sexta-feira, junho 20, 2008

eu e o Japão, Japão e eu

Não é de hoje que freqüento o Japão, meu local favorito de trabalho. Embora viaje muitíssimo com minha música, em nenhum outro lugar ela se apresenta com tanta dignidade, fidelidade, respeito e alegria. Fidelidade aqui é fundamental: toquei no Japão pela primeira vez em 1985, portanto há 23 anos atrás, e nunca mais nos deixamos. Todos os meus 26 CDs individuais (eu disse todos!) estão lá nas prateleiras das lojas de discos, em catálogo, pois sempre aparece quem tenha interesse neles. Aliás, loja de discos é uma coisa que nesta década só não sumiu do Japão e da Alemanha, pelo que tenho visto. Mesmo a falida Tower Records continua com seu prédio em Shibuya funcionando a todo o vapor, com todo o quinto andar dedicado ao jazz e `a música brasileira.

Enfim, por conta deste longo e estável relacionamento, chegou a hora de uma apresentação, digamos, oficial, `a família de uma das partes. O príncipe herdeiro Naruhito, futuro imperador do Japão, está no país, por conta das comemorações do centenário da imigração japonesa no Brasil. E eis que recebo um convite do consul-geral do Japão no Rio para participar de um concerto para o príncipe, no Teatro Municipal, nesta segunda-feira.

O concerto em si, ao que tudo indica, vai ser simples e gostoso de fazer. Na primeira parte, um maestro e uma pianista japoneses vão se apresentar com a Orquestra Petrobrás Sinfonica, num programa erudito. Na segunda, música popular, com Wagner Tiso e a orquestra, e logo depois, eu, minha banda, e a orquestra junto com a gente. Repertório e arranjos bacanas, e uma única recomendação do consulado, a de que o príncipe 'talvez' gostaria de ouvir 'Garota de Ipanema'. Até aí, tudo tranqüilo. Piece of cake, como dizem os americanos.

Complicado, imagino eu, vai ser o dia seguinte, quando haverá um encontro de personalidades da cultura, do esporte e outros babados, com Sua Alteza. Fui convidada e não deixaria de ir de jeito nenhum, pois o mais perto que já estive de um imperador foi quando conheci pessoalmente Fidel Castro, naquele mesmo ano de 1985, em Cuba. Mas parece que o protocolo que cerca este encontro é um tanto complicado. Tenho que me preparar bem, pra não produzir nenhuma gafe.

Como será a vida de alguém que não pode ser tocado nem olhado de frente? Conto a vocês na próxima semana.

6 Comments:

At 11:39 AM, Anonymous Anônimo said...

Joyce, querida.
Essa sua relação com o Japão é realmente maravilhosa. É invejável para qualquer artista ver como do outro lado do mundo uma cultura tão distinta se rende ao seu talento de forma tão sincera. Isso é que é ser princesa! Que assim seja para sempre!! Quanto ao protocolo com o príncipe, não se preocupe tanto. Pra gente é mole lidar com a realeza. No Brasil (mesmo sem termos príncipes), principalmente na nossa área musical, há uma série de personalidades que já se comportam como tal: também não podem ser tocados, olhados de frente, essas coisas. Pode ser até que alguns estejam nesse encontro, quem sabe? E vai ser um tal de ninguém poder olhar pra ninguém, todo mundo olhando pra janela. O príncipe mesmo, esse não vai entender nada. Você vai é se divertir. Depois conta.
Beijo grande.
Sérgio

 
At 1:27 PM, Anonymous Anônimo said...

pois é e a gente aqui que não tem penico nos ouvidos, fica só chupando o dedo com uma coisa destas e chorando, pois importar discos do japão é praticamente impossível, além de caríssimo.
não basta a gente ver tudo que ainda não tem em cd lá, com capa e encarte originais, os discos ainda saem com faixas bônus, que quando e se estes discos chegam a ser editados aqui, somem das edições brasileiras.
espero a anos a chance de encontrar seus discos que ainda faltam, que adivinhem só, só estão disponíveis no japão.
mas esta é a agrura que sofro por ter meus ouvidos tocados pela voz de elis. não escuto gato por lebre.

beijos, depois de um hiato de postagens

Túlio

 
At 3:36 PM, Blogger Bernardo Barroso Neto said...

Oi Joyce!
Realmente é maravilhoso saber como você é tão querida no Japão, um país de cultura e lingua completamente do nosso, mas que amam a nossa verdadeira música brasileira.
Como já disse Tom Jobim: Os japoneses têm bom gosto.
Você merece isso e muito mais.
Beijos!

 
At 4:08 PM, Blogger Luiz Antonio said...

Rapidinho, porque a leituta hoje foi dinâmica, tô na corrida no trabalho e tenho filhas e mulher me esperando para minhas 45 curvas do caminho completadas hoje! Diria o seguinte: Jornal da Globo, horario Nobre, Jornal Nacional e afins: falando do futuro Imperador do Japão, toda a comemoração, realezas tupininquis apresentando o Brasil e ao invés de Ivete, eis que o japonês pede JOYCE!!!!!! E O Brasil, que não conhece o Brasil tendo que "entender" e fazer de conta que já sabia de tudo, que "enjoy Joyce, everyday", pra não passar por bobo perante o Imperador!!! srsrsrsMas, a verdade nós sabemos!!! E como sabemos! Sucesso! Na tua escola, na tua banda o japones é o abre-alas!

 
At 10:38 PM, Blogger Juli Mariano said...

É, mas o príncipe tem sido tão gentil que tem quebrado vários protocolos pra ficar mais perto do povo brasileiro. Bom show lá, Diva!!!

 
At 2:50 PM, Blogger pituco said...

Joyce,
aqui no Jp também tem muita 'baba',que entope nossos ouvidos...e enche o bolso dos produtores.

creio que seja assim em qualquer parte globalizada do planeta.

mas,nem tudo é entulho musical...porque nem todo mundo é surdo o tempo todo.
com certeza,um dia,se cansa do moderno,a moda cai de moda,e fica o eterno!

omedetô gosaimassu
boas vibrações pra tua performance,desse lado do planeta.

amplexosonoros e amplificados
namaste

 

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