texto de Jards Macalé
No meio das discussões e do tiroteio que rola na internet e na imprensa sobre a questão dos direitos autorais, publico aqui no blog, com a concordância do autor, um email escrito pelo querido Jards Macalé, que me parece de uma lucidez fantástica. O email dele, pra melhor compreensão de todos, é uma resposta sua a outro email, de Sérgio Ricardo, que sugeria que os autores se reunissem de novo e recriassem a falecida SOMBRÁS. Macao relembra aqui estes tempos heróicos, e explica porque, em sua opinião, não deveríamos tentar repetir a História (que afinal, como sabemos, "só se repete como farsa"...).
meu ídolo,
creio q vc está certo em alguns pontos e talvez ñ tão certo em outros tais.
acho q, realmente, estamos mais para o ministério da justiça do q outro qualquer ministério. roubo, corrupção, meter a mão no dinheiro alheio é CRIME.
portanto é questão de polícia.
mas tb é questão política; ñ creio q o minc possa fazer alguma coisa dentro da constitucionalidade. o estado ñ pode nem deve se meter neste assunto. se ñ, nós criadores-autores passaremos atestado de incompetência brutal.(!). será q ñ conseguiremos jamais gerenciar nosso direito, nosso negócio?
fizemos a SOMBRÁS em momento histórico crucial: debaixo da mais feroz ditadura militar. tiramos a formação da entidade "ECAD" da gaveta do ministro Jarbas Passarinho no então ministério da educação
fomos bem até q nosso herói MAURICIO TAPAJÓS se fue, esgotado na batalha..
se nós (os velhinhos fashion), dermos sinal de fraqueza entregando (de novo) a outros a responsabilidade de intervir ou fiscalizar um orgão civil - como o nosso - particular e intransferìvel, creio q estaremos, mais uma vez, dando bandeira de nossa imensa incompetência no tratar da coisa privada q nos pertence.
governo é governo, estado é estado, nós somos nós.
o minniministério da cult já está assoberbado com problemas de toda ordem. ele tem q regular, estudar e regulamentar leis q melhorem a questão autoral do Brasil defendendo juridicamente seus criadores; ouvindo todos...tanto faz os digitais como os não-digitalizados.
essa questão é nossa, sòmente nossa; dos criadores de ARTE.
acho ótimo q a questão dos direitos autorais esteja de novo em pauta. acho ótimo o estardalhaço (não a caça a raposa, não a violência fisica ou mental, ao paroxismo doentio) q estamos vivendo neste século XXI.
novas formas de produção, arrecadação e distribuição já estão. outras virão a ser colocadas em jogo à medida q a tecnologia desenvolve-se...para o bem ou para o mal.
nós e os interessados nesse assunto teremos q estar alertas.
lembro-me q quando levei a Tom Jobim, na casa dele, a notícia q o tinhamos eleito presidente da SOMBRAS,
ele - de pijaminha azul-hospício - falou em voz alta:
__ Teresa (sua mulher na época), traga-me o revólver...querem me fazer Presidente.
e foi nosso Presidente de fachada. deu uma procuração para Herminio Bello de Carvalho q tornou-se nosso Presidente em exercício. tanto na nossa sede como na casa de Hermínio, discutimos exaustivamente a questão de nuestros derechos. Direitos de todos os q criam objetos de Arte. todos, sem exceção.
ñ posso deixar de lembrar, na casa de Pedrylvio Guimarâes (advogado e procurador-geral da república) pai dos nossos colegas-músicos Claudio e Paulo Guimarães, cansado de ver seus filhos não viverem de MUSICA, sem seus Direitos Conexos respeitados, aliar-se a nossa luta.
ñ tinhamos internet nem celular, a telefonia era uma merda (como continua sendo) e, acredito, avançamos bastante.
comemorando a feitura da SOMBRAS na casa de Pedrylvio, estavamos Chico, eu, Claudio Guimarães
e Sergio Ricardo, nosso ídolo, q tocou várias das suas canções para nós, seus fãns.
perdemos nossa documentação no incêndio do MAM RJ, e nossos documentos viraram cinza. mas não antes de realizarmos vários movimentos no tabuleiro: na futura Sala Sidney Miller q nos foi doada por Heloisa Lustosa (diretora do MAM na época) em consonância com Cosme Alves Neto (diretor da cinemateca do MAM) q nos ajudou no "DIREITOS HUMANOS NO BANQUETE DOS MENDIGOS", show em comemoração do 25 aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos em 10 de dezembro de 1973 q virou album duplo proibido durante 5 anos em todo o território nacional.
até hoje somos proibidos de receber nossos direitos com transparência.
"velhas" e "novas" gerações continuam hoje debatendo as questões relativas a. é saudável a discussão. é questão politica, ñ afetiva ou emocional.
besos paratodos,
Macalé / Jards.
(macao par os íntimos)
1 Comments:
joyce,
macalé...santa lucidez (concordo contigo em gng)
obrigadão por compartilhar o email
abraçsonoros
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