quinta-feira, dezembro 13, 2007

piano girl

Esta é minha amiga Robin Meloy Goldsby. Vocês ainda vão ouvir falar dela. Multitalentosa, americana nascida e criada em Pittsburgh, depois residente em Nova York, mudou-se para a Alemanha, quando o marido, John Goldsby (atrás dela na foto, um super-contrabaixista de jazz, autor de vários livros sobre o assunto que são clássicos para baixistas do mundo todo), aceitou fazer parte da WDR Big Band, de Colonia. Os dois queriam criar os filhos longe da loucura urbana novaiorquina, e hoje moram numa casinha adorável, num ambiente tranqüilo no campo, bem como queriam.

Robin é pianista e escritora. Estudou música e teatro na universidade, mas no sufoco de ganhar a vida como estudante, tendo de pagar por seus estudos, acabou se especializando numa área que muitos músicos consideram ingrata: ela faz lounge music, o que significa tocar em hotéis, coquetéis, festas privadas, enfim, o tipo de trabalho que faz um músico criativo ter arrepios de horror. Mas não ela. Depois de 30 anos ganhando a vida dessa forma, Robin escreveu um livro delicioso, 'Piano Girl', onde conta as peripécias de quem assiste `a vida passando do outro lado do Steinway. Embora, como ela mesma diz na abertura do livro, 'nem sempre seja um Steinway'.

Com humor, verve e muita filosofia, ela tira de letra as situações surreais em que muitas vezes se meteu por conta deste trabalho: a inesperada gig de pianista-stripper, ainda nos primeiros tempos em NY; servir de madrinha improvisada para o casamento de um chefão da máfia chinesa _ numa prisão de segurança máxima; ver o piano de cauda ser transformado em mesa para o bufê do brunch do hotel; ser despedida e substituída por um piano automático que toca sozinho; tocar num resort no Haiti para os esbirros de Baby Doc Duvalier... Toda sorte de incidentes e personagens, os tipos que gravitam num lounge de hotel, as madames que chegam para o chá da tarde e acabam enchendo a cara, os don-juans baratos que mandam o telefone num guardanapo junto com uma nota de dez dólares, os freqüentadores das happy-hours, os namoros e affaires ilícitos iniciados ao som do piano... Enfim, como ela mesma diz: "é melhor do que criar a trilha sonora para um filme. É criar a trilha sonora para a vida, como numa gravação ao vivo _ sem a gravação".

'Piano Girl' foi lançado nos Estados Unidos e teve sucesso de público e crítica. No momento Robin estuda propostas para transformar seu divertido livrinho em filme ou peça de teatro. Pois como bem disse alguém numa das críticas: "imaginem a Carrie, de Sex and the City, tocando no Marriott". É isso aí.

Hoje ela toca três vezes por semana num castelo `a beira do Reno, alimentando as fantasias dos hóspedes japoneses que escolhem uma locação romântica para seus casamentos ou férias. De lá, fez um CD, 'Songs from the Castle', que acaba de ser pré-indicado para o Grammy na misteriosa categoria de 'new age music'. Minha amiga é um barato. E é também minha parceira em algumas novas canções com letras em inglês, que ela escreve com engenho, arte e muita musicalidade, e que algum dia, não muito distante, acabarei por gravar.

2 Comments:

At 3:08 PM, Blogger Cristiane Figueirêdo said...

Muito legal a estória. Vou procurar conhecê-la hehe.
Cris

 
At 3:29 PM, Blogger Luiz Antonio said...

Guria! Tu já voltaste? Achei que ficaria por lá esperando o Papai Noel e curtindo a netinha. Curtir a neta, filhos, sobrinhos e quem mais chegar...é bom e nem se discute isso! Agora, fazer isso com "elazinha" olhando a neve na janela...esperando o bom velhinho... cenário melhor não há!Até quem não é chegado a esse merchandising natalino acaba admitindo que por lá, abaixo de zero e com muita neve, o Papai Noel é mais que um consumo, é uma possibilidade real!
Tua amiga deve ser uma figura, vou escrever mais sobre isso depois. Só o fato dela colocar "nem sempre é um Steinway" já dá pra sentir a veia do bom humor que deve conduzir as narrativas. E se é comparada a Carrie do Sex in the city, deve ser tri-legal!
Sabe que muitos homens amigos meus não gostam do sex and city? Acham que as mulheres ali
estão "muito atiradas" Pode? Ainda tem homem que tem medo de vocês? São homens que "não podem chorar", que bom que eu posso!
Minhas mulheres aqui de casa agradecem minhas lágrimas e consequentemente meus sorrisos, palhaçadas, beijos, abraços...(a nova participante da família chegou, faz três meses! ANNITA. O nome de minha avó, grande mulher brasileira!)
Bom, falamos depois. Aqui, também 30 graus. O Natal se aproxima e esse ano formo com minha mulher e filha mais nova A SAGRARDA FAMILIA, no presépio vivo, da escola da mais velha (que será o Anjo da Anunciação). Veja só, Joyce! Assim, de cara, lançado a carreira artística num dos mais consagrados clássicos da Humanidade! Ufa....”que bom que homem pode chorar... e pagar o maior mico!" mas por amor tudo vale a pena!
Beijos e Feliz Natal! Tô saindo pro ensaio agora!
LUIZ ANTONIO

 

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