a velha Europa
Adoro quando tenho de ir `a Europa por alguma razão de trabalho. Tudo funciona (quase sempre), principalmente se estamos nos países mais 'antigos' da Comunidade Européia. Quanto mais ao norte, mais azeitadinha é a máquina. Por isso estou feliz por ter um trabalho agendado na Dinamarca em agosto _ país onde meu pai nasceu, e de onde vem, portanto, parte do meu DNA.
(Este é o belíssimo e extremamente charmoso cidadão que saiu da Dinamarca com pais e irmãs, ainda antes da 2ª guerra, e veio parar no Brasil, onde fez vários filhos com diferentes parceiras, embora não tenha criado nenhum de nós. Paternidade responsável continua um item difícil de achar, até hoje. Todos os dias fico sabendo de histórias no genero, em todos os níveis e classes sociais. Mas nos anos 40/50, francamente... era avant-garde demais, mas minha mãe, corajosamente, bancou esta produção independente que vos fala.)
De volta ao cada vez mais velho continente _ como incomodam as notícias esquisitas que leio sobre a moderna Europa, tão moderna que está ficando cada vez mais antiga. Acabou a moleza, acabou a tolerancia, tudo parece uma gigantesca sucursal da imigração americana. As pessoas impedidas de entrar, maltratadas pelos agentes na razão direta da cor da pele. Como diz minha filha, residente na Alemanha e totalmente legal, a vida muda depois que se entra na normalidade oficial, com toda a papelada em dia. Mas até chegar lá, é dureza. Não foi por menos que ela e o marido saíram correndo da prefeitura, ainda vestidos com as roupas do casamento, com buquê e tudo, direto para o departamento de imigração, e fizeram o burocrata de plantão assinar o documento dela ali na hora mesmo.
Não entendo países de imigrantes _ como a Espanha, com toda a sua história na América Latina e além _ que barram agressivamente a chegada dos latinoamericanos, quase sempre seus parentes próximos tentando regressar `a pátria dos avós. Ninguém deixa seu país porque quer, mas porque não tem outra saída. Claro que algum controle há de haver. Mas o endurecimento tem sido desproporcional, e muitas vezes atingindo as pessoas erradas.
Quanto a mim, não se preocupem, que eu não tenho a menor intenção de me mudar pra Dinamarca. Apesar de todos os muitos pesares que pairam sobre a minha amada cidade.
PS- esqueci de dizer, a foto no alto é de um país ainda pretendente a membro da Comunidade Européia: foi tirada em Skopje, na Macedonia, onde a comida é meio grega, o bairro histórico é muçulmano, a comunidade cigana é enorme e a principal rede de TV vem da Sérvia. Culturas ultra-misturadas. E são fãs da música brasileira! Na viagem que se seguiu a essa, topamos com um jovem garçom macedonio num restaurante 'italiano' no West Village, em NY. O que ele nos disse é que falta perspectiva para a juventude de seu país, por isso todos estão loucos para emigrar para qualquer outro lugar. E moram bem ali, na Europa...
4 Comments:
Joyce, quero te agradecer pelo belo show que você com o Toninho Horta no meu festival. Só escuto elogios da platéia. E como eu gosto de ouvir a voz rouca das ruas, fico feliz em saber que essas vozes confirmam o sucesso. Valeu! Tim Filho, TIM Valadares Jazz Festival (Isso é bossa nova, isso é muito natural).
O atual gobernador espanhol, Zapatero, está reforçando as medidas pra barrar a chegada de imigrantes e controlar sua regularização. Mas ele sempre foi criticado por outros países da Europa por o contrario, por ser demasiado permissivo.
Joyce, espero algum dia ver um show seu em Barcelona.
Saudacões cordiais,
Jordi
Com um dinamarques desse, tua mãe tinha mesmo que é que encarar o desafio! Pelo menos descobri a origem de teus olhos Joyce!
Meu corpo é minha casa, o mundo é meu quintal. Que divisão infeliz essa que nos separa... Olhando lá de longe (estou falando bem longe), somos pontinhos - nós, os terráqueos.
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