terça-feira, junho 28, 2011

anos 50


Aqui estamos, eu e Antonia Adnet, gravando mais um programa da série da Multirio 'No Compasso da História', com nossa convidada Paula Santoro. Desta vez, num repertório ligado aos anos 1950 - volta de Getúlio eleito pelo voto direto, seu posterior suicídio, a posse de Café Filho, a eleição de Dutra e o fechamento dos cassinos, a eleição de Juscelino Kubitschek e a construção de Brasília, nossa primeira Copa do mundo... Tudo isso embalado por muito samba-canção.

A bela voz de Paula foi perfeita para este repertório, que incluiu maravilhas como 'Molambo', 'É Com Esse que eu Vou', 'Alguém como Tu', 'Estrada do Sol', 'Saudosa Maloca', 'Conceição', 'Copacabana' e até o hino 'A Taça do Mundo É Nossa', que comemorou a conquista da Copa de 1958. Para no final desembocar em 'Se Todos Fossem Iguais a Você' e 'Chega de Saudade', prenunciando a bossa nova que viria depois.

Ao meu lado, na foto acima, a querida Cleide Ramos, presidente da Multirio, que junto comigo é mãe deste projeto - sem ela nada disso teria sido possível. E ao fundo, abençoando tudo, todas e todos, nosso poeta amado, Vinicius de Moraes.

PS- fotos de Alberto Jacob Filho.


sexta-feira, junho 24, 2011

Japão 2011!


quarta-feira, junho 22, 2011

Rio!

Uma versão reduzida da simples e elegante capa de Philippe Leon pro meu "Rio", o CD de voz e violão, todo de canções cariocas, que recém-gravei e que estará saindo no Japão em agosto.

Sei que é chatíssimo eu ficar avisando dos novos CDs que certamente demorarão a sair por aqui, mas fazer o que? Nunca usei até hoje nenhuma lei brasileira de incentivo: quem me incentiva não é a renúncia fiscal de nenhuma empresa, e sim alguns selos de porte médio no exterior. Nada contra quem usa, acho legítimo, e discordo do meu falecido amigo Zé Rodrix, que achava isso um absurdo. Parece absurdo, mas nem é tanto, se pensarmos que esse é o único jeito de fazermos o Estado investir em cultura, ainda que indiretamente. Considero que estas leis na prática têm muitas distorções, como privilegiar produtos e artistas de maior visibilidade (que é o que as empresas preferem, por motivos óbvios), mas vejo também grandes resultados por aí - por exemplo, CDs orquestrais (como o lindo "+ Jobim Jazz", do nosso maestro Mário Adnet, lançado faz pouco, ou o CD sobre Villa-Lobos que o grupo Pau Brasil acaba de gravar) que jamais, em tempo algum, sairiam do limbo, não fosse por esse tipo de patrocínio.

(Quando digo que não usei as leis de incentivo, não quero dizer que jamais usarei. Quero dizer que até hoje não foi preciso, e também que não tenho a menor ideia de como se lida com isso. O que sei é fazer música.)

A boa notícia: tudo indica que o "Aquarius", meu CD com João Donato, estará em breve pintando por aqui! Vamos torcer pra que tudo dê certo, e finalmente a gente consiga mostrar nossa nova produção no país onde ela foi gerada.


segunda-feira, junho 13, 2011

Samba-Jazz em Sampa!

Vai ser pura diversão!


sábado, junho 11, 2011

fotos com violão

Coisa recorrente na minha vida, o violão é uma extensão minha, como se fosse uma bolsa ou um membro a mais. São tantas as fotos com esses companheiros, em todos os tempos, que achei por bem postar algumas aqui. São décadas de convivência - serão 50 anos a partir do ano que vem Não 50 anos de carreira, mas desde o primeiro momento em que eu peguei "emprestado" o violão do meu irmão mais velho e fui descobrindo que também conseguiria fazer eu mesma as coisas bonitas que via meu irmão extrair dali.
(Foto acima de Alberto Jacob Filho, feita há 2 meses numa gravação do meu programa na Multirio)

Esta outra foto também é recente, de um show no Lapinha, aqui no Rio, ano passado, que fiz em duo com o Tutty.

Esta foi tirada por uma pessoa da plateia no Blue Note de Nova York, no ano 2000, num show que fiz lá com João Donato.

Esta foto (de Lizzie Bravo) é de 1978, quando eu morava num gracioso apartamento térreo do Jardim Botânico, aqui no Rio, e ainda tinha só duas filhas. A terceira viria em seguida.

1989, gravação do meu primeiro disco ao vivo, no Teatro Clara Nunes (este teatro tem sido palco de momentos importantes pra mim...) Minha banda neste show incluía justamente as adolescentes Clara Moreno e Ana Martins nos vocais de apoio...
(foto de Ricardo Azoury)
.
Em 1998, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, no show que antecedeu a entrega do Prêmio de Música Brasileira (uso o nome atual, pois os patrocinadores deste evento mudaram tantas vezes que já não sei mais quem era na ocasião...)

Em 1977, no Morro da Urca, quando eu fazia parte do grupo Academia de Danças, de Egberto Gismonti. Eu não tocava violão neste show (prerrogativa do chefe), era utilizada como cantora e eventual percussionista (?!) Mas em uma música pude tocar viola de 10 cordas, durante um solo dele. Logo depois deste show eu iria dar um tempo em Nova York, onde minha vida pessoal daria uma grande virada. Indiquei ao Egberto, para me substituir, justamente Marlui Miranda (de quem falei há pouco tempo aqui no blog), que poderia ocupar meu lugar com perfeita sintonia. Deu certo, e ela ficou no grupo por bastante tempo.

De novo o Blue Note New York em 2000. Eu era convidada de João Donato neste show (no ano seguinte, retribuindo a gentileza, ele seria meu convidado no Blue Note Tokyo). Era uma double bill, como o BNNY gosta de fazer, com Donato e Dori Caymmi. Claro que na última noite da temporada eu não resisti e cometi uma pequena traição ao meu anfitrião, participando do set do Dori também...

E em 1977 de novo, gravando minha participação no Projeto Trindade, disco-filme de música instrumental brasileira do qual orgulhosamente participei com uma versão instrumental de meu samba "Pega Leve". Eu e meu violão.



terça-feira, junho 07, 2011

Clara Nunes


Mais sessão nostalgia! Ando nostálgica que só, ou o que me move é a vontade de mostrar meu enorme acervo em preto e branco?!

Aqui estou com a querida Clara Nunes (outra grande cantora, e pessoa adorável, que não chegou a gravar nada meu, não deu tempo...) Esta foto é de 1980, no show de lançamento do 'Feminina', realizado no teatro que até hoje leva seu nome, e que pertencia a ela e ao marido (e meu futuro parceiro musical) Paulo César Pinheiro. Atrás de nós, um executivo da nossa então gravadora, a EMI-Odeon, além de plateia e convidados.

Jamais alguém poderia imaginar que Clara, tão linda e cheia de vida, tivesse apenas mais três anos pela frente. Mas na verdade, nem Elis, que nos deixou em 1982, teria sua ida tão prematura adivinhada. Foi um duro momento para o Brasil a perda de artistas tão amadas, e uma quase em seguida da outra. Era como se a música brasileira, como a conhecíamos até então, começasse a perder sinais vitais. Vinicius partiu em 1980. Elis em 82, Clara em 83, Nara em 89. Elizeth, com gloriosos 70 anos, em 1990. Tom, nosso maestro soberano, em 1994. O coração musical brasileiro do século XX começa a bater mais devagar.

Então chegaram as novas gerações. Para elas vai este samba que recém-gravei no meu CD "Rio", e que é dedicado à juventude morena que revisita o samba a partir da Lapa, mas já não se deixa contaminar por ideologias xiitas de "preservação" cultural, e se abre para o futuro sem medo.

PURO OURO

O samba é só magia, é puro ouro

Cada vez mais é o tesouro

Da juventude morena

O samba é perdição que vale a pena

Não há quem perca o decoro

Se a alma não é pequena

Quem sabe, samba mesmo

Quem não sabe ouve o refrão

O samba ganha o mundo

Faz uma revolução

Sacode essa poeira

Tira o mofo do salão

O samba olha o futuro

Mesmo aos pés da tradição

Por isso vem pro samba, mocidade

Pode ficar à vontade

Chega, incendeia e provoca

O samba é um privilégio pra quem toca

Brota no chão da cidade

Mostra o seu dom carioca

PS- O show que comemorou os 30 anos do lançamento do "Feminina' aconteceu exatamente... no Teatro Clara Nunes! Foi filmado para um especial no Canal Brasil, que espero que vá ao ar em breve... Vejam na foto!

PS 2- acabo de descobrir que irá ao ar dia 3 de julho, às 21 horas, no Canal Brasil (o 66 da Net)



domingo, junho 05, 2011

Vinicius


E para alegrar alguns corações, aqui vai uma foto de 1975, tirada na varanda do Antonio's com meu amigo e padrinho musical Vinicius de Moraes. Era o meu retorno à música depois de mais de 4 anos de dedicação exclusiva às minhas filhas pequenas - e minha volta ao violão, do qual eu também estivera afastada. Já contei esta historinha inúmeras vezes, mas torno a contar.

Vinicius tinha datas em Punta del Este, Montevideo e Buenos Aires para cumprir. Seu show, 'Poeta, Moça e Violão', carecia de uma moça que também tocasse, pois o elenco da ocasião, Toquinho e o Quarteto em Cy, saíra para uma temporada própria, também em Punta. Que eu saiba, não houvera nenhuma divergência. Talvez Toquinho estivesse já com estas datas marcadas e as do Vina apareceram depois, sei lá. Nessa época o poeta morava com Gesse na Bahia, num casamento que já dava sinais de cansaço, e foi justamente nessa turnê que fizemos que ele conheceu e se apaixonou por sua oitava mulher, a argentina Martinha.

Wanda Sá fora chamada antes de mim, mas não pôde atender, por questões pessoais. O fato é que meu amigo, ao me encontrar numa festa de revéillon, me convidou para este trabalho, pude montar um trio de minha escolha (com Mauricio Maestro e Rubinho Moreira) e a temporada de quinze dias se transformou em quase dois meses. E deu tão certo que na volta de Toquinho ainda continuei como um segundo violão, e no papel da "moça".

Conto tudo isso pensando que Vinicius, se vivo fosse, faria 100 anos em 2013. Era, portanto, contemporâneo de meus pais. Mas para mim, e pra toda a nossa geração, era um garoto da nossa idade, com quem dividíamos canções, sonhos, ideias e ideais.

Saudades do Vina!

PS- foto de Pedro Moraes


quarta-feira, junho 01, 2011

Nara e o Brasil

Vendo esta foto nossa de 1988 (feita por Cristina Granato, quando nos cruzamos num evento que já nem lembro mais o que foi), mais uma vez me pergunto por que Nara Leão não chegou a gravar nenhuma música minha. Faria todo sentido.

Tive a alegria de ter minhas músicas gravadas por algumas das vozes mais emblemáticas do Brasil: Elis, Elizeth, Bethania, Milton, Ney, Emílio, Zizi, Nana, Leny e muitas outras. Inclusive minha amiga mui querida Wanda Sá, que junto com Nara foi importante na minha formação de adolescência, para me mostrar que era possível a uma cantora tocar violão e definir suas próprias harmonias. Depois vieram Luiz Eça, Tom Jobim, Dori Caymmi e tantos outros para me mostrar que harmonias seriam essas, quais acordes eu escolheria no futuro. Mas aí eu já estava na roda, indo à luta por conta própria.

Enfim, Nara e eu nunca chegamos a ser realmente próximas, mas sempre fui fã de sua dignidade e sua postura ética na vida e na arte. E ainda mais fã de sua inteligência musical - que vejo muito em Bethania, não por acaso - na hora de escolher para onde ir.

Estamos já fechando o repertório da nossa série "No Compasso da História'. Foi um ano de trabalho intenso e exaustivo, mas também de grandes alegrias. Hoje me deparei com esta canção do meu parceiro (virtual) Luiz Tatit, gravada pelo Grupo Rumo e também pela querida Clara Sandroni, que pressinto que Nara cantaria lindamente, se ainda cá estivesse. E que em breve pretendo eu mesma cantar, resumindo a série, pois é uma canção que fala do Brasil de um jeito diferente... Vejam:

BEM BAIXINHO
(Luiz Tatit)

Gosto dela meio velha assim mesmo
Ainda ontem comentei com meu amigo
Ela é meio velha, mas é tão bonita!
E ele disse: puxa, é mesmo!
Ela é assim meio velha, mas é tão bonita!

E é uma beleza espontânea e natural
Não tem medo de dizer
Que está amando outra vez
E não diz de qualquer jeito, não
Num momento que você está atento
Ela cochicha baixinho, e tão pertinho
Que só pode ser você dessa vez

E essa nação é assim com todo mundo
Grandalhona, meio velha, mas uma musa e tanto
E quando você menos espera, ela diz:
Estou livre outra vez!