quarta-feira, junho 01, 2011

Nara e o Brasil

Vendo esta foto nossa de 1988 (feita por Cristina Granato, quando nos cruzamos num evento que já nem lembro mais o que foi), mais uma vez me pergunto por que Nara Leão não chegou a gravar nenhuma música minha. Faria todo sentido.

Tive a alegria de ter minhas músicas gravadas por algumas das vozes mais emblemáticas do Brasil: Elis, Elizeth, Bethania, Milton, Ney, Emílio, Zizi, Nana, Leny e muitas outras. Inclusive minha amiga mui querida Wanda Sá, que junto com Nara foi importante na minha formação de adolescência, para me mostrar que era possível a uma cantora tocar violão e definir suas próprias harmonias. Depois vieram Luiz Eça, Tom Jobim, Dori Caymmi e tantos outros para me mostrar que harmonias seriam essas, quais acordes eu escolheria no futuro. Mas aí eu já estava na roda, indo à luta por conta própria.

Enfim, Nara e eu nunca chegamos a ser realmente próximas, mas sempre fui fã de sua dignidade e sua postura ética na vida e na arte. E ainda mais fã de sua inteligência musical - que vejo muito em Bethania, não por acaso - na hora de escolher para onde ir.

Estamos já fechando o repertório da nossa série "No Compasso da História'. Foi um ano de trabalho intenso e exaustivo, mas também de grandes alegrias. Hoje me deparei com esta canção do meu parceiro (virtual) Luiz Tatit, gravada pelo Grupo Rumo e também pela querida Clara Sandroni, que pressinto que Nara cantaria lindamente, se ainda cá estivesse. E que em breve pretendo eu mesma cantar, resumindo a série, pois é uma canção que fala do Brasil de um jeito diferente... Vejam:

BEM BAIXINHO
(Luiz Tatit)

Gosto dela meio velha assim mesmo
Ainda ontem comentei com meu amigo
Ela é meio velha, mas é tão bonita!
E ele disse: puxa, é mesmo!
Ela é assim meio velha, mas é tão bonita!

E é uma beleza espontânea e natural
Não tem medo de dizer
Que está amando outra vez
E não diz de qualquer jeito, não
Num momento que você está atento
Ela cochicha baixinho, e tão pertinho
Que só pode ser você dessa vez

E essa nação é assim com todo mundo
Grandalhona, meio velha, mas uma musa e tanto
E quando você menos espera, ela diz:
Estou livre outra vez!

5 Comments:

At 5:28 PM, Blogger Marcel said...

A Nara foi tão especial!

Pelo menos, para mim continua sendo.
Esse jeitinho que só ela tinha, sou até capaz de dizer que a considero a melhor intérprete do Chico, aliás foi a Nara que o lançou não é?

Dentre outros, tudo o que entrava na voz dela soava bonito, "Vendo a lua dizendo pro sol, eu sou tua namorada...! ♪", ou senão um Jobim "Fundamental é mesmo o amor, é impossível ser feliz sozinho...".

Nara marcou uma geração, e até hoje ainda marca, do contrário não estaria escrevendo tanto! hehe

Além de tudo, uma beleza rara e também discreta, nada contra as outras cantoras, mas Nara jamais aparecia mostrando coisas demais, assim como você também aderiu. E por mais outras milhares de razões você e Nara são das cantoras/violonistas mais incríveis que o Brasil já teve, e terá. É aquela história de, 1 a cada 1.000.000.

Até eu já me perguntei muitas vezes também o por quê dela não ter gravado nada seu, dá a impressão que "Da Cor Brasileira" foi feita pra entrar na voz dela, é como se eu a ouvisse cantar, mesmo tal versão jamais ter existido.

Fora quantos outros intérpretes que eu gostaria de ouvir cantando suas músicas. A Zizi mesmo gravou "Mais Uma Vez, Mais Uma Voz", sua e da Ana Terra e "Tempo Presente", sua e do Edu Lobo, ainda acho que ela deveria ter gravado mais, e toda vez que tenho oportunidade dou uma indireta nela! hehehe

Dos mais atuais, Leila Pinheiro é a que mais têm cantado coisas suas né? Até encontrei há um tempo, uma versão de "Feminina" cantada pela Lucinha Lins, ou a Lucina cantando "Doçura Forte", Ney em "Ardente", Gal em "Todos os Instrumentos" e etc...! Quanta coisa boa, quanta gente boa!

E sempre que posso estou tocando/cantando coisas suas, por que eu adoro, e mais muito bem. As última incluídas no repertório são "Fã da Bahia", "Pause Bitte", "Guarulhos Cha Cha Cha" e "No Fundo do Mar". Fico feliz simplesmente por tentar passar a sua magia pelos meus dedos! É como falei hoje na fila, você e um violão é melhor que uma orquestra completa!

Que Oxalá abençoe,
Até Jazz!

 
At 6:41 PM, Blogger joyce said...

Pois é, Marcel, mas você sabia que 'Doçura Forte' não é minha? É de Luli e Lucina, elas fizeram pra mim e eu gravei...
'Pause Bitte'? Puxa... é música pra big band!

 
At 12:19 AM, Blogger pituco said...

putz, joyce,

que foto 'posada', mas linda pacas...duas brasileiras...duas estrelas...

uma pra cada olho...uma pra cada ouvido...as duas pra muitos sonhos...sorte nossa.

abraçsonoros
ps.esse ano tem bnt?...procurei na programação, mas nada agendado...

 
At 1:46 PM, Anonymous Baptistão said...

Curioso a Nara não ter gravado nenhuma canção sua, Joyce. No fim, acho que não deu tempo. Ela foi cedo demais. Também a achava bonita, discreta e inteligente na maneira de conduzir a sua carreira. E foi uma grande mulher, pelo que pude perceber lendo a sua biografia escrita pelo Sérgio Cabral. Eu, compositor frustrado, imagino a imensa alegria que deve ser ouvir a nossa música ganhar outra vida na voz de outras pessoas. Principalmente se essas pessoas forem do calibre desses seus intérpretes. Ah, e Bem Baixinho é mesmo uma maravilha, como de resto tudo o que o Rumo fez. Abraço.

 
At 6:42 PM, Blogger Bernardo Barroso Neto said...

Eu nunca tinha pensando nisso: se a Nara nunca tinha gravado uma música sua. Realmente ela poderia ter cantando várias, mas tudo que ele gravou foi sensacional.
Acho lindíssima aquela música Nara que você fez em homenagem a ela.
Nara merece todas as homenagens.

 

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