ainda a praia
O primeiro encontro (vejam foto acima) já tinha sido ótimo, divertido, como mostrei a vocês no post anterior a esse. Mas o show foi ainda melhor.
Vozes de várias gerações, sendo a minha geração a do meio, a 'média guarda' da bossa, como eu costumo dizer. Houve polêmica sobre algumas indicações, principalmente no caso de Fernanda Takai, por ela ser artista pop. Mas devo dizer que ela se saiu super-bem no seu papel de narinhaleoa da nova geração, cantou com segurança e balanço, o que, pra quem vem da rigidez do universo pop, não é pouca coisa. E além de tudo, é uma gracinha de pessoa. Foi uma figura mais do que bem-vinda, e sua presença no show foi um plus, todo o mundo adorou.
Maria Rita é sempre ótima cantora, brilhante como sempre. Torço muito por ela e principalmente para que não a sufoquem as plumas e os paetês do estrelato, a que ela foi submetida, talvez cedo demais. Sempre temo ver alguém talentoso assim perder a festa pra não cair do salto alto. Isso não é uma crítica, mas a torcida sincera de uma velha tia que a viu ainda nas fraldas. A vida é a arte do encontro, dizia meu padrinho Vina. Embora haja tanto desencontro pela vida...
Minha amiga Lelê tem sido presença querida nos últimos tempos _ e talvez, no momento, a minha intérprete mais constante, já que seus recentes CDs e DVDs têm tido sempre músicas minhas, que ela canta com brilho, paixão e precisão certeira. Sorte minha. No particular, a gente sempre se diverte nos encontros, principalmente depois que descobrimos o quanto somos confundidas uma com a outra. Nunca entendemos muito por que, já que ela, além de tudo, é bem mais nova do que eu, e sequer somos físicamente parecidas. Deve ser identificação por assunto, imagino. A pessoa vê uma de nós e pensa "de onde eu conheço? ah, já sei, cantora de boa MPB", ou de bossa-nova, ou qualquer coisa assim. O fato é que ela já recebeu parabéns pela música que fez para as filhas (Leila??? filhas???), eu já recebi mimos da tripulação de um vôo e no final ouvi um "boa sorte, Leila!" _ e outros possíveis constrangimentos, para quem errou, não pra nós, que morremos de rir com isso. No show da praia, eu tinha uma entrevista ao vivo marcada com uma TV, nos bastidores, antes do espetáculo. Dali a pouco entra Leila no camarim `as gargalhadas. Ela tinha dado a entrevista, e no final o repórter ainda agradeceu: "muito obrigado, Joyce!"
O melhor de tudo nessa noite foi lançar uma música nova com Donato. Temos composto bastante juntos _ ando em fase de muitas e boas parcerias, graças a Deus _ e Donato quis experimentar uma das novidades no show. De início foi difícil vender a idéia, pois a produção queria um repertório só de clássicos da bossa-nova, o que de fato rolou. Mas Ivone, jornalista e casada com o Donato, sacou da manga um argumento irrefutável: "gente, a bossa é nova!" E foi assim que nossa música novíssima, "No Fundo do Mar", entrou suingada e dançante no palco de Ipanema, com o público já cantando junto, pra nossa alegria. A bossa é nova mesmo!
PS- pra quem quiser ver um pouquinho da festa, aqui vai uma amostrinha:
http://www.youtube.com/watch?v=Yrqe1SMQE1Q
2 Comments:
Quanta gente boa! Ainda bem que, ao menos na música, temos tão bons representantes. Que tal somente vocês governarem nosso país??
O que impressiona no Donato é sua eterna jovialidade. Parece um garotão, louco prá tocar, prá compor. Aliás ele e a sua música se confundem pelo astral. Há até uma história sobre a espontaneidade de Donato. Ele foi convidado para gravar um disco com o vibrafonista Cal Tjader. Faz tempo. Tjader iria colocar 3 músicas do Donato (Valsa, Mentiras e Tema Teimoso). E chamou Donato para tocar órgão, que obviamente não era o seu instrumento de ofício. Donato estranhou, já que outros organistas no mercado americano eram bem mais qualificados. Como Jimmy Smith. Tjader se justificou. Smith poderia querer dominar o disco. Donato não. O disco foi lançado (The Prophet), com arranjos lindos de Don Sebesky. Um dos melhores de Tjader, na minha opinião.
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