segunda-feira, julho 14, 2008

irmão

Comecei a tocar violão por causa dele, e só isso já bastaria para que ele aparecesse aqui. Com seus amigos músicos batendo a toda hora lá em casa, fui me acostumando a entender aquela música que até hoje é minha base e meu ganha-pão. Eumir, Menescal, Sérgio Barroso, Luis Carlos Vinhas e tantos outros mais, que não me davam a mínima, dada a minha tenra idade. Até que um dia Menescal descobriu que eu pegava o violão do meu irmão escondido. Ou melhor, meu irmão descobriu, e mostrou para o amigo. Fiquei furiosa, mas não precisava: por causa desta descoberta, tempos depois Menescal me chamou para uma gravação dele, participando de um coro, onde eu até ganhei uns trocados, já aos 16 anos. Ou terá sido aos 15? Não lembro mais.

(nossa mãe só não gostava quando aparecia lá em casa o Carlos Imperial, amigo do meu irmão que ela considerava péssima influencia. Mas a bossa-nova prevaleceu, pois era tão mais interessante...)

Era bom músico, meu irmão, mas desistiu da idéia de ser profissional porque casou cedo e tinha outros planos. Fez carreira em banco, mas continuou tocando sua Gibson nos bailes da vida durante algumas décadas.

E aí está ele com a namoradinha de colégio com quem se casou em 1958 (ao lado, um dos netos), completando inacreditáveis 50 anos de casados. Casamento, eu sempre digo, quando é bom é ótimo, quando é ruim é péssimo. O deles deu certo, e foi devidamente festejado neste final de semana. Minha frustração aos 10 anos de idade, por não ter sido dama de honra da noiva, foi resolvida neste sábado, quando cantei na igreja para o re-casamento deles. Na festa, o casal escolheu dançar a 'Valsa de uma Cidade', na velha gravação original de Lúcio Alves ('Rio de Janeiro/ gosto de você...') Um luxo. Somos uma família muito, muito carioca.

PS- ainda na festa, meu primo paulista, companheiro de infancia e adolescência, 4 anos a mais que eu, sentiu falta de algumas pessoas que normalmente deveriam estar lá. "Cadê os velhinhos da família?", ele me perguntou. Tive de responder a ele: "agora somos nós..."

2 Comments:

At 8:18 PM, Blogger Unknown said...

Joyce querida,
Sua voz é fantástica.Eu tenho apenas 16 anos e sou fascinada pela sua música.Realmente,você continua encantando com a sua voz e o seu trabalho.Parabéns!
Bem,numa das suas postagens anteriores,você comentou sobre o fato de que seria uma boa idéia Machado de Assis sair em quadrinhos...
Hoje abrindo o jornal,me deparei com a notícia:" "A cartomante",de Machado de Assis,ganha versão em quadrinhos pela editora Zahar,com direito a fotos e desenhos se misturando."
Acho que ouviram sua dica!ahahaha.
Um beijo querida!

 
At 7:01 PM, Anonymous Anônimo said...

Joyce, minha bela,
entendi perfeitamente a sua piada (adoro você!) mas, falando mais sério, a questão não é a velhice, mas a maneira que escolhemos vivê-la. Acho lindo encontrar gente madura com tesão na vida, na arte, nas relações sociais, cheio daquela bossa bacana de quem já viveu tanta coisa.
Nascer, crescer, amadurecer, envelhecer... tudo isso é uma arte. Todo mundo desafina e faz bonito em algum momento, mas tem gente _ como VOCÊ _ que faz bonito sempre!
Beijo, minha linda

Adriane

 

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