sexta-feira, dezembro 28, 2012

acaba um, começa outro

Retrospectiva 2012:

Foi um ano bacana, de muitos acontecimentos musicais, que incluíram, além de minha passagem habitual pelo Japão, uma temporada deliciosa no Dizzy's Club Coca-Cola, em NY, e um show que vai ficar na minha história particular - meu primeiro show solo (ou seja, de voz e violão, sem minha querida banda) fora do Brasil, na Ópera de Praga. Houve ainda o lançamento brasileiro do CD 'Aquarius', com shows em BH, Brasília (de onde vem o céu desta foto, aquele mesmo que inspirou a deslumbrante canção de Toninho Horta e Fernando Brant) e RJ. A gravação do 'Tudo', meu novo CD de inéditas, que espero poder lançar em breve por aqui. Alguns projetos de shows avulsos de que participei, todos interessantes. O lançamento das séries educativas que criei e apresentei para a Multirio, 'No Compasso da História', e a nova 'Pequenos Notáveis'. O encontro com novos parceiros, como Nelson Motta e Teresa Cristina. Um ano de muita música, enfim. No âmbito pessoal, algumas perdas e tristezas, mas faz parte da vida.

Para 2013, temos uma tour européia na agenda para o mês de abril, com cerca de 15 concertos já marcados (quem quiser saber mais, está no meu website). Turnês nos EUA e Canadá estão na pauta, e o Japão certamente vai rolar. Logo no início do ano, estamos preparando uma surpresa para o pessoal interessado, envolvendo shows, internet e interatividade. Me aguardem.

E claro, esperando que o Brasil possa estar cada vez mais na rota, afinal as músicas foram feitas e gravadas aqui, e para os brasileiros...

São as alegrias do ano que passou e as promessas do próximo. E vamos nessa.

PS- faltou contar que ano que vem deve sair também um DVD com o programa 'Ensaio', que gravei com direção de Fernando Faro para a TV Cultura, em 1975! Coisa do fundo do baú, que só um maluco do bem como Marcelo Fróes, do selo Discobertas, teria coragem de botar na rua...


quarta-feira, dezembro 26, 2012

verões

"Mesmo que vente, chova ou faça frio/ o janeiro do Rio é sempre no verão"... Eu amava os verões do Rio. Na infância era quando começávamos a sentir os cheiros de manga e jasmim se espalhando pelas ruas do Posto Seis, onde minha família morava. Depois, na adolescência e sempre, muita praia. O dia todo. Sem filtro solar. As noites eram fresquinhas, com uma brisa que nunca mais senti. A cidade era boa de se estar nesta época do ano.

(na foto de Lizzie Bravo, uma cena de verão bem anos 1970, quando tudo era "calor, prazer e tesão")

Na idade adulta, com filhas pequenas - depois adolescentes também - era o tempo de praia delas, e foi largamente aproveitado, todas ratinhas de praia, como eu também fui. Minhas meninas e suas pranchas de bodyboard no Recreio, no Posto Seis e em Ipanema, lindas e bronzeadas, crescendo livres numa cidade que ainda era sinônimo de verão.

Depois tudo foi mudando, as paredes de concreto impedindo a passagem do vento que vem do mar. Carros, cada vez mais carros criando engarrafamentos de nível über-paulista e piorando a qualidade do ar. Calor, muito calor. Verão ou inferno, as duas estações da minha cidade. E agora o inferno chegou.

Hoje está fazendo 43,2 Cº, com sensação térmica de 50º. Ouço dizer que ainda pode ficar pior durante o mês de janeiro. Turistas, ouçam meu conselho: não venham ao Rio agora, é o pior momento: ou vai estar impossível de se ficar na rua, ou vai cair uma daquelas tempestades tropicais, do tipo apocalipse. Sem meio-termo.  Infelizmente o reveillon cai na semana que vem. Mas se puderem, deixem para vir no outono, que é o novo verão.

PS- tristeza pela partida de dona Canô, adorável pessoa, tão querida de todos, símbolo de um bem-viver na velhice. Não gosto do termo "terceira idade": 'velhice' é mais coerente, principalmente quando é sinônimo de sabedoria, o que era o caso dela. Todo o meu respeito. Que a querida Nicinha esteja lá, com seu sorriso lindo, para recebê-la carinhosamente.


quarta-feira, dezembro 19, 2012

meus melhores votos

Sim, este seria um post de feliz natal e ano novo para todos os amigos. Mas seguem aqui alguns votos feitos com fervor para 2013, mais um ano depois do fim do mundo.

(Aliás, a primeira vez em que eu soube que o mundo ia acabar num determinado dia foi quando eu tinha 12 anos. Teve gente que não foi à escola por conta disso. Eu fui. Minha mãe achava que o mundo só iria acabar no ano 2000, e não deu atenção àquelas bobagens)

Sim, pois então, ainda que pareçam ingênuos, seguem aqui meus melhores votos para o novo dia de um novo tempo que começará daqui a 48 horas, não necessariamente nessa ordem:

- que as mulheres sejam respeitadas e tenham direito à educação e ao controle de suas vidas, por todos os rincões do planeta;

- que as religiões não sirvam de pretexto para mais guerras e barbárie;

- que aqueles que detêm o poder façam alguma coisa para deter a catástrofe do meio-ambiente, que já está acontecendo e representa um fim do mundo, este sim, bastante provável;

- que Obama consiga banir a banalização do comércio de armas de fogo no país dele;

- que aqui no Brasil, os 3 poderes não entrem em conflito, como tudo indica que pode acontecer;

- que a corrupção endêmica que vivemos fique para trás, na poeira dos tempos; 

- que a população entenda que jogar lixo no chão e subornar o guarda de trânsito é justamente onde tudo começa; 

- que o veto à lei dos royalties seja mantido;

- que o direito autoral não se transforme numa ficção;

E finalmente, por último, mas não menos importante: que alguma coisa, pelo amor de Deus, me surpreenda na música brasileira - de preferência através de alguém bem jovem, que não entre no século XXI trazendo - de novo! - mais do mesmo que já foi inventado e testado de todas as maneiras no século XX.

PAZ, AMOR E SOM!


quarta-feira, dezembro 12, 2012

Radio cabeça e outros assuntos


Acordei hoje ouvindo na cabeça "Mona Lisa", com Nat King Cole. Esse pra mim é o grande mistério do fenômeno "rádio-cabeça", ou alucinação musical, como quer o neurocientista Oliver Sacks: aquela música que brota na sua cabeça quando você acorda, sem ter tido ainda oportunidade de formular nenhum pensamento. Eu ouço música na cabeça o dia inteiro, 24 horas por dia, 7 dias na semana. Mas me intriga o acordar com música. Durante o período desperto, é natural que algum 'gatilho' dispare um som, como se fosse uma pesquisa google sonora interna. Você pensa, por exemplo, em trocar uma lâmpada - e imediatamente rola um link mental pro velho jingle da infância: "se a lâmpada queimar/ não adianta estrilar/ nem bater o pé/ o que resolve é ter logo à mão/ lâmpadas GE". OK, posso conviver com isso. Mas assim, do nada, tendo acabado de acordar? É esquisito demais.

(Na foto acima, os garotos de quem falei no post passado, reunidos no show em SP que teve ainda o luxuoso auxílio de Sizão Machado no baixo - pois no CD de 1972, Lanny Gordin dobrava baixo e guitarra. Posto esta foto porque no momento rola na minha cabeça "Farrapo Humano", com Macalé cantando, com o formato do show dele)

Voltando à minha louquíssima rádio-cabeça: ela tem gostos e reações imprevisíveis, que não dependem em absoluto da minha vontade. Numa manhã, acordei ouvindo Eartha Kitt cantar "Rififi". No dia seguinte, era Milton Nascimento cantando "Outubro" - beleza. No dia seguinte, acordo com Miles Davis tocando "All Blues", para, imediatamente em seguida, sem mais nem pra quê, trocar para "Eu Tô Cheio de Mulher", com Mário Gomes. Definitivamente, alguma coisa andou fora da ordem.

No mais, estamos preparando uma surpresa para o início de 2013, logo depois que tiver passado o fim do mundo. Me aguardem.

PS- segue aqui um link para o blog do meu parceiro Sérgio Santos, com uma postagem dele (generosa por demais!) sobre nossa novíssima e inédita parceria, "Jornal de Ontem":

http://www.sergiosantos.mus.br/setembro-jornal-de-ontem/