águas de março em abril
"Todos sabem como foram as águas em 60. Como choveu!" disse Tom Jobim no texto de contracapa do 2º disco de João Gilberto, 'O Amor, o Sorriso e a Flor', produzido e arranjado por ele durante uma temporada chuvosa na serra. Águas caudalosas no Rio não são novidade, aparecem de tempos em tempos. Mas desse jeito, havia muito que não acontecia. Diz a prefeitura que é o maior volume de chuvas desde 1962.
(Eu não me lembro das chuvas de 1962. As de 1966 e 1988, lembro bem)
Moramos numa encosta, num prédio aparentemente seguro. Mas um pedaço dessa encosta, na rua ao lado, desabou na noite passada, atingindo um clube que fica nas imediações e deixando uma casa próxima com os alicerces a descoberto. Não sei se construir em encostas, ainda que com toda a segurança possível, é correto. Nas favelas, o pessoal das construções informais é quem mais está sofrendo, e até o momento a conta já ultrapassou os 80 mortos.
Já passei por terremotos e tufões no Japão, e nunca tive medo. Sempre senti firmeza nos edifícios de Tóquio, que segundo me dizem, são preparados para acompanhar o balanço da terra, como se tivessem fundações de rolimã. Mas no Rio de Janeiro, neste momento, já são mais de 24 horas de chuva ininterrupta na cidade. E não é pouca chuva:
Mas chuva grossa quando cai causa temor
Chuva perigosa, chuva traiçoeira
Chuva levando tudo o que tem de valor
Chuva caprichosa, chuva da ribeira
Chuva respondendo
Nunca mais silenciosa
Chuva caudalosa feito cachoeira
Chuva carregando
Rua, gente, casa, roça
Tudo o que possa
Pra ribanceira
É assustador e preocupa. Não há o que fazer a não ser esperar que passe.
4 Comments:
joyce,
bem,
já dizia um amigo por aqui...a natureza prossegue e não tá nem aí pra nossa dor-de-cabeça!
mas, é triste ver a calamidade que as águas provocam...como foi no começo do ano em sampa e agora aí...anos atrás no sul do brasil...e mesmo poracá não é diferente.
quanto aos terremotos, sou um flagelado de kôbe,1995, quando tocava numa temporada por lá...sobrevivi e fizemos até resgate...uma estória longa e triste...toda a tragédia humana que se desenrola nos dias subsequentes ao sismo...
que a tempestade cesse por essas plagas...
abraçsons
é triste ver tanto dano. por mais que chova, o q realça é o erro cometido por sucessivas ocupações urbanas em encostas , em várzeas e etc que acabam dando neste resultado perverso as populaçoes das cidades.
torcendo pra que a chuva passe logo.
abs
paul
Pena não ter sido a realidade um "Chuvisco", como o título da música. Esta, inclusive, afirma com sabedoria que é "a chuva respondendo". A resposta merecida a uma humanidade imprudente. Rezo pelas chuvas gloriosas, parideiras, generosas, e pela nossa conscientização em relação ao planeta e à sociedade.
Mesmo assim tragédias naturais acontecem em várias partes do mundo com vítimas. Dessa vez acho que choveu demais.
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