terça-feira, janeiro 27, 2015

Rescaldos de uma turnê



Ando meio sumida, porque estive na estrada. Entramos 2015 com uma tour europêia que só trouxe calorosas alegrias, apesar do frio do inverno. E tocamos em lugares mais do que gelados - Londres, Paris, Viena, Escandinávia e outros locais igualmente congelantes. Pegamos neve, chuva e vento. Meu amado violão Di Giorgio vintage sentiu o tranco, comportou-se bem, mas terá de ser substituído numa próxima viagem, ou sua sobrevivência estará ameaçada. Como disse um amigo luthier e músico, é um instrumento que não foi desenhado nem pra sair do Rio. Pensando bem, eu também não, mas aguento o tranco melhor do que a madeira. Apesar dos 67 que vou fazer daqui a uns dias.

(Idade perigosa, em que partiram Vinicius e Tom... Mas minha turma de amigos está toda fazendo 70 anos, com galhardia e saúde. Então, yes, I can!)

Tivemos lotação esgotada, sold-out, em 95% dos lugares onde tocamos. Houve quem não achasse mais ingressos à venda numa cidade e viajasse para nos assistir em outra. Sendo esta outra num país relativamente distante. A música rolou divinamente bem. A amizade dentro do grupo, mais uma vez, se fortaleceu. E nenhum voo foi cancelado ou perdido, nenhuma mala extraviada, os trens saíram no horário, nenhum de nós adoeceu, tudo nos conformes. Meu neto Tomaz foi um roadie amador de primeira, estreando na função de ajudar a cuidar do meu violão, do meu equipamento, das malas e de mim -  e vendo por si mesmo as realidades da estrada e o peso que tem a música criativa brasileira no mundo.

Hoje estamos na Alemanha, turnê encerrada, curtindo a familinha daqui. Semana que vem, a volta ao Brasil, com o esperado choque que sempre bate quando chegamos. É como voltar de um sonho bom para a dura realidade.

Mas não vamos desistir do Brasil, não.