natal, bossa e amores
Todo ano ela faz tudo sempre igual... Wanda gosta de receber os amigos, e quando chega a época de Natal a turma se reúne na casa dela. Aí está o pessoal na nossa festinha, exceto o Tutty, escondido, e a Ivone batendo a foto.
Neste ano teve um pouco de tudo, comidinhas gostosas (especialidade da nossa amiga W), muita conversa, roda de violão mostrando as músicas novas, e até uma prece ecumênica pra quem quisesse participar. Foi tudo ótimo, mas pra mim o ponto alto da noite deu-se depois do jantar, quando rolou um papo que seria lindo se não fosse sério. Ou vice-versa. De repente, não mais que de repente, surgiu uma conversa sobre amor, paixão, romance e outros sentimentos leves. Se Vinicius estivesse presente, teria adorado. Vejam só.
Carlos e Marcos são parceiros numa canção (música do Marcos, letra do Carlinhos, se não me engano) que ao final diz o seguinte: "a paixão é fugaz, um romance é pra sempre". Na verdade, não sei bem se era "um romance" ou "o romance", que no caso faria mais sentido. A partir daí, rolou uma discussão animada sobre o assunto. Houve quem fosse partidário das paixões (Vinicius certamente seria, este era o grande motor de sua vida). Houve quem dissesse que amor é chato, a paixão é que é o grande lance (compreensívelmente, a ala mais jovem). Carlinhos se esforçava para explicar o que quis dizer com "romance", que não é propriamente amor, nem paixão, é outra coisa. Mas o quê, exatamente? Quem explicou tudo foi alguém que é de falar pouco, mas teve um grande insight nessa hora. Meu também parceiro Marcos resumiu a ópera dizendo simplesmente o seguinte: romance é manutenção. Claro! Ele que já fez com o irmão uma deslumbrante canção chamada "O Amor é Chama", prima do poema de Vinicius ('infinito enquanto dure...'), descobriu a pólvora. Manutenção, é isso.
A conversa me lembrou o casamento de nossos amigos Paulo Moura e Halina. Foi numa casa de shows na Lapa, que eles fecharam para a festa, com música ao vivo e outros babados. Halina é judia, Paulo é originalmente ligado `as religiões afro-brasileiras, mas quem os casou foi o católico Frei Betto, que a certa altura disse o seguinte aos noivos: "nunca se esqueçam de que marido e mulher não são parentes _ marido e mulher são amantes!" Pois é, taí o tal do romance, a manutenção do desejo, da admiração, do carinho, a continuidade da caminhada, sem que os dois se esqueçam em momento algum das razões pelas quais estão juntos.
Amizade num casamento (ou em qualquer tipo de relacionamento) é imprescindível. Mas não basta. A paixão acende o primeiro click, sempre. Mas é preciso ainda mais. Daí pra frente, há que se cuidar da manutenção. Romance, é lógico. Ou a plantinha seca, e a vida fica árida e sem graça. É ou não é?
3 Comments:
Paixão, romance, sexo. Alguns conseguem separar, conviver caso a caso. Para os homens de Escorpião, como eu, isso vira salada mista, mixing pot. Sexo seria a mola propulsora – gostei da colocação. Paixões são raras, complicadas, interferem no organismo. Romance é sonho, quarto minguante. Pode ser vivido além de seu ciclo natural. E nem precisa da tal reciprocidade – detesto a expressão. Tive quando garoto um romance duradouro com a Leslie Caron, que só conhecia das telas. Hoje com Carol Welsman – cantora e pianista canadense da pesada, com quem troco e-mails. Como todo escorpiano, sou mestre em sedução, mas o pós-operatório é sempre lamentável. Todos os sentimentos vazam no prazer final, pelo ladrão. A única coisa que sei é a incrível afinidade com mulheres piscianas, como minha mulher, uma prima – fatal na vida de qualquer um -, entre outros casos menos ou mais importantes. Sempre peixes, impressionante. Esse assunto é prá mais de metro. Procuro me esquivar, autodefesa prévia. É como diz Donato: “Água!!!!!”
PS. Um abraço em Wandão!
Ah, como eu queria cruzar com esses convidados em festas por aí..
Na correria de fim-de-ano aliado a "pedras" no meio do caminho, sendo que esse caminho é o percurso curto estreito entre o rim e abexiga, e isso significa muita dor, hospital e cirurgia, eu não tinha lido esse post. Mas, sempre é tempo, então aí vai:
Esse assunto é complicadíssimamente simples, depende de cada um, ou cada dois (no caso o par). Paixão é golpe é sangria, fúria de ventania...já dizia o poeta, já cantava a musa. O Amor é de fixar moradia na casa do coração. Já esse lance de manutenção não tem receita. Acredito que o amor, se verdadeiro vai sempre estar alí, eternamente. Fases da vida, filhos, cotidiano, stress, crises, e de repente onde foi parar o amor, cadê a paixão? O Amor maduro não precisa de nada disso, acho, está ali e isso é o bastante. Fases de festa, fases de frio, fases de ausência de manutenção, fases de viver enguiçado, de pegar "no tranco", de "afogar", de fundir motor, e olha que nos dias de hoje as fases piores são as mais recorrentes, pois a demanda externa é grande, e sendo os dois movidos a paixão por tudo...inflamáveis... Difícil não sai chamuscado...
Manutenção sem dúvidas, mas sem receitas senão vira obrigação.
Minha vivência: filha pequena em casa, depressão pós-parto, ciúmes da mais nova, rotinas alteradas pela nova integrante, casa de pernas pro ar, mulher de cabelos em pé, marido de mau humor, cansando, filha mais velha carente, filha mais nova pulsando a vida elétricamente por todos os lados.E o casal? E o amor? E o sexo? (o que é isso? perguntávamos...) Domingo passado, na casa de verão da sogra (amada), tarde da noite, madrugada já, Annita dormiu, Giullia também. Adultos conversando da sala. Nos olhamos, e decidimos: VAMOS!
Passei a mão numa champagne que tava na geladeira, saimos sem dar muita explicação. Estrada, o motel dos tempos de solteiro, não pelo apelo erótico, mas pela provacidade que ha muito nao tínhamos mais, afinal minha cama andava sendo dos quatro (lembra da camona que usam no hospital de partos da Alemanha? Pois é, fiz a minha) E num piscar de olhos, estavámos lá, e por algumas horas o amor mostrou que estava vivo e daí foi paixão, amor, brincadeiras e muita risada junto. Vimos que nada mata o que é verdadeiro, nem mesmo a sua própria razão de ser.E mesmo sentimentos nem tão românticos, até mesmo uma briga, um stress, é uma forma de amar. Mas não se discute que no dia seguinte, as baterias estavam re-carregadas e que antes de um novo "tango argentino" aqui em casa ou mesmo de uma nova "tourada em madrid" não vamso nos esquecer daquela noite. É isso.
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