o príncipe
Finalmente aqui vai meu depoimento sobre o encontro com Sua Alteza Imperial, o príncipe herdeiro e futuro imperador do Japão, Naruhito. O concerto comemorativo dos 100 anos da imigração japonesa no Brasil, com a presença dele na platéia, já tinha sido ótimo: eu e banda, com a excelente orquestra Petrobrás Sinfonica e meu bom Wagner Tiso, pudemos até nos divertir um pouquinho no palco do Municipal (como eu sempre digo, nesse tipo de sala, não tem erro...) Foi tudo ótimo, e até o misterioso sumiço da partitura que o Wagner iria usar para nosso duo em 'Carinhoso' acabou sendo um plus, pois de improviso sempre tudo fica melhor.
E no dia seguinte (ontem), lá estávamos nós de novo, dessa vez numa sala reservada do CCBB, para o encontro ao vivo e a cores com Sua Alteza. Que, aliás, de alto não tem nada, deve medir pouco mais de 1,60m, se tanto. Mas, devo dizer, é a simpatia em pessoa.
Fazer parte da realeza, de qualquer país, deve ser uma gig bastante complicada: a pessoa não tem controle sobre a própria vida, na verdade sequer tem uma vida privada. Tudo é acompanhado, esquadrinhado, pesado e medido. Num país como o Japão, onde até antes da 2ª Guerra o imperador tinha status divino, deve ser ainda mais difícil. Por isso valorizei muitíssimo a gentileza e a simpatia de Naruhito, em viagem diplomática ao Brasil, tendo de ser profissionalmente gentil e simpático o tempo todo, quando, quem sabe, sua vontade seria estar em casa lendo um livro. Ouvimos falar de diversas recomendações sobre como deveríamos nos comportar diante dele (não pode tocar, não pode olhar nos olhos diretamente, etc), e nada disso era o caso: ele mesmo apertava longamente a mão de cada um de nós e o contato visual rolava direto. Tudo muito mais simples do que se diz. Talvez esse protocolo esteja desatualizado, ainda bem.
O príncipe foi extremamente caloroso com todos os presentes, e fez questão de se dirigir a mim em português bem ensaiadinho, de pronúncia perfeita: "muito obrigado pelo maravilhoso concerto". Mas _ ah, ele é humano! _ o olhinho brilhou com sinceridade ao me dizer que a esposa dele, princesa Masako, é grande fã de bossa nova, assim como ele também é (talvez até por influencia dela). E que a princesa tem uma grande amiga que é cantora de bossa-nova no Japão (será que é a Lisa Ono? vou escrever pra ela perguntando). Foi a senha para que eu oferecesse ao casal real a edição original japonesa um CD meu, 'Bossa Duets'. Vai ver até que esse a princesa já tem, mas de qualquer forma, foi um presente para uma corajosa mulher que agüenta em sua terra a pior das pressões, com a imprensa toda especulando sobre quando será que eles finalmente produzirão um filho.
Enfim, o príncipe Naruhito foi uma graça para com todos nós que lá estávamos para conhecê-lo. E era verdade, ele realmente queria ouvir 'Garota de Ipanema' _ ainda bem que foi incluída no repertório. Como disse Paulinho Jobim, outro dos convidados, citando o pai Tom: "a bossa-nova é linda e delicada, como o Japão" (Paulinho também é príncipe, honoris causa, da nossa linhagem)
A foto que nosso grupo tirou com Naruhito ainda não chegou `as minhas mãos, espero o consulado me mandar. Mas o que está o Zico fazendo aí em cima nessa foto, então? Bom, se o Pelé é o Rei, o Zico como Príncipe está de bom tamanho. E na verdade verdadeira, a grande estrela do encontro de ontem foi ele. A japonesada toda da comitiva real enlouqueceu!
2 Comments:
OI, meu querido amigo Hissao Hara chegou do Japão e me trouxe o Hard Bossa (originalíssimo)no Brasil nunca achei. Ouvi-lo me remeteu a Tardes Cariocas, Agua e Luz, a tua fase "nartureba". Fui ver que o disco é de 99, esse D-E-L-I-C-I-O-S-0 retorno áquelas sonoridades e temas "brasileiros" (entenda-se juparanã e afins) eu só vi depois de muito tempo no "Live in Mojo Club". Há lá fora (do Brasil) um gosto por esses "temas", o público de lá curte essa brasilidade_que é um pouco diferente da Bossa Tradicional (essa sim super ouvida) e dos trabalhos teus mais recentes? Te confesso que foi nesse som que peguei carona e nunca mais larguei, gosto demais do que eu chamo "música e som das matas e rios Brasileiros" era minha trilha sonora dos meus acampamentos de juventude.
Foi uma fase de teu trabalho?
Minha Nossa Senhora do Ó !!!
Será possível que tenha encontrado tão seleto blog !!!???
(ô coisa boa...)
Deixa eu te contar rapidinho...
Fui buscar a letra de "Quatro Elementos" no google para indicar para uma amiga cantar e cai aqui acidentalmente...
Só saio se for expulso !!! príííííí...!!
Agora mais calmamente falando, que delícia essa narrativa sobre o encontro com o imperador...
Parabéns pela generosidade de compartilhar essas experiências com os e-fãs...
Tomarei a liberdade de incluir teu blog entre os meus favoritos e passar a acompanhar com frequência...
Um beijo e obrigado por tanta música boa...
Rogerio Santos
São Paulo - SP
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