quarta-feira, janeiro 29, 2014

próximas paradas

 Pois então, inicio aqui a contagem regressiva para as próximas paradas…

Começando com um show na próxima semana que tem tudo para dar certo: eu e o jovem grupo Casuarina,  revivendo o repertório do show Opinião, que faz 50 anos. Muito Zé Keti, João do Valle, e a presença, eterna e implícita, da querida Nara Leão.

Logo em seguida, uma semana depois apenas, virão as gravações do novo CD - do qual já falei aqui - ainda sem título, que faremos para o Japão (mas eis que a Europa já se interessou…), de pura bossa-nova. Roberto Menescal, o querido aí da foto acima, estará presente como um convidado mais que especial - ele que me levou para um estúdio de verdade pela primeira vez, em 1964, tinha eu 16 anos incompletos… Vai ser lindo, e os super músicos Hélio Alves e Rodolfo Stroeter já estão com a vinda agendada para gravar com a gente.

Pensam que acabou? Que nada! Em março sigo para NY, a convite deste maravilhoso pianista que aparece na foto com meu brother Dori Caymmi: Kenny Werner, que já atuou nos meus CDs feitos para a americana Verve, e também no 'Rio-Bahia', meu CD de 2005 em parceria com Dori. Eu e Kenny tivemos uma experiência de duo, na última vinda dele ao Brasil (está no YouTube, foi uma canja sem ensaio, trapézio sem rede total..) e daí surgiu a idéia de fazermos um CD assim. Voz e piano somente, a princípio (o violão não está de todo descartado, mas não deve dar a tônica). E canções, da minha terra ou da dele, cuja única exigência é que sejam bonitas. Muito, muito bonitas. Periga ser quase um "Slow Music 2"...

Assim começa 2014, ano de gravar, fazer e criar, antes de 2015, que certamente será um ano de turnês com o repertório destes dois discos (a Europa já está agendada, logo no comecinho do ano que vem).
E vamos nessa!


sábado, janeiro 11, 2014

facebook - impressões de uma novata

Enfim, depois de muito dizer que não tinha interesse em redes sociais, eis que me vi dona de um perfil no facebook. Na verdade, um perfil criado pelo pessoal que trabalha na minha produção em SP, em parceria com a gravadora de Londres. Tudo começou quando lancei a idéia de convidar o público a votar e assim escolher qual seria o CD lançado em 2013, "Rio" ou "Tudo". Encerrada a votação, com a vitória do "Tudo", ficaram lá, inativas, uma página de artista e outra de perfil pessoal, que fui usando este ano, pela curiosidade de ver como era.

A primeira conclusão a que cheguei foi de que não, eu não quero ter um milhão de amigos. Os mais de 1.500 pedidos de amizade que se acumulam na minha página vão ficar por lá mesmo. Não aceito ninguém que eu não conheça pessoalmente, esta é a regra de ouro. E mesmo que conheça, se não vejo a pessoa há tempo demais, é que a amizade saiu do prazo de validade. Melhor não.

O tempo precioso que se perde é igualmente um problema. Os livros que você deixa de ler, as músicas que deixa de ouvir, os momentos de vida-ao-vivo que se perde pra ficar bestamente diante de uma tela, a produtividade que se esvai… Não admira que escolas e empresas estejam praticando uma política de retirar o acesso à internet de estudantes e funcionários.

Aprendi também que esta ferramenta tem suas regras, seus truques, suas tribos e um tipo de etiqueta à qual ainda não me acostumei de todo. Outro dia mesmo uma amiga querida ia se chateando comigo, pensando que eu a tinha excluído, quando na verdade apenas tinha desativado temporariamente o meu perfil, durante minhas férias. Vai entender! Outra coisa que me causou estranheza é um bizarro tipo de contato chamado 'cutucar' alguém. Ninguém ainda me explicou o que pretende uma pessoa, principalmente desconhecida, com uma 'cutucada' em você... Pelo sim, pelo não, bloqueio no ato. Eu, hein, Rosa?

Também me causa espanto o nível de exposição íntima a que algumas pessoas se submetem. Dificilmente alguém verá fotos e nomes dos membros mais próximos da minha família. Acho temerário e desnecessário. Os chamados 'selfies' (e sua versão moderna, os 'braggies') também não mereceram minha simpatia. Já fui informada sobre tantas coisas que não são absolutamente da minha conta, que não sei como vivi sem todas essas informações por tanto tempo...

As discussões de ordem política também não me interessam, ainda mais em ano eleitoral, quando o Brasil vai virando um mega fla x flu, como uma família de ex-parentes em luta fratricida, enquanto os ratos aproveitam para continuar onde sempre estiveram. Também dispenso.

Mas nem tudo são horrores. Há o pessoal que discute música seriamente, ainda que a música criativa hoje no Brasil esteja mais na área da ficção. Há os que simplesmente se empenham em postar belezas em forma de música, poesia e arte - meus preferidos. Há os justamente indignados, que são tantos. Há sempre um pessoal de bom-humor, trazendo uma alegriazinha ou umas risadas tão necessárias. Aliás, este tópico das risadas pra mim também é confuso. Como se deve rir online? Com o tradicional (e universal) hahahaha?  Com o discreto rsrsrs, que pressupõe aquela risadinha marota com a mão na frente da boca? Ou com o galináceo (nas palavras de Ruy Castro) kkkkk? Confesso que ainda não me decidi a respeito.

E há as mensagens de carinho, os parabéns, o estímulo quando alguma coisa bacana lhe acontece, o consolo quando se sofre alguma perda… O afeto virtual tem também seu valor, já que qualquer maneira de amor vale a pena. Ainda mais nestes tempos de solidão planetária em que vivemos. Então é isso. Entregamos nossa privacidade em troca de algum calor humano que nos distraia - pois, como diz Woody Allen, a vida nada mais é do que distração, para que a gente não perceba que um dia ela acaba. E como nos distrai, para o bem e para o mal, esse tal de facebook...