domingo, setembro 25, 2011

rock in rio: eu vou...

... ficar em casa, dizem os brincalhões da internet. Mas é o melhor a fazer, ao invés de enfrentar filas, lama, dificuldades no transporte e eventuais batedores de carteira, além dos mega engarrafamentos no trânsito da minha cidade. Programa cotação 'cinco ocas' no meu ranking pessoal, mesmo para quem gosta de rock, o que não é o meu caso.

Mas estivemos lá em 1985, na primeira edição. Nossas filhas tinham ido na famosa noite que teve George Benson, James Taylor, alto astral, lua cheia, etc, levadas por amigos nossos - e quiseram ir de novo no dia seguinte. Pois nos conformamos e as levamos, como amorosos pais. Choveu direto nesse dia, e o que se via no muito ao longe (não havia ainda o recurso dos telões) era um penacho que se movia pelo palco, e que depois identificamos como sendo Nina Hagen (hoje tive de explicar ao meu neto quem era essa pessoa. Artistas do mundo pop-rock, na maioria das vezes, somem sem deixar vestígio).

E claro, não posso esquecer que um dia também estive artista pop, e toquei com meu grupo no Rock In Rio... em Lisboa! Foi em 2004, e é daí que vem a foto acima. Pois não tendo nenhuma foto deste show no arquivo do computador (talvez tenha algumas convencionais, em papel, mas daí até encontrar é um longo tempo, que não quero perder), restou a foto da nossa incursão gastronômica em Lisboa logo depois do concerto, na excelente Tasquinha d'Adelaide, com direito à própria ao meu lado, sob as bençãos do Pessoa enquadrado sobre nós.

Sim, estive pop durante alguns anos, na Europa, quando minha música caiu nas graças de alguns DJs ingleses influentes, formadores de opinião, e isso me levou a festivais de grande porte, como o de Glastonbury, na Inglaterra (o festival inglês que deu origem à sua famosa réplica americana, Woodstock), do qual participamos duas vezes, em 1994 e em 2006. E no Palco Raízes, no Rock In Rio Lisboa, em 2004. Posso dizer que no fundo, no fundo, é tudo a mesma coisa: confusão, multidão, muita lama, um corre-corre, som ruim no palco (pois nunca dá tempo para uma passagem de som decente) e você toca para uma garotada que está lá pela festa e, eventualmente, para os fãs de verdade, que iriam lhe ver em quaisquer circunstâncias mesmo.

(Nossa passagem pelo festival de Glastonbury de 2006 teve lances tragicômicos, pois tínhamos tocado em Estocolmo na véspera e nosso voo até Londres, naquela mesma madrugada, atrasou. Chegamos em cima da hora (nossa apresentação era à uma da tarde!), o aeroporto ficava do outro lado da cidade, e a van que nos levava até Glastonbury ficou presa na gigantesca massa de gente que lotava a fazenda onde o festival acontecia. A van não se movia e tivemos que trocar de roupa ali mesmo, sem esperar pelo camarim. Eu, muito sem graça, pois estávamos todos juntos, a banda toda. Foi quando o Tutty, filosófico e pragmático, me sussurrou: "faz de conta que estamos na praia". Enfim, vestidos e prontos, ainda assim chegamos com meia hora de atraso para o show, nosso tempo se esgotava, e só pudemos apresentar um show pela metade, para não atrasar a atração seguinte...)

Por essas e outras, confesso que foi um alívio quando os fãs daquela época se tornaram adultos, e agora lotam os locais de jazz, sejam teatros, casas noturnas ou festivais, onde até hoje tocamos pelo mundo. Estão lá pela música, e não mais pela festa. A vida assim é bem mais real. Meu reino, definitivamente, não era daquele mundo.


sexta-feira, setembro 23, 2011

as fotos!

Estas são as fotos recentes das últimas gravações do nosso 'No Compasso da História', que já começou a ser exibido (quinzenal e discretamente, por enquanto) no ainda pouco visto canal 14 da NET-RJ, mas que certamente irá ao ar, em algum momento, em canal onde possa ter maior visibilidade.

Na despedida das gravações em estúdio, a equipe toda - toda mesmo, desde o gabinete da presidência até a moça que serve o cafézinho, com direito aos cameramen, ao pessoal de luz e som, produção, maquiagem, figurinos, diretora e convidados... - se reuniu para celebrar, cantando junta o tema da abertura - "História do Brasil', de Lamartine Babo.

Encerrando a parte musical do programa que trata do Império, aqui estamos, eu, Antonia Adnet, Clara Sandroni e Marcos Sacramento, cantando 'Os Cinco Bailes da História do Rio', que comenta momentos marcantes como a chegada da Corte, a Independência e, finalmente, o baile da Ilha Fiscal, às vésperas da proclamação da República.

Depois, as externas que faltavam... Nesta foto estou no lago Frei Leandro, no Jardim Botânico, casa das vitórias-régias.

Eu e Marcos Sacramento no Museu Nacional de Belas Artes, entre quadros deslumbrantes de Eliseu Visconti, Vitor Meireles, Henrique Bernardelli, Portinari, Di Cavalcanti...

Mais MNBA...

E em seguida, nós aqui, de volta ao Jardim Botânico. Fomos gravar, por acaso, justamente no Dia da Árvore - e a criançada da rede escolar estava lá em peso abraçando as belíssimas árvores centenárias que nos rodeavam.

O Rio tem lugares espetaculares para se conhecer. Lugares que nós, cariocas, muitas vezes deixamos de frequentar, por falta de tempo e oportunidade, e por achar que 'um dia desses a gente vai lá'. Com as gravações, pude ver e/ou rever alguns desses locais imperdíveis... E outras externas ainda virão.


terça-feira, setembro 20, 2011

na gafieira segue o baile calmamente...

Seguem aqui algumas fotos da minha passagem pelo Democráticos, ao lado de Pedrinho Miranda.

Nas fotos aparecem também Luis Filipe de Lima (7 cordas, produtor de meio mundo no samba) e o excelente jovem bandolinista Luizinho Barcellos. Quem não aparece nas fotos, mas arrasou, é a infernal seção de percussão, comandada por Beto Cazes, com os jovens Thiaguinho da Serrinha e Cláudio Brito (neto do nosso querido Ovídio Brito - saudades!), que aparece de leve ali ao fundo.

Quem viu, viu - e dançou!




sábado, setembro 17, 2011

por enquanto...


... Vai esta foto do Nivaldo Ornellas quarteto, que hoje no final da tarde estará tocando Coltrane ao ar livre, num quiosque na orla do Rio. Não vai chover e o dia está lindo; portanto, deve ser programa imperdível para locais e não-locais. O Rio tem dessas coisas.

Estou daqui aguardando fotos dos últimos acontecimentos musicais - o final das gravações em estúdio da nossa 'No Compasso da História', com os queridos e espetaculares convidados Clara Sandroni e Marcos Sacramento dando conta do repertório que fala do Brasil Império - e a festa da equipe, despedindo-se de uma série que deu tanto trabalho, mas também tantas alegrias. Ainda não são férias pra mim, pois temos ainda sete externas e muitos textos em off para gravar. Mas a parte mais trabalhosa (e mais divertida) acabou nesta quinta, quando eu, Antonia, Sacramento e Clara cantamos/tocamos as últimas notas de "Os Cinco Bailes da História do Rio", de Silas de Oliveira, Dona Ivone Lara e Bacalhau, o clássico samba-enredo do Império Serrano em 1965 ("algo acontecia... era o fim da monarquia").


Ontem fiz o que muitos amigos e família consideraram uma pequena maluquice da minha parte: eu, que durmo sempre tão cedo, fui dar uma canja (à uma da manhã!) no Clube dos Democráticos, tradicional gafieira da Lapa, onde meu jovem novo amigo Pedrinho Miranda faz um baile mensal, com convidados (que ontem éramos eu e o grande Tantinho da Mangueira). Pois foi pura diversão, e meus sambas 'Banda Maluca', 'Samba da Zona' e 'Feminina' ferveram na pista. Sem falar no prazer de ouvir Pedrinho e seus músicos, dando um banho de suingue e alegria, num delicioso repertório de sambas sincopados.

Quando as fotos vierem, vocês vão ver!


domingo, setembro 11, 2011

I love NY


Hoje se completam 10 anos do dia em que nossa cidade amada, New York, sofreu o atentado que derrubou as torres do WTC. Por aqui hoje só se fala nisso: onde se estava, qual a primeira sensação ao ver/ouvir a notícia, etc.

Eu me lembro muito bem de onde estava (no Rio, com minha filha mais nova), e sei que o Tutty estava em SP (ensaiando com amigos), e também lembro da sensação geral de que aquele filme estava sendo real demais. Mas não posso esquecer que, infelizmente, alguns apressados e/ou inconsequentes chegaram a dizer: "bem feito", sem se dar conta de que ali entrava o Terceiro Milênio, e seu começo não era uma promessa de paz. E de que nunca mais nossas vidas seriam as mesmas. E que o mundo, que parecia tão ao alcance de todos, iria ficar cada vez mais difícil de se percorrer.

New York tem suas durezas e dificuldades. Tem aquela famosa 'New York attitude', que não respeita nem furacão. Tem o esnobismo de dizer "if I can make it there, I'll make it anywhere". Tem aquele pessoal que fica no balcão e bate com a grade do guichê na sua cara. Tem a frase-símbolo dos novaiorquinos - "it's your problem" e sua variante, "I don't care" (que em Paris se chama "desolé", e aqui no Brasil começa com a letra F).

Mas amamos essa cidade. Foi onde eu e meu companheiro nos conhecemos e nos apaixonamos. Onde duas de nossas quatro filhas moraram por algum tempo. Onde também passamos poucas e boas. Ainda é - e sempre será, acredito - um imperdível lugar de música e de todas as outras artes. E é, sim, a capital do mundo, onde tem de tudo um muito.

Em 2000 - um ano antes do atentado, portanto - eu escrevia uma coluna semanal no jornal "O Dia". Voltando de uma tour americana, escrevi o texto abaixo sobre uma adorável figura novaiorquina, que conheci de passagem. Segue aqui, então, em 11 de setembro de 2011, este modesto tributo à minha cidade tão querida.

GENTILEZA


(publicado em 10/8/2000)


Lyonette deve andar pelos seus 70 anos, ou quase. Trabalha no café da livraria Barnes and Noble (filial Chelsea, 6ª Avenida, em Nova York), usa um uniforme preto com aventalzinho branco de garçonete e prende os cabelos com uma rede que me faz lembrar alguma coisa boa da minha infância, nas profundezas dos anos 50. Terá sido por isso que gostei tanto dela? O cabelo preso com rede terá talvez me levado de volta ao quarto da Nercília, que trabalhava em nossa casa, comprava “A Modinha Popular” e sumiu com um namorado num dia de carnaval.

Talvez Nercília tenha envelhecido com a cara de Lyonette. Talvez Lyonette seja uma Nercília americana, já cansada de muitos carnavais, hoje atendendo num balcão de cafeteria. Ela deve ter filhos e netos, uma família, uma igreja, uma comunidade a que pertence. Trabalha na Barnes and Noble de segunda a sábado, horário integral, servindo cappucinos e croissants para novaiorquinos estressados. E no entanto, Lyonette é uma pessoa gentil. Coisa rara, raríssima em Nova York, onde cada vez mais é cada um por si e salve-se quem puder.

Tomar café da manhã dentro de uma grande livraria, que tem praticamente qualquer livro que se queira, é um prazer que pode ser facilmente estragado por um mau atendimento. Novaiorquinos são assim mesmo: não estão nem aí para você ou seus problemas. Se você pergunta “tudo bem?”, arrisca ouvir de volta um “não é da sua conta”, para dizer o mínimo. Nas lojas, os vendedores são arrogantes, vai comprar ou não? Azar o seu. Próximo! Coisas de país rico demais, onde um cliente a mais ou a menos não faz a menor diferença.

Por isso fiquei fã de Lyonette, que me pergunta como eu vou, se quero hoje o mesmo de ontem, como foi meu dia _ essas coisas simples que a gente ainda faz aqui no Brasil. Por gentileza, e nada mais.



quinta-feira, setembro 01, 2011

fotos do lançamento


Mostro aqui pra vocês fotos da nossa festa de lançamento do 'No Compasso da História' (de novo, vejam o trailer no YouTube: http://www.youtube.com/watch?v=C_uU_EsImbE), no Palácio da Cidade. Nesta primeira, aqui estamos, a partir da esquerda, a apresentadora da Multirio, Lica, nossa diretora Leila Hipólito, a presidente Cleide Ramos (minha grande parceira nessa aventura) e a secretária de educação do município, Claudia Costin.

E os amigos e parceiros queridíssimos Donato e Menescal...

... E claro, sempre presente, Hermínio Bello de Carvalho...

... Nossos convidados do programa ( e cantores espetaculares) Pedro Paulo Malta, João Cavalcanti e Marcos Sacramento...

... Eu, Menesca e Cris Delanno...

... E mais algumas fotos que comprovam que a música brasileira é capaz de desengomar até o ambiente mais formal, como a sede da prefeitura da cidade...

Foi pura alegria, diversão e a sensação do dever (quase) cumprido. Ainda não terminamos as gravações, que devem prosseguir até outubro. Mas prometem!