domingo, janeiro 20, 2008

loucos pelo Brasil

Faz uns dois dias, participei de um show numa pequena casa noturna aqui do Rio, em homenagem ao produtor (e músico) japonês Kazuo Yoshida. Ele aparece na foto acima trocando idéias com Rodolfo Stroeter _ os dois co-produziram meu CD 'Rio-Bahia', feito em parceria com Dori Caymmi em 2005. Foi um dos inúmeros CDs meus de que ele participou como produtor, e certamente não o último.

Conheço Yoshida desde minha primeiríssima ida ao Japão, em 1985, quando fui selecionada para participar do Yamaha Festival. Era um festival ainda competitivo, ou seja, as músicas seriam premiadas, do mesmo jeito que aqui se fazia nos antigos festivais da canção, só que os concorrentes não se inscreviam para participar: ao invés, eram convidados diretamente pela direção do festival, que usava como critério da escolha a carreira e obra anterior do possível convidado. Resolvi ir, embora descrente do formato do evento, pois seria uma oportunidade imperdível para ir ao Japão, de onde já me chegavam boas notícias sobre o interesse do público pela minha música. Acabou sendo uma viagem inesquecível pra mim e o início de grandes amizades, a começar pelas platéias japonesas.

Não ganhei nenhum prêmio, a não ser um alternativo que muito me honrou, dado pelos músicos da orquestra (pode haver prêmio melhor que esse?) E conheci e toquei com o grupo local Spic and Span, especializado em música brasileira e liderado justamente por Kazuo Yoshida, que a partir daí viria a produzir não só vários CDs meus, mas de meio mundo na música criativa do Brasil, com foco na bossa-nova.

A bossa estava em peso na festa do Yoshida: João Donato, Menescal, Carlos Lyra, Wanda Sá, todos tocaram com ele nessa noite (tocamos, melhor dizendo, embora eu não seja exatamente da bossa-nova _ ou seja, sei lá, depende da disposição dos promotores dos eventos...) Foi uma noite divertida e um merecido afago num dos maiores apaixonados pela música do Brasil que eu conheço.

Yoshida tem produzido todas essas pessoas e também cantoras novas como Kay Lyra, Mariana Leporace, minhas filhas Clara e Ana, Sanny Alves e outras mais. Tem trabalhado com músicos importantes da cena bossa-novista brasileira. Tem sido, enfim, um saudável maluco ajudando a nossa música no exterior, muito mais do que qualquer organismo oficial _ esses, em geral, não ajudam em nada. Graças a produtores como ele e como o anglo-indiano Joe Davis, entre outros, muitos de nós temos conseguido realizar nossos projetos sem a dependencia insana de patrocínios, empresas, burocratas e governos. Benditos malucos pela música do Brasil.

2 Comments:

At 3:08 PM, Anonymous Anônimo said...

O Japones tem um carinho muito grande pela boa musica Brasileira, e voces que sao otimos, aproveitam mais esse mercado, ponto para quem faz musica Brasileira de verdade.

 
At 2:54 PM, Blogger Luiz Antonio said...

"Show" o japonês! Aqui no sul da Ilha, mais particularmente em Veranópolis, um japonês tem se dedicado a estudar o fenômeno da longevidade dos habitantes daquele lugar - a maioria descendente direto de italianos - Ele está encontrando no vinho tinto de mesa _ aquele sem grife, sem tradição vinífera _ o vinho básico e que era produzido pelos primeiros imigrantes a chegarem por aqui, ingredientes encontrados nesse vinho produzem efeitos béneficos _se bebidos diariamente e com moderação_ que são responsáveis entre outras coisas pelo aumento da qualidade de vida e consequentemente da longevidade dos veranenses, e isso já é cientificamente comprovado.O Vinho da vinícola do interior de Veranópolis esta sendo comercializado em Tokio (e segundo os "nonos italianos" "a preço de "ôro" cada "garafon!")
Enfim, japoneses que chegam ao Brasil e aqui encontram maravilhas...e levam pro mundo conhecer e admirar o que o brasileiro não conhece e nem soube valorizar. Alguns dizem que eles são copiadores e aperfeiçoadores de idéias geniais e nada mais, mas isso é outro departamento, outra prosa. Por enquanto eu diria que para o vinho de Veranópolis sobreviver_economicamente falando_ a saida também _como nossa música_ foi o aeroporto!
Vinhos da Longevidade são Brasileiros! E quem disse que a boa Música Brasileira _a sua música Joyce_ também não é um elixir para a alma, desses que prolongam o prazer e consequentemente a Vida? Há, mais isso a gente já sabia! Nem precisou estudo cietífico dos japoneses!
Beijos
LUIZ ANTONIO

 

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