batida diferente
Outro dia, passeando pela internet, me deparei com uma frase num blog sobre música que me deixou momentaneamente em estado de choque: a pessoa que escrevia (certamente não por falácia, mas por desinformação) falava em Djavan como o "verdadeiro criador do samba-jazz". Ó céus!
Hoje acordamos com a noticia da morte de Durval Ferreira, a melhor guitarra/violão-centro da bossa-nova, do samba-jazz e de outras bossas. Então explico, pra quem não teve a chance de conhecer: samba-jazz _ estilo criado nos anos 60, a partir da bossa-nova, e basicamente instrumental _ é Durval Ferreira, é Tamba Trio, é Luiz Eça, Edison Machado, Moacir Santos, Dom Salvador, Rio 65 Trio, Luiz Carlos Vinhas, Bossa Três, João Donato, Sérgio Mendes (antes dos USA), Raul de Souza, J. T. Meirelles, Doum Romão, Tenório Jr... é muita gente, e NÃO é Djavan.
Muitos artistas da minha geração cresceram nos anos 60 ouvindo o legítimo samba-jazz. Acredito que Djavan tenha sido um deles, embora menos visivelmente influenciado do que outros. A pegada djavanesca é basicamente pop-fusion, e não vai aqui nenhuma crítica a essa opção, que ele executa muitíssimo bem. Mas samba-jazz, não é mesmo. Outros artistas mais novos estão tentando retomar o estilo, uns bem-sucedidos, outros nem tanto. Mas pra quem quiser saber do que se trata, recomendo a audição urgente dos CDs relançados de todos os mencionados acima.
E de Durval Ferreira, por supuesto, talvez o mais importante compositor do gênero, autor dos principais standards do autêntico samba-jazz. Foi também um de meus mestres do violão como centro de tudo, como levada e sustentação de grupo. Ouçam e comprovem.
3 Comments:
Joyce.
O festival de besteiras que assola a internet é colossal. E o que dói é pensar que essa é a fonte principal de informação para um número muito grande de pessoas. Outro dia lia o blog de um crítico musical que comparava o grupo de metais de um show de Los Hermanos a Miles Davis. É difícil crer na tentativa de aproximação entre esses dois mundos. E trata-se de um crítico. A crítica, que em tempos de avalanche de informação deveria zelar ainda mais pela sua função de dar referência a intenções diferentes, de mostrar em que campo cada coisa está, pelo contrário tem contribuido para juntar tudo em um balaio só. É mais fácil a digestão. Assim Djavan vira samba-jazz e LH vira MD, quem lê acredita nisso, e que se explodam as referências e a história. E viva a navegação de superfície!!
Isso é absurdo, alguém ousar dizer que Djavan foi o criador do Samba Jazz, concordo plenamente com você Joyce. Além desses que você colocou como criadores do samba jazz, acrescento o J. T. Meirelles e o Copa 5 que em seu disco O som, mudou tudo na música instrumental brasileira.
Falando no Durval Ferreira é uma perda enorme na música brasileira, ouvindo Moça flor, interpretada brilhantemente pela Clara Moreno e o Celso Fonseca dá vontade até de chorar de emoção.
É isso aí Joyce! Dicionário de música ambulante e cheio de graça! E dá-lhe vivência e conhecimento... e pra mim só resta dizer a frase do meu amigo David: "Win Wenders e aprendenders..." rsrsrsrs! beijinho!
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