sábado, abril 30, 2011

encontros e despedidas



O encontro foi com Marcos Sacramento nas gravações de mais um episódio da nossa série 'No Compasso da História' no programa que trata principalmente de 1968, aquele ano que nunca termina, e seus desdobramentos. Ali se decretou o AI-5, ali nasceu o movimento que mudaria tantos conceitos na música brasileira, a Tropicália. Nas fotos estamos com Antonia Adnet, como sempre dando o fundamental suporte musical.

O repertório viajou por 'É Proibido Proibir', 'Tropicália', ''Divino, Maravilhoso', 'Baby' (esta cantada lindamente pela Antonia), 'Geléia Geral', 'Soy Loco Por Ti, América', 'Aquele Abraço'... mas também pela maravilha que é 'Sabiá', de Tom e Chico, uma canção de exílio que não foi compreendida na época e tomou uma monumental vaia dos estudantes presentes à final do III Festival da Canção Popular. Claro que aqueles preferiam a mais óbvia 'Pra Não Dizer Que Não Falei de Flores', de Geraldo Vandré, que chamava mesmo para a luta armada, sem sutilezas. E que entrou também no repertório do programa, lógico, pela importância histórica do que representou naquele momento.

Na música brasileira há cantores bons, cantores muito bons, cantores ótimos - e os grandes cantores. Marcos Sacramento é um grande cantor. Este foi um belo encontro, que espero que se repita muitas vezes mais.


A hora do encontro é também despedida... A despedida foi de Luciana de Moraes, filha do amado Vinicius - ela que conheci menina, aos 12 anos de idade, quando era ainda uma bandeirante saindo para seus acampamentos; e depois adolescente, aprontando todas e deixando doidinha a tia Lygia, irmã do Vina, que era quem cuidava dela. Mais tarde Luciana se tornou uma business woman de respeito, a quem inclusive entreguei a administração de minha editora. Sua partida repentina e inesperada entristeceu a todos nós. Que Deus cuide dessa querida - e, para mim, sempre - menina.


sexta-feira, abril 29, 2011

Os 7 Mandamentos da Cultura (segundo HBC)


OS 7 MANDAMENTOS


01. Não pense pequeno, que isso é próprio dos medíocres e dos covardes.


02. Trabalhe em equipe: a capacidade de germinação se amplia.


03. Convoque os mais honestos e competentes, deixando de lado os invejosos e os carreiristas de poder (lembre-se que ele é sempre provisório). Desconfie dos bajuladores e dos muito falantes, que nem sempre são os mais operosos. São surfistas do poder, que sobrevivem de futricas e agem sempre à sombra. Abra espaço para gente nova. Oxigenar as idéias é sempre estimulante.


04. Não tenha medo da concorrência. Se você encontrar alguém mais competente do que você, aprenda com ele. Você vai crescer mais. Também não tenha medo de copiar uma boa idéia. Mas não se esqueça de dar o crédito a quem a gerou. Lembre-se: ninguém é absolutamente genial para criar todos os dias uma coisa nova. Não se esqueça também de que seus delírios são pagos pelo contribuinte. Mas sonhe sempre, cultive utopias.


05. Não respeite quem sonega informação, engavetando-a ou guardando-a só para si. Desconfie daquele que não ensina jamais o chamado “pulo do gato”. Quem assim procede está praticando um crime de lesa-cultura. Acredite: o meretrício e o genocídio cultural existem sim e em doses industriais e deliberadamente alienantes. Se você desconfiar de algum mal-feito, bote a boca no trombone para não ser conivente. Ninguém é tão poderoso assim que não consiga se desestabilizar diante de uma denúncia bem fundamentada.


06. Vá pelo caminho alternativo. Faça com que seu projeto tenha efeito multiplicador, e que seus eventos gerem resíduos (é assim que se faz memória: através do registro do fato). Procure parcerias. Não acredite naqueles que pregam que o povo não gosta de coisa boa e que toda juventude é alienada. Desconfie muito de quem despreza os mais velhos. Aprenda com os índios que veneram seus pajés e com eles se aconselham. Mário de Andrade era um pajé.


07. Acredite: cultura é matéria de segurança nacional, nossa música é um bem ecológico. Pense grande. Pense bonito. Pense brasileiro.


HERMÍNIO BELLO DE CARVALHO


domingo, abril 24, 2011

minha rua


Enquanto na nossa área chove como se não houvesse amanhã, para espantar o medo posto uma foto recente de um dia bonito de sol, com o Redentor ao fundo. As últimas chuvas foram implacáveis, vide o que aconteceu na Região Serrana, e há exatamente um ano atrás nossa rua, como outras daqui do Humaitá, ficou atolada na lama.

A Semana Santa foi tranquila, com dias lindos de sol e um mar maravilhoso, de águas clarinhas e calmas, que muito aproveitei naquele horário dos bebês, bem cedinho. Hoje, domingo, no meio da tarde, raios e trovões de assustar. Os trovões de antigamente eram menos... trovejantes, sei lá. Hoje sinto medo de coisas que nunca me assustaram na vida. Ou o mundo ficou mais perigoso ou os anos estão me pesando. Ou as duas coisas.

Fica a foto da minha rua num dia normal - o lugar onde escolhemos viver, 15 anos atrás, e de onde ainda não pretendemos sair.


quinta-feira, abril 21, 2011

uma entrevista

Esta foto minha diante de um cappucino no café da Livraria da Travessa, em Ipanema, foi feita em dezembro do ano passado, durante uma entrevista que dei ao escritor e jornalista alemão Marc Fischer. Ele estava escrevendo um livro sobre bossa-nova e queria ouvir algumas pessoas ligadas ao gênero. Na verdade, a ideia era um livro sobre João Gilberto, mas já que este era e é impossível de entrevistar, Marc optou por fazer o que Gay Talese fez com Sinatra: foi pelas beiradas, falando com o entorno, ao invés de falar com o sujeito principal da história que queria contar.

Foi uma ótima conversa, como geralmente acontece quando o repórter conhece o assunto do qual está falando. Isso muitas vezes não rola por aqui, onde os jovens repórteres de vez em quando esquecem de fazer o dever de casa, e sequer procuram no google informações sobre o entrevistado. No caso de Marc, ele era um estudioso do assunto, conhecia tudo, e queria simplesmente o approach pessoal dos entrevistados para o livro que ele poderia perfeitamente ter feito, sem precisar se dar ao trabalho de falar com a gente.

Agora fico sabendo pela minha amiga Cristina Ruiz-Kellersman, jornalista brasileira radicada em Berlim, que Marc, infelizmente, escolheu sair da vida antes da hora. O livro que ele escrevia, porém, deve estar sendo lançado neste fim de semana, e recebendo publicidade extra - money makes the world go 'round... - devido à morte repentina do ainda jovem (41 anos) autor.

Lamentei muitíssimo essa partida súbita, ainda mais por ter sido por decisão própria. Quem conhece um pouco que seja da vastidão do mundo espiritual, qualquer que seja o credo, sabe que essa é a pior escolha que se pode fazer. Era um cara legal. Que Deus o abençoe onde estiver.

PS- convido a quem ainda não foi lá, a visitar meu outro blog, 'Avec Élégance' (www.3avec-elegance.blogspot.com), que faço com mais duas amigas. O canal dos comentários, que estava com problemas, finalmente funciona.


terça-feira, abril 12, 2011

e a vida continua

Aqui vai a lista das músicas que gravei para o novo CD, de voz e violão, que vai se chamar "RIO":

ADEUS AMÉRICA (Geraldo Jaques/ Haroldo Barbosa)

O MAR (trecho da Sinfonia do Rio de Janeiro) - (Tom Jobim/ Billy Blanco)

MANHÃ NO POSTO 6 - (Armando Cavalcanti)

VELA NO BREU - (Paulinho da Viola/ Sérgio Natureza)

AS MARIPOSA/ COM QUE ROUPA - (Adoniran Barbosa + Noel Rosa - fiz um medley dos dois, um a cara de SP e outro a cara do Rio, ambos nascidos no glorioso - para a música brasileira - ano de 1910)

FEITIO DE ORAÇÃO - (Vadico/ Noel Rosa)

PURO OURO - (música minha, inédita, dedicada a todas as novas gerações de jovens sambistas do Rio)

DESDE QUE O SAMBA É SAMBA - (Caetano Veloso)

VALSA DE UMA CIDADE - (Ismael Neto/ Antonio Maria)

RIO MEU - (minha primeira composição, que eu me lembre, feita aos 14 anos, assim que aprendi a tocar)

VIVA MEU SAMBA - (Billy Blanco)

MASCARADA - (Elton Medeiros/ Zé Keti)

SAMBA DO CARIOCA - (Carlos Lyra/ Vinicius de Moraes)

CIDADE MARAVILHOSA - (André Filho - o hino da nossa cidade, feito, dizem, com uma mãozinha amiga, e jamais creditada, de Noel Rosa na segunda parte...)

O Japão me pediu um bonus track, que ficou sendo a minha 'Tardes Cariocas', somente para a edição de lá. Hoje faremos a mixagem, e estará tudo pronto, depois de masterizado, no final desta semana. Mais um filho na roda!


sexta-feira, abril 08, 2011

o horror

Enquanto eu conversava com Sérgio Cabral, tão querido, num papo dos mais agradáveis, o horror acontecia do outro lado da cidade. Não dá para não parar tudo e falar nisso. Está ficando difícil ser criança no Brasil. Vejam os casos de João Hélio, Isabella, Joanna, os meninos da Candelária, lá atrás no tempo... e agora isto.

A cobertura jornalística fala que a chacina de Realengo 'ganhou' as manchetes dos jornais no exterior, quando o Brasil teve a sua 'primeira carnificina em escola'. Não quero ver meu país 'ganhar' notoriedade alguma por isto, nem ter esse tipo de 'pioneirismo' na minha cidade. Cuidado, por favor, com o que e como se noticia, para não alimentar o mal. Somos do bem, e ainda veremos o bem prevalecer.

Que o filme sobre esta tragédia nunca seja feito.


quinta-feira, abril 07, 2011

os anos 70

Hoje tive o prazer de entrevistar para o nosso 'No Compasso da História' meu velho amigo Sérgio Cabral, grande jornalista, compositor bissexto, biógrafo excelente e, mais recentemente, autor de musicais de sucesso, como 'Sassaricando' e 'É Com Esse Que Eu Vou'. No momento, vivendo a esdrúxula situação de ser pai de governador, o que certamente é um perrengue na vida de quem sempre viveu com a maior liberdade. Principalmente se o filho está à frente de uma política como a das UPPs...

(Somos amigos há tantos anos que, segundo Sérgio, eu não vou lembrar quantos, porque ainda não era nascida... E vejam atrás de nós o lindo quadro de Lan, com Vinicius, Pixinguinha e Ciro Monteiro se encontrando no céu...)

Na nossa conversa, histórias deliciosas sobre a criação d'O Pasquim, jornal que foi ícone da oposição à ditadura militar nos anos 1970, e outras nem tão deliciosas assim, como a prisão de todo este time de jornalistas durante dois meses - por conta de uma charge onde D. Pedro I aparecia na clássica pose de 'Independência ou Morte', só que gritando 'Eu Quero Mocotó!' - e lembranças da censura às artes, especialmente à música, naquele período.

Muito bom poder ouvir quem viveu essa época contar tantas histórias, e de um jeito tão leve. Salve o nosso Sérgio!

PS- fotos de Alberto Jacob Filho


terça-feira, abril 05, 2011

violão!


"Eu tenho um companheiro inseparááável... na voz do meu plangente violão", dizia a modinha cantada por Francisco Alves. Meu violão não é nada plangente - aliás meus violões, porque são vários (mais do que eu preciso, na verdade, mas volta e meia ganho um de algum fabricante, de modo que vou testando e muitas vezes distribuindo por aí os que tenho). Enfim, são companheiros inseparáveis, sim, sem eles minha música não seria o que é. Eu sou um músico(a?), sustentado(a?) por uma cantora e compositora, que também sou eu.

Enfim, no próximo fim de semana posso bater meu próprio recorde e gravar um CD em 2 dias. 'Slow Music', por exemplo, foi gravado em 3, assim como 'Astronauta'. Mas estes tinham outros músicos tocando. Desta vez, serei só eu, de violão e voz. Então, normalmente, deve ir um pouco mais rápido.

Quando gravei meu CD com Toninho Horta, 'Sem Você', precisamos de apenas uma noite, e era apenas a minha voz e o violão dele. Mas foi quase uma jam session entre dois músicos que se conhecem bastante bem. Acho que já me conheço o suficiente para me permitir gravar este novo CD em dois dias... Vamos ver.

Ainda estou numa fase de escolha de Sofia, vendo o que fica e o que vai sair, pois tem coisa - e tudo coisa boa - demais. Detalhes de repertório na próxima semana, quando tudo já estiver terminado, e, por supuesto, decidido.

PS- não será um disco autoral, e sim um apanhado de canções que têm ligação sentimental comigo e com minha cidade...


domingo, abril 03, 2011

album de fotos 2

Mesão em Berlim, com nossos amigos Céline e Ruddiger... O show, na noite seguinte, seria sensacional!

Passagem de som no Ronnie Scott's, em Londres...

Idem...

O achados-e-perdidos do aeroporto de Catania, onde passamos horas de certo desespero, com as bagagens desaparecidas. Foi uma aula de paciência e bom-humor para todos nós.

E aqui vai mais um registro de YouTube que algum maluco botou na internet, desta vez no Teatro La Nuova Fenice, em Osimo (Ancona):
http://www.youtube.com/watch?v=7LdFaVy_NU0


album de fotos

Patinhos no lago de Zurich...

Casal no lago (um raro momentinho de folga)...

Chá de menta no Hiltl (desde 1898!)

... que é um local children-friendly... As crianças podem escrever e desenhar no vidro que dá para a cozinha...

A fachada do Hiltl... Descobri que a matriarca da família proprietária do Celeiro, restaurante que frequentamos aqui no Rio, também é fã do Hiltl e frequenta sempre que pode...