sexta-feira, fevereiro 24, 2012

Pery

Com tristeza ficamos sabendo da partida, hoje, de Pery Ribeiro, um dos grandes cantores brasileiros de todos os tempos. Se ele estivesse bem de saúde, teríamos nos encontrado há pouco tempo, pois ele estava escalado para participar do show que fizemos em SP no SESC Pinheiros, do Quarteto em Cy, em homenagem aos 50 anos da música 'Garota de Ipanema', que ele foi o primeiro a gravar, num registro histórico. Com sua repentina internação, sua participação neste show não foi possível, para tristeza de todos nós, artistas e plateia.

Sua vida não foi nada fácil, com uma complicada história familiar ligada aos seus pais, Herivelto Martins e Dalva de Oliveira, que virou até minissérie de TV - baseada em seu livro, "Minhas Duas Estrelas", um relato pungente e dolorido de um filho de dois grandes artistas brasileiros. A certa altura, ainda pequeno, Pery foi mandado para um internato junto com o irmão, pois o juiz entendeu que aqueles pais artistas "não tinham moral" para criar os dois meninos. Enfrentou, na juventude, o alcoolismo da mãe e a incompreensão do pai, ambos a quem amava muito. E no entanto, já adulto, no palco, ele era só música e alegria de viver.

Você perguntava em que tom ele cantava determinada música, e ele respondia: "canto em qualquer tom". E o pior é que era verdade. Grande Pery. Uma voz que vai fazer muita falta. Que chegue bem nesta viagem.


sábado, fevereiro 18, 2012

carnavais e etc


Nesta foto pré-carnavalesca, feita há uma semana atrás, eu e minha amiga-irmã Wanda Sá estamos ao lado do querido Quarteto em Cy, participando de um show delas em SP - homenagem aos 50 anos da música 'Garota de Ipanema'. A Garota está madurinha, mas os 50 são os novos 30, vocês sabem... E de qualquer modo, quem foi garota de Ipanema um dia, nunca perde a pose (vi isso com meus próprios olhos, aconteceu com minha mãe).

As próprias meninas do Quarteto impressionam neste sentido: na vida civil, podem ser até mais maduras que a Garota, mas no palco ficam iluminadas, acendem mesmo, e se transformam nas quatro baianinhas que encantaram o Poeta. Coisa linda de se ver.


Agora cá estamos nós em pleno carnaval carioca - as ruas bombando, o carnaval de rua do Rio batendo todos os recordes, maravilha. As notícias dão conta de uma relativa calma (eu disse relativa, claro) e de uma também relativa limpeza. Que bom, meno male. Na foto acima, a Princesa Guerreira se prepara para seu primeiro bailinho de carnaval... na Alemanha. Infelizmente, parece que não foi muito bem sucedido para os padrões da mãe carioca. Carnaval alemão é assim mesmo...

Fico aqui me perguntando quando foi mesmo meu último carnaval de verdade. Podem ter sido todos aqueles carnavais em que levei minhas meninas aos bailinhos infantis da pracinha Pio XI e do clube Piraquê. Elas adoravam, se acabavam de tanto sambar. E eu me divertia de montão, só em vê-las.

Pode ter sido aquele de 1987, em que saí de destaque na Mocidade Independente, no alto de um carro, mas ali não me senti propriamente brincando carnaval: estava fazendo uma personagem importante dentro do enredo 'Tupinicópolis', do meu amigo e parceiro (e carnavalesco da escola) Fernando Pinto. Eu era a crooner da boate Saci. Fomos vice, e voltamos no domingo ao Sambódromo para o desfile das campeãs.

Pode ter sido o de 1989, quando saímos, eu, Tutty e Aninha, em duas escolas na mesma noite, igualmente por amizade: na Cabuçu, o homenageado era Milton Nascimento, e saímos na 'ala dos amigos do Bituca'. Na Tradição, saímos na 'ala dos amigos' de nosso vizinho João Nogueira. Voltamos exaustos pra casa, e infelizmente ambas as escolas foram rebaixadas. Como eu já fora vice-campeã dois anos antes, não me considerei tão pé-frio assim.

De qualquer forma, quando em 1992 fui convidada a sair na 'ala dos amigos do Tom', que estava sendo homenageado pela Mangueira, achei prudente declinar do convite, e depois me arrependi um pouco. Mas estávamos chegando justamente naquela manhã de Nova York, viagem longa: não sei se eu teria tido gás para tanto.

Mas não sei, não. Pra mim, acho que meu último carnaval, em que fui brincar na rua apenas pelo prazer da brincadeira em si mesma, pode ter sido aquele de 1968, quando saí com o Hermínio na Banda de Ipanema - ele vestido de inglês, com capa e guarda-chuva; e eu, fantasiada de Maria-Bethania-Carcará: cabelo preso atrás, calça jeans e camisa amarrada na cintura. A Banda ainda pequena, com poucos integrantes, e aquele povo todo do Pasquim liderando, com Albino Pinheiro, Hugo Bidet, Paulo Garcez e Sérgio Cabral à frente. Depois disso, fui sendo levada, por diferentes motivos, mas nunca mais senti aquela pulsão meio ingênua de carnaval, que tanto me animava na infância e na adolescência. Depois dali, acho que fiquei definitivamente adulta.

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terça-feira, fevereiro 07, 2012

TUDO


Pode ser que seja porque fevereiro é o mês mais quente do ano aqui no Rio, e o melhor lugar para se ficar seja no geladinho de um estúdio, debaixo do ar condicionado. Pode ser porque também é um mês em que acontecem poucos shows, perto do carnaval, portanto a parada forçada convida a fazer alguma coisa mais duradoura. Pode ser que seja a irresistível vontade de mostrar a nova produção... sim, pois há uma produção novíssima, esperando para ser registrada.

O meu HD musical andava lotado de músicas de outros autores, por conta das gravações do 'No Compasso da História' - foram mais de 150 canções para aprender e preparar. Quando as gravações acabaram, deletadas da mente as canções alheias, novas ideias musicais me vieram, num destampatório de assustar. Nasceram muitas canções novas - na maior parte 100% minhas, de música e letra; e algumas poucas com novos e inesperados parceiros, como Nelson Motta e Teresa Cristina, e mais antigos colaboradores como Paulo César Pinheiro e Zé Renato.

O fato é que o quarteto acima (na foto, no soundcheck do Ronnie Scott's, em Londres, março de 2011) se reunirá de novo no final deste mês para gravar um CD novo. Não sei quando sai. Ou se sai primeiro aonde. Não sei de nada, a não ser que quero muito fazer um trabalho totalmente autoral, coisa que há tempos não fazia.

O CD vai ter de um tudo, em termos de gêneros musicais, por isso escolhi uma canção que explica bem isso e cuja letra vai abaixo, como título e definição do novo álbum.

TUDO

Tudo é alegria

Tudo é fantasia

Tudo é ventania

Tudo é ilusão

Tudo tem seu preço

Tudo é só o começo

Tudo tem o avesso

Tudo tem perdão

Tudo tem resposta

Tudo é uma proposta

Tudo é o que se gosta

Tudo é uma questão

Tudo tem saudade

Tudo é novidade

Tudo tem verdade

Tudo tem razão

Tudo é relativo

Tudo tem motivo

Tudo é coletivo

E tudo é solidão

Tudo é poesia

Tudo é melodia

Tudo é harmonia _

tudo é uma canção


sexta-feira, fevereiro 03, 2012

Mamãe faz cem anos

Zemir (22/01/1912 - 4/10/2002) teria feito 100 anos mês passado. Salve ela! que quando nasci já havia dado a primeira volta por cima, primeira dentre as muitas que viria a dar em sua longa e produtiva vida.