel disponível na adega da casa. Não cometeríamos a indelicadeza de não tomar. Mais um dia de zin, portanto... fazer o quê? Esperemos que tenha sido o último. Agora é aguardar com ansiedade a tour européia do segundo semestre.
PS- Atenção! cometi erros graves com relação `a localização dos vinhedos e dos lugares onde estivemos, corrigidos por Daniella Thompson em outro post. Perdão, América!
4 Comments:
Joyce,quando vc for a Inglaterra,vai tomar um ice cream e abraçar Paul McCartney por mim?:)
Bem-vinda de volta, Joyce! Esperemos que outro santo Projeto Pixinguinha ou semelhante te traga aqui a João Pessoa de novo...
QUA,QUA,QUÁ! êta vinho"zin" mais ruim deve ser esse tal! Como já te falei naquele post de vinhos, quando aportares por aqui no sul da Ilha - Porto Alegre - vou te dar uma garrafa do vinho da PAZ - produzido aqui em Veranópolis - colônia italiana, terra de minha mulher e meu sábio sogro ! Sabe que eles estão exportando esse vinho pro Japão? E tu sabe - MUITO BEM - que japonês sabe tudo de bom que tem aqui no Brasil: vinho, MÚSICA...
só falta mesmo é o Brasileiro descobrir...
Bem vinda sempre!
Postar um comentário
<< Home