quarta-feira, janeiro 28, 2009

conversa fiada


Uma ótima coisa. Essa foto é do meu aniversário de 2006. Amigos aqui em casa conversando. Não é nada de mais. Só um hábito que faz bem. Não sei se acontece com todo o mundo, mas o que tenho notado nos ultimos anos é que as pessoas estão se encontrando mais, se vendo mais, rindo mais, falando mais _ e isso é muito bom.

Flashes de encontros recentes:

Anteontem, na casa do Donato. Ao ver o Tutty chegando, e sabendo dos últimos acontecimentos cardiacos e dos sustos que passamos, João, que também tem um coração complicado, mandou a pergunta, numa boa: "e aí, Tutty, vai ou não vai?" Ninguém mais faria um comentário desses impunemente, e caímos todos na gargalhada no ato _ menos o proprio João. Era sério.

Mesmo bat-local: ouvimos uma gravação deslumbrante de 'Very Early', linda composição de Bill Evans, que temos aqui em casa gravada pelo autor, em várias versões. Essa que Donato nos mostrou é de um brass ensemble do Canadá, liderado por um trombonista chamado Rob Mc Connell (obrigada). Vou incluir no meu carrinho de compras na Amazon. O arranjo dele é dos deuses, e não sai mais da minha rádio-cabeça.

Ontem, show na Modern Sound. Uma livraria/loja de discos, mas surpreendeu. Visto assim do palco, parecia um Canecão lotado, e eu estou falando sério. Nunca imaginei que coubesse tanta gente naquele espaço. O som surpreendeu também, tudo nos seus lugares. Deu pra gente se divertir muito, foi bom demais. É a reinvenção carioca que se manifesta ali, nas livrarias da Zona Sul, nos antiquários da Lapa, nos quiosques da Lagoa: não temos onde tocar? inventa-se um lugar. O Rio é bom nisso.

Não quero que este blog fique com cara de diário, como tantos _ almocei, escovei os dentes, li um livro _ e vou parando por aqui. O mundo não se resume ao umbigo da gente.

Mas foi dada a partida no ano musical, com muita alegria e muitos amigos juntos.

E como dizem os Saltimbancos, todos juntos somos fortes.


sábado, janeiro 24, 2009

tudo em paz


Paz relativa, claro, como todas. Mas estamos bem contentes, pois janeiro já vai acabando, e foi um mês complicado. Inferno astral, pode ser. Em compensação ganhei essa foto de presente do jornal que assino. Chega janeiro, é assim. O supermercado dá um desconto de 5%. O jornal manda um mimo para a assinante. Também chegam os impostos, lista de material escolar, todas aquelas coisas que fazem deste um dos mais duros, em todos os sentidos, meses do ano (April is the cruellest month... pra mim é janeiro!)

Depois das tempestades médicas (que ainda não acabaram de todo, mas já estão apaziguadas, tratadas e devidamente compreendidas), mais uma vez vemos como custa caro manter a máquina funcionando. Eu já estava me sentindo uma personagem de documentário do Michael Moore. Saúde tem custos altos. Viver tem preço. E olha que diante do que acontece com a maior parte da humanidade, nem podemos nos queixar.

Informação. Transparencia. Muita calma nessa hora.

Nosso candidato assumiu a presidencia do mundo ocidental. So help him God.

A música volta a imperar, depois de alguns cancelamentos forçados pelas circunstancias. Na próxima terça, ainda que discretamente, num ambiente simplezinho e gratuito, voltamos `a ativa. Um aquecimento para o ano que começa na ponte São Paulo-Helsinki. Vai ser bom.

Vamos nessa.


domingo, janeiro 18, 2009

agradecendo...


... a todos os amigos que têm telefonado, passado e-mails, enfim, de um jeito ou de outro, que têm estado presentes neste conturbado inicio de 2009. Vai ficar tudo bem, temos certeza.

A crise financeira do mundo algum dia vai ter de passar. A paz no Oriente Médio vai ter de ser alcançada mais cedo ou mais tarde. Isso a gente sabe, só de olhar para o chamado big picture.

Portanto, a nossa pequena tempestade também vai sumir no tempo, e logo, logo estaremos lembrando dela, achando graça ou pensando nessa fase da vida com carinho, como já fizemos com outras tantas nesses anos todos.

Paz, amor e som.


domingo, janeiro 11, 2009

fazendo um cat

A proposta soou meio indecorosa: vamos fazer um cat? Se fosse 'uma' cat, poderíamos pensar que fosse algo ligado `a nossa amiga Kati, parceira de aventuras musicais na Biscoito Fino velha de guerra, e certamente seria coisa muito mais divertida. Mas não. O contexto sugeria coisas pra lá de tenebrosas, e um cat serviria para tirar qualquer dúvida. Pois vamos ao cat, então, que seja.

Pois cat é o apelido dado pelos íntimos (leia-se, médicos e afins) ao procedimento conhecido como cateterismo. Manda-se uma cânula pela veia, direto para o coração do freguês _ o qual, no caso, tem o coração mole, facinho, facinho. Uma vez lá dentro, injeta-se o contraste, e fiat lux. Nada agradável para o paciente, e é por isso que ele tem esse nome. Haja paciencia.

Ver o seu amor todo espetado, com fios pra tudo que é lado, vestindo aquela camisolinha ridícula, é uma agonia que só encontra paralelo no medo _ pavor _ de que aquela parafernália toda traga uma má noticia. Que, felizmente, não se confirmou, ou ao contrário: confirmou-se o melhor, alarme falso. Foi somente um susto, e o tal do mundo não se acabou. Graças ao bom Deus. Cat, agora, esperamos, nunca mais!


sábado, janeiro 03, 2009

... mas o futuro também promete!


Falando em coisas melhores, compartilho aqui com vocês meus projetos de trabalho para o ano que começa. O futuro também pode trazer coisa boa, e a música existe pra isso mesmo.

Meus planos:

1- dar um gás no lançamento do DVD dos 40 anos de carreira, que começou meio corrido e burocrático demais pro meu gosto. Lançar produtos em final de ano nunca foi muito a minha praia. É tempo de Robertos, Ivetes e Zecas. Sou meio-de-ano total!

2- lançar _ finalmente! _ no Brasil o 'Samba-Jazz & Outras Bossas', meu CD instrumental, feito em parceria com o Tutty, lá pra maio ou mesmo até um pouco depois, quem sabe em agosto?

3- turnê na Europa em março/abril, e nos USA e Canadá em junho/julho. Diversão garantida!

4- trabalhar nas letras que estou devendo aos meus parceiros, e a mim mesma.

5- terminar de escrever o novo livro (que tem embutido um viés de teatro, quem sabe?)

6- uma mexida que envolve meu nome _ sim, vou fazer isso este ano, decisão de há muito pensada e trabalhada internamente, e da qual espero não me arrepender. E não, não fui consultar nenhum numerólogo: fui consultar o Google.

7- abrir a cabeça e o coração pra outros projetos que se ofereçam, como um de meu amigo e antigo produtor Zé Milton, juntando algumas vozes femininas (disso não falo ainda, pois é coisa muito incipiente).

8- e falando em outros projetos, tem ainda o lançamento na Europa do meu CD com Naná e Maestro (1976, the Paris sessions), de que já falei aqui, e a forte possibilidade do lançamento, também na Europa, do projeto ao vivo com a WDR Big Band ('Celebrating Jobim').

(Não sei se há quem compre tantos títulos meus num ano só, mas enfim, o que posso fazer? Eu adoro o que faço, e vou fazendo. Não consigo fingir que faço o que faço como um grande favor ao meu público. Faço porque me dá prazer mesmo!)

Enfim, o futuro não é só composto de faixas de gaza. Há muitas outras faixas a serem exploradas, feitas de som, não só de fúria.

o futuro é um beco sem saída

Essa é a primeira impressão de 2009, que já começou com o pau quebrando na Palestina. Dá a impressão de que Israel se apressa a pesar a mão antes que seu maior aliado inicie nova fase, sob nova direção. Não é possível que os responsáveis por esses ataques em Gaza não estejam se dando conta de que estão alimentando a hidra de sete cabeças. É munição pra mais umas cinco ou seis décadas de ódio. Ou talvez a idéia seja essa mesma. A gente daqui fica tentando entender os dois lados com suas razões, e provavelmente é isso que será feito pelo presidente Obama (êba!) a partir de 20 de janeiro. É isso: todos têm suas razões, que merecem respeito _ mas quando um dos lados parte pra violencia, a razão acaba pendendo pro lado oposto, ainda que este também acumulasse erros. Como tudo na vida.

Quando a PM do Rio invade violentamente a favela onde mora Dona Geninha, a passadeira daqui de casa, ela, que já vive acuada pelo tráfico _ que, entre outras coisas, impede os moradores do Complexo do Alemão de ter telefones fixos, cortando os fios assim que são instalados, e volta e meia decreta toque de recolher na área _ passa a detestar a polícia tanto ou mais do que detesta os bandidos. Quando a polícia, o exército, o estado, enfim, ocupar a área com outra atitude, sem descer ao nível pavoroso da bandidagem, os heróis da criançada da favela serão outros. Isso vale pra todos os tipos de conflito. Inclusive na Faixa de Gaza, que, não `a-toa, é o apelido do local onde Dona Geninha mora.