quinta-feira, abril 30, 2015

Próximas andanças

Bastante desanimada com meu país, vendo a sociedade brasileira dar uma incrível, inesperada marcha a ré, tornando-se cada vez mais intolerante e conservadora. O livre pensar (que é só pensar, como dizia Millôr) cada vez menos exercido. O pior do pior mandando em nossas vidas, no Congresso. Coisas que pareciam em estágio de superação, conquistas como saber o que contém a comida que vamos comer, o fim do trabalho escravo, a proteção às florestas - conquistas básicas ruindo, e o Brasil na vanguarda do atraso, entrando no século 21 como um anão gigante.

Ainda bem que temos a música como consolo. Exercer minha atividade no meu país nunca foi tão complicado, mas seguimos tentando. Pro pessoal de SP e arredores, estaremos no SESC Vila Mariana com o "RIO", minhas canções cariocas em Sampa, dias 16 e 17 de maio. Depois de algumas participações em shows alheios, eu e meus malucos e queridos companheiros de banda seguimos para Estados Unidos e Canadá, onde as coisas prometem. Aliás, neste ano da graça de 2015, chovem convites para fora do Brasil. Ainda bem, porque chuva por aqui é artigo de luxo, ultimamente.

Mas não vamos desistir do Brasil, não!


terça-feira, abril 21, 2015

Sumiço

Quando parece que eu andei sumida, é porque alguma estivemos aprontando...
Mais um CD no forno, desta vez um que relutei muito em fazer (foi uma encomenda do Japão), mas que, uma vez fazendo, me apaixonou por completo.

A idéia era que eu gravasse um CD de American jazz standards. Coisa que todo artista, de lá ou de alhures - quando a carreira está meio mais ou menos, ou quando lhe faltam idéias novas - faz. Como minha carreira sempre foi meio mais ou menos mesmo, isso não mudaria nada na minha vida. E idéias novas  são artigos que nunca faltaram por aqui. Por isso, relutei muito. Depois de muitas conversas com o Tutty (principalmente) e também com os demais envolvidos - músicos e produtor - acabei topando gravar. E não é que deu certo?

Quer dizer, deu quase certo, porque agora restam as discussões com o label japonês, que mudou de mãos e, por isso mesmo, de condições. Essa parte é quase insuportável e já me deu muitos aborrecimentos. Mas enquanto escrevo, escuto o resultado do que fizemos, agradeço e fico orgulhosa por não ter tido medo de apresentar minha leitura daqueles que são os 'meus' standards de jazz, mesmo que nem tanto para outras pessoas. Ou seja, não são exatamente aquelas canções que seriam de esperar. Fiz do meu jeito, do jeito que sei fazer, passando longe do óbvio. Tutty, Hélio e Rodolfo mergulharam junto comigo a 100 metros de profundidade, sem oxigênio. E o 'meu' jazz nunca foi tão meu, e tão brasileiro.

Quando toda esta mixórdia contratual se resolver - o que, espero, será em breve - poderei contar melhor o que aprontamos. Só posso dizer que estou feliz, feliz, feliz com o resultado.