terça-feira, abril 06, 2010

águas de março em abril


"Todos sabem como foram as águas em 60. Como choveu!" disse Tom Jobim no texto de contracapa do 2º disco de João Gilberto, 'O Amor, o Sorriso e a Flor', produzido e arranjado por ele durante uma temporada chuvosa na serra. Águas caudalosas no Rio não são novidade, aparecem de tempos em tempos. Mas desse jeito, havia muito que não acontecia. Diz a prefeitura que é o maior volume de chuvas desde 1962.

(Eu não me lembro das chuvas de 1962. As de 1966 e 1988, lembro bem)


Moramos numa encosta, num prédio aparentemente seguro. Mas um pedaço dessa encosta, na rua ao lado, desabou na noite passada, atingindo um clube que fica nas imediações e deixando uma casa próxima com os alicerces a descoberto. Não sei se construir em encostas, ainda que com toda a segurança possível, é correto. Nas favelas, o pessoal das construções informais é quem mais está sofrendo, e até o momento a conta já ultrapassou os 80 mortos.

Já passei por terremotos e tufões no Japão, e nunca tive medo. Sempre senti firmeza nos edifícios de Tóquio, que segundo me dizem, são preparados para acompanhar o balanço da terra, como se tivessem fundações de rolimã. Mas no Rio de Janeiro, neste momento, já são mais de 24 horas de chuva ininterrupta na cidade. E não é pouca chuva: 

Mas chuva grossa quando cai causa temor
Chuva perigosa, chuva traiçoeira
Chuva levando tudo o que tem de valor
Chuva caprichosa, chuva da ribeira
Chuva respondendo
Nunca mais silenciosa
Chuva caudalosa feito cachoeira
Chuva carregando
Rua, gente, casa, roça
Tudo o que possa
Pra ribanceira

É assustador e preocupa. Não há o que fazer a não ser esperar que passe.

4 Comments:

At 11:22 PM, Blogger pituco said...

joyce,

bem,
já dizia um amigo por aqui...a natureza prossegue e não tá nem aí pra nossa dor-de-cabeça!

mas, é triste ver a calamidade que as águas provocam...como foi no começo do ano em sampa e agora aí...anos atrás no sul do brasil...e mesmo poracá não é diferente.

quanto aos terremotos, sou um flagelado de kôbe,1995, quando tocava numa temporada por lá...sobrevivi e fizemos até resgate...uma estória longa e triste...toda a tragédia humana que se desenrola nos dias subsequentes ao sismo...

que a tempestade cesse por essas plagas...

abraçsons

 
At 2:15 PM, Blogger Paul Constantinides said...

é triste ver tanto dano. por mais que chova, o q realça é o erro cometido por sucessivas ocupações urbanas em encostas , em várzeas e etc que acabam dando neste resultado perverso as populaçoes das cidades.

torcendo pra que a chuva passe logo.
abs
paul

 
At 8:49 PM, Anonymous Cecília Freitas said...

Pena não ter sido a realidade um "Chuvisco", como o título da música. Esta, inclusive, afirma com sabedoria que é "a chuva respondendo". A resposta merecida a uma humanidade imprudente. Rezo pelas chuvas gloriosas, parideiras, generosas, e pela nossa conscientização em relação ao planeta e à sociedade.

 
At 11:16 PM, Blogger RICARDO MANN said...

Mesmo assim tragédias naturais acontecem em várias partes do mundo com vítimas. Dessa vez acho que choveu demais.

 

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