domingo, novembro 28, 2010

mais gravações!

Esta semana continuaremos com as nossas gravações do 'No Compasso da História', que está ficando deslumbrante!

Na foto acima, nosso convidado Sérgio Santos, que veio de BH, no dia de seu aniversário, para gravar dois programas com a gente. O bolo foi um mimo da querida equipe para o nosso convidado VIP, que estará presente com voz, violão e composições nos programas sobre o Ciclo do ouro e a Abolição. Luxo!!!

Olha o nosso cenário com as Carmens dançantes ao fundo!

Na foto, além de mim, de Soraya e Antonia, nossa diretora Leila Hipólito.

E Soraya de Carmen, sensacional!

Amanhã estaremos gravando com Alfredo Del Penho, para o programa 'Era Vargas 1 - a Era do Rádio'. Muito Noel Rosa, samba-exaltação e outras bossas. Fotos e notícias mais adiante.



sexta-feira, novembro 26, 2010

Rio de Janeiro - o que dizer?


Corre na internet esta foto, que retrata bem o que estamos vivendo. Ontem eu e Tutty fizemos um show no SESC Tijuca para 200 abnegados que se dispuseram a sair de casa para nos ouvir. A volta foi tensa: foi preciso mudar o itinerário, porque o túnel Rebouças tinha um ônibus sendo incendiado no meio do caminho. O show que faríamos hoje no SESC Engenho de Dentro foi cancelado.

Como disse na imprensa a grande Alba Zaluar, especialista em segurança pública, andar no Rio nesta semana tem sido uma roleta russa. Nunca se sabe de onde vem o próximo ataque. A situação é séria - mas, pela primeira vez, vemos a população fechar com os governantes e aplaudir a chegada das forças da lei. Alguma coisa tinha de ser feita, e finalmente está sendo. É guerra mesmo, mas uma guerra, infelizmente, necessária. Não era possível continuar como antes. Foram mais de três décadas de leniência com o crime. A conta está sendo paga agora. O que se espera é que haja uma política de continuidade na ocupação da cidade por seus poderes legítimos.

Oremos.


segunda-feira, novembro 22, 2010

estúdio


Veja, ilustre passageiro, o belíssimo cenário criado por Carla Berri (concepção) + Rico e Renato Vilarouca (os irmãos brothers da computação gráfica). Às vezes, quando há imagens filmadas, elas aparecem em movimento, como foi com Carmen Miranda e seus balangandãs dançando atrás de nós. Eu, que sou uma 'anta' visual, agradeço todos os dias pelo talento dessa equipe.

(ao fundo, logo depois do amado Gonzagão, nosso maquiador Walter - que tem a difícil missão de me 'aliviar' o rosto, sabendo que em matéria de make-up, menos é sempre mais - e o engenheiro de som que conseguimos pegar 'emprestado' da Biscoito Fino, o favorito de Bethania, Fernando Prado)


sexta-feira, novembro 19, 2010

No Compasso - gravação de ontem


Mais um post para relatar o prosseguimento das gravações do nosso programa, 'No Compasso da História'. Desta vez com meu velho amigo Nelson Motta, na casa dele, conversando sobre o final dos anos 1960, ditadura, AI-5, Tropicália e outros eventos a que juntos assistimos, nós e toda a nossa geração.

No dia em que saiu o decreto do AI-5, em dezembro de 1968, eu estava na casa dos pais do Nelsinho, onde começaríamos a trabalhar no meu disco do ano seguinte, 'Encontro Marcado', que viria a ser a primeira incursão dele como produtor. Ele trabalhava no Jornal do Brasil (ou seria na Última Hora? agora já não lembro), e chegou com a notícia de que a barra havia pesado, e dali para a frente haveria censura prévia de tudo - música, teatro, cinema, imprensa - proibição de reuniões e associações sem permissão do governo, fechamento do Congresso, fim do direito ao habeas-corpus, prisão de artistas e intelectuais, e tantas outras durezas. A ditadura vigente entre 1964 e 1968 era uma ditabranda em relação ao que viria. Como disse Nelsinho no programa, "a gente não era tão infeliz, e não sabia..."

Como ele também lembrou na conversa, hoje em dia o pessoal que tem menos de 45 anos não faz ideia do que já passamos no nosso Brasil. O país mudou, e nós com ele. Que possamos continuar vivendo uma saudável democracia - o pior regime do mundo, com exceção de todos os outros.


quarta-feira, novembro 17, 2010

Começou!


Finalmente, oba! conseguimos dar a partida no primeiro programa da minha série 'No Compasso da História', ideia que levei à Multirio e lá foi devidamente abraçada. É uma ideia bem simples: a História do Brasil contada por sua música popular. Serão 13 documentários, de uma hora cada, onde tentaremos cobrir ao máximo a nossa história cantada.

Ontem e hoje gravamos a parte musical do programa que fala de Era Vargas, Brasil na 2ª Guerra e Política da Boa Vizinhança (com direito a Carmen Miranda e Zé Carioca). Uma pauleira, mas também uma delícia que inclui Ary Barroso, Luiz Gonzaga, Wilson Batista, Dorival Caymmi e outros bambas. Para este programa em especial, minha convidada é a maravilhosa cantriz Soraya Ravenle. E em todos os programas terei o auxílio luxuoso de minha 'sobrinha' musical Antonia Adnet, excelente violonista, que estará dando o suporte necessário à parte musical.

A equipe de criação da casa está se esmerando em cenários, figurinos, computação gráfica (dos talentosos irmãos Rico e Renato Vilarouca), animação, roteiro (da escritora Fátima Valença), pesquisas musical (de Heloísa Tapajós), histórica e cultural de época, além da direção da cineasta Leila Hipólito. Um luxo!

Na foto acima, eu com Soraya e Antonia, no lindo cenário que foi criado no estúdio.


sábado, novembro 13, 2010

privacidade


Outro dia recebi um telefonema de uma pessoa que organizava uma mesa redonda numa festa literária em Campos dos Goytacazes. Ela queria me convidar para participar. Pensei que fosse sobre meu livro, mas achei distante demais no tempo, foi publicado em 1997, por que falar nisso agora? Não, ela me explicou: a mesa redonda seria sobre as redes de relacionamento, e conforme fiquei sabendo, tenho milhares de seguidores, sei lá se no twitter ou no facebook. Tive de explicar a ela - que me pediu desculpas, constrangidíssima - que não, com certeza não sou eu. Ou se trata de uma homônima ou de alguma impostora.

Como vivemos hoje numa sociedade-espetáculo, quase um reality show do dia-a-dia, acabei tomando certa ojeriza a essas ferramentas que, pelo que me dizem as pessoas que trabalham com gravadoras e divulgação de CDs e shows, são hoje tão indispensáveis. Não tenho, nem pretendo ter, contas em facebook, twitter, orkut, plaxo ou sei lá mais o que. Não e não. Não quero que as pessoas saibam o que estou fazendo, minhas questões pessoais ou quaisquer outros babados que sejam do meu exclusivo interesse.

Para quem quiser saber de mim em linhas gerais, cá estou com este blog, que uso como usei a coluna de jornal que mantive n'O Dia, um grande jornal carioca, entre os anos 2000 e 2002. São opiniões genéricas sobre música e acontecimentos da vida, que nada revelam da minha intimidade ou a das pessoas que me são ligadas. Minhas questões íntimas, discutirei com minha analista, que já me deu alta faz tempo, mas a quem sempre poderei recorrer se achar necessário. Ou com alguma pessoa amiga em torno de uma mesa. Ou com meus guias espirituais, segundo minha crença, sendo esta hoje a minha primeira opção. Mas não em público ou através da rede. Minha vida não é da conta de ninguém, assim como a vida de ninguém é da minha conta.

Volta e meia me surpreendo com a ingenuidade das pessoas que põem suas questões pessoais na rede, ou postam singelos momentos do tipo 'estou assistindo ao jogo pela TV', 'estou comendo uma pizza ótima', 'estou parado(a) no sinal' e outras bobagens. E maior ainda a fragilidade a que se expõem aqueles que falam de suas questões íntimas, esquecendo que a rede é universal e tudo o que cai ali vira peixe. Não faz muito tempo, uma pessoa me contava que era 'seguidora' no twitter de uma determinada artista de sua admiração. E que esta postava comentários relatando seus mais mínimos movimentos, do tipo "cheguei do ensaio, estou exausta, mas tenho de dar atenção para o meu filho... Que saco!" Legal, não?

Sinto muito, mas pra mim não dá certo. Sou da antiga e valorizo a vida privada. Como já disseram no século passado meus parceiros Jards Macalé e Capinam, cuidado! há sempre um morcego na porta principal, de tocaia, esperando que a gente dê alguma bobeira.


sexta-feira, novembro 12, 2010

vai para o trono ou não vai?


Nenhum de nós foi. Não foi desta vez. O que de certa forma já era meio esperado, apesar da alegria de estarmos todos juntos concorrendo ao Grammy Latino. Na minha categoria (Best Brazilian CD) ganhou um contumaz colecionador de grammies, Gilberto Gil, que ainda faturou o de música regional com seu outro CD, de músicas juninas. E na categoria 'melhor canção brasileira', em que Sérgio Santos, Edu Lobo, Dori Caymmi e 'seus' (nosso) parceiro Paulo César Pinheiro concorriam, ganhou Adriana Calcanhoto (embora a imprensa diga que ganhou a intérprete da canção vencedora, Maria Bethania: às vezes, quase sempre, o autor aparece muito pouco).

Mas João Donato ganhou dois prêmios!!! um especial dado pela Academia pelo conjunto da obra, e o de melhor CD de jazz, por seu 'Sambolero'. Ele merece! E o trono é dele.

PS- o querido Sérgio Santos acaba de me mandar um excelente e didático comentário sobre sua experiência em Las Vegas, que não resisto e publico aqui:

Joyce querida. Exceto o Donato, das minhas indicações favoritas ninguém ganhou. O primeiro fato é que, de verdade, sabendo o processo de seleção e a quantidade de inscrições (mais de 6000), estar ali já é resultado de uma peneira absurda, que passa tanto por uma comissão de seleção quanto pelo voto de todos os membros. É muito duro chegar aos 5 indicados. Ganhar, é o imponderável. O segundo fato: o Brasil se lixa pro Grammy. Exceto Donato, que já estava lá por ser homenageado e venceu na categoria que concorreu, nenhum dos brasileiros vencedores esteve lá pra receber os seus troféus. Foi embaraçoso. Terceiro fato, que influencia o segundo: o Grammy se lixa pro Brasil. Não houve nenhum artista brasileiro se apresentando no show televisivo. E houve coisas, convenhamos, pavorosas musicalmente falando, você não tem idéia. E você sabe que tivemos um time de indicados de respeito esse ano!! O nosso universo musical é outro, nossos parâmetros são outros, nossa cultura é outra, nossa língua é outra. Por isso somos uma categoria separada. E se não se pensar em nada pra mudar esse muxoxo mútuo, vamos ficar no nosso canto, nos lixando pro Grammy e o Grammy pra nós. O que é uma pena, porque é algo que projeta, é um evento organizado e realizado com seriedade. Precisamos é namorar mais com eles, deixar de esnobá-los e eles se deixarem paquerar e seduzir. Temos que fazer mais parte do mundo latino. Diferentes, mas atuantes. Foi legal ter ido lá e visto tudo isso. A experiência já valeu o prêmio. Beijo grande.


terça-feira, novembro 09, 2010

o show do ano!

Foi um arraso. No SESC Vila Mariana, em SP, onde há duas semanas eu também tocara (fazendo o show dos 30 anos do 'Feminina'), essa turma campeã se reuniu pra comemorar a indicação ao Grammy de três deles.

(aliás, andei pensando que o Grammy deste ano está parecendo os festivais de antigamente: competição saudável, entre irmãos de som, cada um querendo mostrar a música mais bonita pro outro. Que bom estar nessa também com meu 'Slow Music'! nossa turma é um barato...)

Pois foi assim: Sérgio Santos, que estreia este ano como Grammyindicado, convidou para participar do seu show os irmãos mais velhos Dori Caymmi e Edu Lobo. E pronto, estava armado o show mais bonito de 2010.

(na foto, Sérgio, Edu, Dori e a superbanda que tocou com eles: André Mehmari (piano), Tutty Moreno (bateria), Teco Cardoso (sopros), Rodolfo Stroeter (baixo) - uma banda que também atua bastante (e no caso do Tutty, sempre) - modéstia à parte, meus senhores - com vocês sabem quem...)

Foram três noites de grandes momentos, música de altíssimo nível, com a plateia em lágrimas várias vezes, ainda mais quando ao final os três se juntaram pra cantar o Trenzinho do Caipira (de Villa Lobos e Ferreira Gullar, com aquela harmonização imponderável que só o Dori sabe fazer). Coisa de dar orgulho na gente. É como bem disse o Sérgio: o Brasil, que tanto quer ser Primeiro Mundo em tantas coisas, na música já é Primeiro Mundo desde sempre. Só falta avisar ao povo...

Meninos, eu vi. E foi lindo demais!


segunda-feira, novembro 08, 2010

finde



Foi um fim de semana intenso. A semana propriamente dita já havia começado assim, com o show de Clara Moreno na Modern Sound, que teve grande repercussão aqui no Rio, ainda mais depois que eu brinquei que ela era 'a filha que eu tive com a Elza Soares'. Até a querida Elzinha me ligou pra comentar e perguntar pela 'nossa filha'. Demais!

Na sexta, uma festa na Biscoito Fino, cheia de amigos queridos, comemorou dois lançamentos ao mesmo tempo: de Bethania e Paulinho César Pinheiro. Teve roda de capoeira, roda de samba, boas comidas e muita (e boa) conversa fiada com pessoas que eu não via há séculos. Inclusive a própria Bethania. E com as meninas da foto abaixo, duas jovens compositoras iniciantes (mais duas sobrinhas!), duas gracinhas, procurando seus caminhos na música - Alice Caymmi e Maria Luiza Jobim. Salve a mocidade independente!


Bethania e eu não conversávamos há muito tempo, e foi muito bom - ela que gravou belamente tantas canções minhas. Maria estava num dia de raro astral, feliz com sua festa e com tudo, dividindo com nosso poeta (e meu parceiro) Paulinho, sua noite e seus convidados.

PS- Num próximo post, quero falar no show mais bonito do ano, a que assisti duas vezes seguidas, sábado e domingo deste movimentado finde. Quando chegarem as fotos, faço isso.



terça-feira, novembro 02, 2010

casamentos à moda antiga

Antigamente as pessoas se casavam quase sem se conhecer. Ou era uma união arranjada pelas famílias, como até hoje se faz em alguns países como a Índia, ou as pessoas "namoravam" por correspondência (como fazem hoje alguns usuários de internet). Uma pessoa querida nossa, que se casou no início dos anos 1930, contava sempre do choque que teve ao ver o noivo, ao vivo, na sua frente pela primeira vez - no dia do casamento, já na igreja! Ela era uma bela mulher, bastante alta, com cerca de 1,75m. E qual não foi a sua surpresa ao ver que o autor das tão ardentes cartas de amor recebidas era baixinho, até para os padrões da época. Depois de 60 anos de casamento, ela ainda se ressentia da propaganda enganosa.

(não, não são estas pessoas da foto!)

Minha mãe, que se casou pela primeira vez na mesma década de 30, já conhecia o noivo pessoalmente, pelo menos. Este seu primeiro casamento deu errado por motivos outros. Mas ela sempre me relatava seus tempos de recém-casada, quando não era capaz de fritar um ovo e tinha de ligar para a mãe para pedir instruções. "Como se faz o arroz?" Faltava-lhe o preparo básico para a função de dona de casa.

Diz ainda a lenda familiar que minha bisavó, casada no século dezenove, passou a noite de núpcias na sala, sentada numa cadeira de balanço, abanando-se com um leque. O noivo a chamava insistentemente para o quarto ("D. Virgínia, a senhora não vem?") e ela dizendo "não, sr. Carvalho, está muito calor!" A falta de intimidade era total. Os dois levaram um bom tempo para se entender.

Por essas e outras, agora que o Brasil arrumou um casamento de conveniência, arranjado pelo pai da noiva, só nos resta torcer para que dê certo - e que os virtuais desconhecidos não decepcionem, nem precisem ligar para a família, pedindo instruções na hora de fritar um ovo.